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Centro de Itália em ruínas após terremoto

O balanço, feito pelo primeiro-ministro Matteo Renzi ao fim da tarde de quarta-feira, era provisório. "Há pelo menos 120 vidas destruídas e não é um balanço definitivo", referiu o chefe do governo italiano em Rieti, próximo do epicentro do terremoto, que visitou antes da conferência de imprensa. Perto das 23h00 o número agravava-se: 159 corpos recuperados, anunciou a Proteção Civil italiana às 22h40.

O abalo terá feito também cerca de 368 feridos. Entre as vítimas estarão muitas crianças, receiam as autoridades italianas. 

É o terramoto mais grave desde o de Áquila em 2009.
 
“A Itália é hoje uma família ferida mas que não se detém”, afirmou Renzi. "Ninguém ficará só", prometeu.

Uma avó salvou os dois netos empurrando-os para baixo da cama. Outra, chorava e gritava contra Deus, depois de perder dois netos, um deles de oito meses, juntamente com os pais deles.
 
Quase 500 membros de equipes de salvamento auxiliados por voluntários vindos de toda a Itália - incluindo alguns bombeiros da corporação do Vaticano, enviados pelo Papa Francisco - trabalharam desde as primeiras horas para retirar corpos dos escombros.
 
Pedindo silêncio para poder ouvir os apelos de quem ficou soterrado e sobreviveu. Escavando muitas vezes de mãos nuas.
 
Uma menina foi salva ao fim de 17 horas. Depois de cair de novo a noite, os socorristas escavam à luz de lanternas. Ninguém irá dormir.
 
Stefano Petrucci, presidente da Câmara de Accumoli, disse que 2,500 pessoas estão sem teto numa comunidade de 17 localidades.
 
Poderão ser alojadas noutras cidades do centro de Itália mas a maioria ficará em tendas que estão sendo enviadas para os locais. Pescara del Tronto também ficou em ruínas.
 
Centenas de pessoas deverão passar a noite na rua, enquanto prosseguem os trabalhos de salvamento, dificultados pelos cortes de eletricidade e de água. 

As estradas foram danificadas e só com helicópteros ou a pé é possível socorrer algumas localidades.

Ao fim do dia o maior número de mortos, mais de 50, registava-se em Amatrice, que praticamente desapareceu do mapa. “Três quartos da cidade já não existem" dizia o Presidente da Câmara, Sergio Pirozzi. "Agora tentamos salvar tantas vidas quantas seja possível."

"Há vozes sob os escombros, temos de salvar as pessoas ali".

A maioria das vítimas dormia em suas casas quando a terra tremeu. 

Eram 3h36 na Itália desta quarta-feira, dia 24 de agosto, quando se deu o primeiro grande abalo, de 6,2 na escala de Richter, a escassos quatro quilômetros de profundidade. 

O epicentro foi registado a dois quilômetros de Accumoli, na província de Rieti, e a 10 de Amatrice (Rieti) e de Alquata del Tronto (na província de Ascoli Piceno).
 
As casas de pedra, madeira e tijolo ruíram em segundos, sepultando nos escombros centenas de pessoas.
 
As primeiras buscas realizaram-se à luz de lanterna. O hospital de Amatrice, severamente atingido, foi evacuado e os feridos colocados nas ruas.

Ao primeiro abalo seguiram-se mais de 100 réplicas, mais de metade com magnitude acima de 2. Felizmente apenas cinco superiores a 4, afirmou o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia italiano, INVG. 

Duas, as mais violentas, acima de cinco, deram-se uma hora depois do primeiro sismo: uma às 4h32, com epicentro em Norcia, registou 5,4 na escala de Richter e a seguinte, às 4h33, com magnitude 5,1, teve epicentro de novo em Accumoli.
 
Às 13h51, um novo abalo fez fugir os socorristas das ruínas mais periclitantes.
 
A região do centro de Itália onde se deu a catástrofe é montanhosa e registra grande atividade sísmica. Mas raramente desta magnitude. 

Muitas das vítimas do terremoto eram turistas e visitantes desta zona, considerada uma das mais belas de Itália. Amatrice foi eleita em 2015 como uma das cidades históricas mais bonitas do país. No sábado preparava-se um festival.
 
A grande presença de turistas, muitos não registrados, poderá tornar mais difícil a identificação das vítimas.
 
“Estavam muitos jovens aqui, é época de férias, o festival da cidade deveria ter lugar depois de amanhã, por isso muitas pessoas vieram para isso”, disse à Agência Reuters um habitante, Giancarlo, sentado na estrada apenas de roupa interior.
 
“É terrível, tenho 65 anos e nunca senti nada como isto, pequenos tremores sim mas nada tão grande. Isto é uma catástrofe”, acrescentou.
 
O primeiro-ministro apelou à unidade.
 
“Nós italianos somos muito bons a discutir e a ser polêmicos mas agora unamo-nos em solidariedade e orgulho ao lado daqueles que estão a socorrer outros”, disse Matteo Renzi.
 
“Hoje é um dia para lágrimas. Amanhã podemos falar de reconstrução”.
 
O Papa garantiu o abraço e as orações de toda a Igreja e enviou auxílio. De todo o mundo surgiram ofertas de auxílio. Itália ainda não pediu ajuda. (RTP Notícias)