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A Casa de Maria: A descoberta segundo as indicações da Emmerick

3.  A descoberta segundo as indicações da Emmerick

Na manhã seguinte, quarta-feira, 29 de julho, nenhum se levantou cedo e, igualmente, nenhum colocou objeções quando foi proposto que, desta vez, seguiriam as indicações de Emmerick. Depois de padre Jung ter transmitido a Mustafá indicações para adquirir mantimentos, e depois de tê-los enviados na frente, até um pequeno café aos pés da Colina dos Rouxinóis, movem-se todos, com os membros doloridos, seguindo em direção ao sul a velha estrada para Jerusalém, até quando girava em torno da fronteira oriental de Éfeso, onde deixaram a estrada e procuraram uma viela que subisse pela montanha. Passou mais de uma hora antes de conseguirem encontrar uma transitável, e naquele ponto o sol já estava alto no céu. Espetados pelos arbustos que sufocavam o estreito caminho e ensopados do suor que colava as roupas à pele, subiram pela montanha lentamente, interrompendo, muito freqüentemente, para tomar um fôlego e beber água das garrafas. Quando a água foi esgotada, Pelecas se deixou cair em terra e declarou que seria melhor morrer a seguir, ainda, em frente. Somente com considerável dificuldade os outros da comitiva conseguiram convencê-lo a levantar-se e continuar.

Logo atingiram um platô, onde algumas mulheres estavam trabalhando em uma plantação de fumo. Pelecas imediatamente começou a gritar: “Neró!” (“água”, em grego). As mulheres disseram não possuir água, mas que havia uma nascente, exatamente, sobre o cume da montanha, “próximo ao monastério”. Em menos de quinze minutos padre Jung e seu bando sedento encontraram a nascente e “o monastério”, que não era muito mais do que um amontoado de escombros, circundado por rústicas choupanas de várias formas e medidas. Estranhamente, aquelas frágeis estruturas pareciam desabitadas. Porém, depois de os recém chegados se refrescaram na nascente, começaram aparecer algumas pessoas a darem tímidas boas-vindas.

Na primeira fila, entre eles, estavam Andreas e Yorgy, que se mostraram muito cordiais, uma vez apurado que os recém chegados não eram funcionários do governo. Andreas, imediatamente, se dispôs a ir buscar alguma coisa para comer, enquanto Yorgy conversava, amigavelmente, com Pelecas. Mustafá tomou emprestado um cavalo a fim de ir pegar os mantimentos que, pela manhã, havia deixado em baixo. Enquanto isso, padre Jung começou a investigar entre as modestas ruínas que se encontravam ao centro do lugar. Depois de ter remexido entre as pedras, inesperadamente deu-se conta que a configuração das ruínas correspondia, quase exatamente, à descrição de Anna Katharina Emmerick a respeito da casa de Maria. Talvez, sem perceberem, tivessem se deparado com o objeto de sua pesquisa? Padre Jung pergunta a Yorgy se, um pouco mais acima, era possível visualizar Éfeso ou o mar. Yorgy responde que sim, que Bülbül Dagi era o único lugar de onde se poderia enxergar a ambos, e se oferece para lhes mostrar. Padre Vervault e Tomás, dando-se conta do significado disto tudo, voluntariamente, se uniram a padre Jung e a Yorgy na breve subida. Quando atingem o cume, ali abaixo deles, ao norte, se estendia a planície de Éfeso e, a oeste, se levantava a montanhosa ilha de Samo, exatamente como irmã Emmerick havia dito.

No caminho de retorno, padre Jung pergunta a Yorgy se nas vizinhanças existiam tumbas. “Seguramente – responde Yorgy –, tumbas muito antigas”. Padre Jung lhe pergunta se, por acaso, sabia onde se encontrava a tumba da Virgem Maria. Yorgy responde que não, mas que poderia fazê-lo ver a tumba de Maria Madalena, visto que todos conheciam onde ela se encontrava. Pode-se imaginar que, ao ouvir essas coisas, o austero padre Jung se permitisse, ao menos, um aceno de sorriso...

Pouco depois do retorno deles à base, onde Pelecas, ainda, repousava de suas fadigas matutinas, apareceu Andreas com uma grande perna de javali, que foi imediatamente posta ao fogo. Em seguida, Mustafá chegou com os mantimentos e, assim, o piquenique se transformou em um banquete. Enquanto estavam sentados no chão, sob um plátano, Andreas explicava que ele mesmo havia construído todas as barracas de lenha vistas no entorno. Uma era habitada por ele e pela sua família, somente, durante a estação do cultivo do fumo: não longe dali, ele alugara um campo de fumo. Outra cabana era para Yorgy, o seu ajudante. As outras barracas maiores serviam para armazenar as colheitas, guardar os utensílios agrícolas e os estoques, bem como, no inverno, alojar os animais. A sua verdadeira casa se encontrava em Kirinca, a cerca de cinco horas de caminhada pela montanha, onde os seus antepassados cristãos haviam se refugiado, na época da invasão dos Turcos Selgiuquides, muitos séculos atrás.

Depois do almoço, Andreas estendeu alguns colchões de palha e os colocou de baixo das árvores, de modo que todos pudessem fazer a sesta, longe do calor vespertino.  Às 17h30, padre Jung anunciou para o seu grupo que era chegada a hora de partir. Andreas ofereceu seus serviços pessoais como guia e os de seu burro, como animal de carga para qualquer exploração adicional que eles pudessem prever: uma oferta aceita com gratidão. Ele ainda mostrou-lhes uma estradinha melhor para descer a montanha, a qual acompanhava o muro de Lisimaco até Ayasoluk. 

Não há modo de saber qual espécie de pensamento passou pela cabeça exigente, de “verdadeiro cientista”, do padre Jung, naquela tarde, enquanto desciam pela primeira vez a extensão da Colina dos Rouxinóis, entretanto, um indício iluminado pode ser encontrado no diário escrito por Benjamin Vervault. Este recorda que, em certo ponto da descida, viram um lobo, encima do topo de uma pedra, prestar grande atenção a um rebanho de cabras, mais abaixo. Inesperadamente e de forma imprevisível, padre Young embraçou o fuzil e disparou em direção ao lobo. Em seguida, tanto ele quanto o lobo, continuaram a fazer o que faziam antes, como se nada tivesse acontecido. 

[continua...]

9 - A Casa de Maria: Outra descoberta: uma “Via Crucis”

Donald Carrol, A CASA DE MARIA. Uma história maravilhosa: Como foi descoberta em Efeso a casa da Virgem Maria.

Tradução do italiano
Cláudia Rejane Turelli do Carmo

La Casa di Maria - Una storia meravigliosa: come fu scoperta a Efeso l'abitazione della Vergine Maria

Edição italiana
Edizioni San Paolo s.r.l, 2008
www.edizionisanpaolo.it 

Tradução do inglês
Paolo Pellizzari
ISBN 978-88-215-6227-3

Título original da obra:
MARY’S HOUSE. The straordinary story behind the Discovery of the house where the Virgen Mary lived and died.
Primeira publicação na Grã-Bretanha por Veritas Book, em 2000.