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A supremacia veneziana na arte da vidraria no Brasil: duas semanas antes do fim

Até o dia 18 próximo ainda é possível visitar, no Museu Casa Brasileira, em São Paulo,  uma  exposição que traz peças representativas da vidraria produzida em Veneza, num panorama transversal das criações que fizeram famosa a Murano do século 20. Com a maestria das formas inovadoras e audazes, a mostra apresenta técnicas particulares de execução e a riqueza da matéria-prima e dos efeitos cromáticos.
 
Evidencia ainda a renovação de formas e de estilo, resultado da contribuição de artistas e designers, que abasteceram de novas idéias as vidrarias de Murano, permitindo um desenvolvimento que as Bienais de Veneza, as Trienais de Milão e Monza e as exposições internacionais consagraram.
 
Trata-se da nova maneira de considerar o vidro, que, ao longo de séculos, teve uma característica puramente utilitária e de produção em série, um material destinado somente à execução de garrafas, copos, luminárias. A arte vidreira, no entanto, conquistou o status de arte decorativa com as novas técnicas utilizadas por Ercole Barovier e outros grandes nomes do design italiano, como Carlo Scarpa, Gae Aulenti, Victorio Zecchin, Angelo Rinaldi, Eros Raffael, Giuseppe Santomaso, Alessandro de Santillana, que transformaram objetos em verdadeiras obras de arte.
 
“Esta coleção, como testemunho da arte do vidro de Murano, não é completa e nem exaustiva de tudo o que se pôde pensar, projetar ou produzir na Veneza do século passado”, explica Giorgio Forni, curador da mostra e diretor da Fundação Sartirana Arte, de Pavia (Itália). “Sem dúvida, é um pequeno panorama transversal de quase setenta anos de trabalho; uma espécie de mostruário, talvez ainda desequilibrado e com lacunas, mas representativo das produções que fizeram famosa a Murano do século 20”.
 
A exposição enfatiza dois aspectos da vidraria veneziana: o tecnológico, absolutamente único, e o propriamente artístico. Mas os maravilhosos objetos presentes na exposição não poderiam existir sem o trabalho paciente dos anônimos Mestres Vidreiros, que preservaram a tradição de altíssima escola, em um trabalho árduo, que requer capacidade e sensibilidade incomuns.
 
Um pouco de história

A supremacia de Veneza em vidraria é muito antiga. Já no século 12 a arte do vidro instalou-se definitivamente em Murano como atividade de manufatura organizada, a qual se havia aperfeiçoado, ao longo dos séculos, graças aos contatos comerciais dos venezianos com os fenícios, os sírios e os egípcios, os quais já possuíam uma antiga tradição na produção de vidros.
 
No entanto, a partir do século 18 os vidros da Boemia e da Europa Central conquistam a primazia. A qualidade do produto veneziano e a excelência executiva eram reconhecidas, mas estas qualidades estavam bloqueadas em uma produção histórica e estática nas formas e na criatividade. Somente no final do século 19 e, principalmente no início do século 20, a produção de Murano viverá um novo renascimento. Uma novidade extraordinária graças à qual Veneza se levanta de uma letargia secular, para voltar a ser o centro de produção de grande destaque e para impor ao mundo, especialmente a partir de 1950, suas próprias obras.
 
Desde seis milênios a.C. o homem utiliza um material vítreo natural, a obsidiana, que é uma rocha silícica encontrada em abundância no Mediterrâneo, em particular nas ilhas Eólias e Pontinas, em Pantelleria e na Sardenha, para extrair objetos cortantes e resistentes. Foram necessários vários milênios antes que se produzissem objetos em vidro não apenas para as necessidades cotidianas, mas também para adorno.
 
Exposição: Um Mar de Vidros – Murano 1915/2000 Visitação: até 18 de novembro, de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas

Museu da Casa Brasileira – Avenida Faria Lima, 2.705 – Jardim Paulistano – capital
Telefone (11) 3032-3727
Ingresso: R$ 4 (estudantes: R$ 2). Aos domingos, entrada gratuita
Visitas monitoradas: telefone (11) 3032-2564 – e-mail agendamentomcb@terra.com.br