UIL

Argentina: FMI teme plano de permuta, diz jornal italiano

O mais importante jornal econômico italiano, Il Sole 24 Ore, em um artigo assinado por Alessandro Merli, afirma que permanecem os temores do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a oferta de permuta dos bônus em default do Estado argentino.

"A palavra agora é dos mercados. A partir da próxima sexta-feira caberá aos investidores decidir se aceitam a oferta de permuta da Argentina sobre os títulos da dívida, em default desde dezembro de 2001", afirma o jornal econômico. "Esta oferta continua inaceitável para as maiores organizações de credores, a começar pelo Global Committee of Argentina Bondholders (que inclui a Força Tarefa Argentina, presidida pelo banqueiro Nicola Stock, que representa mais de 450 mil economistas italianos)".

"Quantos credores de fato aceitarão a proposta de Buenos Aires ainda é difícil prever, apesar do próprio governo argentino parecer preparado para uma porcentagem menor do que a conseguida no passado por operações análogas de reestruturação e de quanto desejaria o FMI. Se a porcentagem dos 'sim' for abaixo de 50%, se abriria na Argentina um cenário repleto de incógnitas", afirma Merli.

O FMI e o G7, responsáveis por boa parte das orientações, por enquanto mantém silêncio, já que Buenos Aires interrompeu a negociação com o FMI sobre a revisão do programa econômico, privilegiando primeiro uma solução da dívida privada, afirma Il Sole 24 Ore.

"No FMI há preocupação, a nível privado. A Argentina obteve bons resultados no campo macroeconômico, conduzindo uma política fiscal e monetária de acordo com a que teria sido indicada pelo FMI, mas muitas das reformas estruturais que fazem parte dos compromissos assumidos, cruciais para garantir um crescimento sustentado no médio prazo, ainda estão em alto-mar", comenta o jornal econômico.

"Os investidores se perguntarão se é o caso de confiar em um governo que não tem um programa com o selo do FMI e portanto sem garantia de um acordo com a comunidade internacional", escreve o jornal.

"Nos mercados internacionais vários especialistas da América Latina consideram que a oferta deveria ter incluído termos mais generosos em relação aos credores, embora muito abaixo do que os próprios investidores esperavam, principalmente os privados", conclui Alessandro Merli.