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Talian pode tornar-se idioma oficial de Antônio Prado (RS)

 Guerreiro

A presidente do Legislativo gaúcho, deputada Silvana Covatti (PP), recebeu, na manhã desta quarta-feira (8), o historiador Fernando Roveda e o diretor do Grupo Solaris de Comunicação, Laureano Fortuna, representantes do município de Antônio Prado. Na oportunidade a presidente recebeu publicações sobre o idioma Talian e o documentário “Brasil Talian”.

Desde 10 de junho de 2009 o dialeto Talian é reconhecido como patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul, por projeto de lei proposto pela própria deputada Silvana Covatti. “O Talian está ligado às origens da formação étnica do Rio Grande do Sul. Esse dialeto é falado por cerca de um milhão de pessoas no Brasil, sendo considerada uma língua neolatina formada no Brasil. Preservamos nossa história valorizando o dialeto”, destacou a parlamentar.

O historiador Antônio Roveda também relatou que foi apresentado na Câmara de Vereadores um projeto que oficializa o Talian como idioma oficial de Antônio Prado, possibilitando que ele seja trabalhado na rede de ensino.

Durante a audiência também foi entregue, a pedido do prefeito de Ipê, Valério Ernesto Marcon, um convite para inaugurações de obras no município.

Talian

Falada desde que os italianos começaram a chegar ao país, o dialeto Talian – uma mistura entre italiano e português – foi decretado patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul em 2009, pela Lei nº 13.178, de autoria da deputada Silvana Covatti. Para somar a esta conquista e auxiliar no processo contra a extinção do dialeto, no dia 18 de novembro de 2014, foi expedido um certificado pelo Ministério da Cultura, que passa a reconhecer o Talian como a primeira língua de imigração do Patrimônio Histórico Cultural Imaterial do País, além de inseri-lo no Livro de Registro das Línguas Brasileiras.

O Talian representa a permanência da cultura e a reconstrução da história dos imigrantes vindos do Norte da Itália. O dialeto, que é falado atualmente por mais de um milhão de pessoas no Brasil, agora é considerado uma língua neolatina, com direito a figurar ao lado das clássicas italiana, francesa, espanhola e portuguesa. Também é importante destacar que a relevância do Talian está fundamentada nas contribuições dos imigrantes e seus descendentes para a cultura, a arquitetura, a agricultura, a economia e diversas outras áreas que estruturam as comunidades gaúchas e que são fundamentais para o pleno desenvolvimento do Estado.

Um belo exemplo de município de colonização predominantemente italiana, que tem lutado pelo reconhecimento do dialeto, é Serafina Corrêa, também no Rio Grande do Sul, onde o Talian é língua co-oficial e recebe incentivos permanentes para sua difusão. Em lugares como esse, a titulação do Talian como idioma brasileiro abrirá precedente para que se reformule um programa de ensino às séries escolares iniciais.

Segundo pesquisa da Universidade de Caxias do Sul (UCS), instituição considerada peça fundamental na luta pelo Talian, o idioma é falado por avós, tios e pais, mas muito pouco por filhos e netos, pois é tachado como um “dialeto de colono”. Um grande erro, diante da imensa diversidade do idioma brasileiro, comprovado pelo estudo da Unesco que mostra, em todo o país, 210 idiomas minoritários falados, sendo 70 deles estabelecidos por imigrantes.

Neste sentido, é imperioso salientar que o Talian já possui centenas de publicações literárias e didáticas, tais como cartilhas, dicionários e livros de gramática, e é definido pelos estudiosos como uma língua formada no Brasil. No entanto, a pesquisa realizada em 2009 pela UCS apontou que a perda linguística do Talian, de uma geração para outra, pode chegar a 36% — uma queda significativa se comparada ao fim da década de 1980, quando demonstrou perda inferior a 1%. Esse belo patrimônio precisa e deve ser resgatado, como uma forma de propagar os costumes e tradições desses colonizadores que tanto agregaram ao Rio Grande do Sul. (Fonte: Agência ALRS)