UIL

A diva italiana rendeu-se: vai aparecer como veio ao mundo

O assunto não está apenas provocando frisson e debate entre as “comadres” da mídia, especializadas na vida pessoal dos famosos. Caiu como uma bomba nos mais diferentes setores da sociedade, suscitando debates, análises e conjecturas. Afinal, pela primeira vez, em sua longa, exitosa e consagrada carreira de atriz de cinema, a diva italiana  Sophia Loren, que completará 72 anos em setembro próximo, deverá posar nua, embora nas telas já tenha ficado com pouca roupa, alimentando os devaneios de voyeurs de todo o mundo.

A estréia do mito, segundo alguns tardia, será na edição do próximo ano do famoso calendário Pirelli, ungido como uma obra do nu como arte nas rodas mais concorridas do jet set internacional - o último lançamento foi em Paris, com uma tiragem limitada e destinada a apenas alguns iniciados. Quer dizer, está muito além de ser apenas decoração das paredes das borracharias e oficinas, como ocorre no Brasil, provocando discretos, mas irresistíveis, olhares dos frequentadores.

Um longo e difícil caminho até o estrelato

Algumas pessoas acreditam em predestinação. Outras atribuem tudo à lógica, à razão, ou seja, as coisas acontecem em função de uma ação efetiva, de um intenso trabalho. A história da atriz italiana Sophia Loren pode ser considerada como um exemplo de quando essas duas circunstâncias se embaralham, se misturam. De uma infância atribulada, imersa em sofrimento, ao estrelato. Essa frase pode resumir a trajetória dessa italiana que teve o mundo aos seus pés.

Na verdade, Sofia (nome original) tinha tudo para ser apenas mais uma mulher que passaria a vida, ou o pouco tempo a ela concedido, em meio a todo o tipo de sacrifício.  Seria uma entre milhões de  sobreviventes apenas. Talvez até menos.

Senão vejamos: a história começa no dia 20 de setembro de 1934, quando na clínica Regina Margherita, em Roma, Romilda Villani dá à luz a uma menina, a quem deu o nome de Sofia. O pai, Ricardo Scicolone, a muito custo confirmou seu relacionamento com Romilda. Mas sem apoiá-la em nada. Romilda foi obrigada a cuidar  sozinha de Sofia. Isso, porém, seria apenas o começo.

Pouco tempo depois do nascimento da filha, Romilda tomou, inadvertidamente, uma medicação que provocou a interrupção da lactação. Sofia tomou leite de vaca até contrair uma alergia. Como não se alimentava, sugeriram a Romilda que deixasse a filha morrer, pois ninguém a responsabilizaria. Afinal, Sofia estava "em pele e osso". Mesmo com a filha à beira da morte, Romilda não desistiu, deixou Roma,  retornando para a sua casa, em Pozzuoli, cidade próxima a Napoli.

Determinação, beleza e competência tornaram Sophia mundialmente famosa. Foto: Sophialoren.comApesar de passar sérias dificuldades financeiras, a avó de Sofia, Luisa, contratou uma enfermeira para cuidar da neta. Nesse meio tempo, o pai, Ricardo, recusou-se a assinar o documento de paternidade, para escapar definitivamente de ajudar a sustentá-la. A partir daí, já em idade escolar, Sofia começou a vivenciar outra espécie de dor. Como não tinha um pai legítimo, era alvo de chacotas dos seus colegas de escola. Tratavam-na com discriminição explícita.

Para evitar que sua irmã Maria passasse pelo mesmo constrangimento, mais tarde Sofia pagou ao "pai" mais de milhão de liras para ele assinar assumindo ser o genitor dela. O dinheiro Sofia havia conseguido pelo seu primeiro trabalho. Ela deixou de lado as próprias necessidades para evitar que a irmã fosse vítima das mesmas agruras pelas quais tinha passado. Sem hesitar, deu o seu primeiro cheque ao pai.

Engana-se quem pensa que as vicissitudes de Sofia estavam apenas relacionadas à sua saúde, à sua sobrevivência e ao não-reconhecimento paterno. Sua infância ainda seria marcada pelos horrores da II Guerra Mundial. Pozzuoli tinha um porto, alvo freqüente de bombardeios. Em sua biografia, esse é um dos episódios mais marcantes, mais ressaltados.

Com seis anos de idade, o medo a consumia quando o zunido das bombas se fazia ouvir. A população da cidade, todas as noites, procurava algum abrigo mais seguro que suas residências. Sofia e a família refugiavam-se em um túnel de uma ferrovia. Em uma ocasião, na correria, feriu-se no queixo, com um objeto afiado.

Após resistirem a meses de bombardeio, os moradores de Pozzuoli foram forçados a sair da cidade. Sem nenhum lugar para ir, a família de Sofia foi para Napoli, onde conseguiram abrigo após muito implorarem para alguns parentes distantes. Alí, Sofia presenciaria mais horrores da guerra: seus olhos de criança transformaram-se em testemunhas dos horrores da guerra. Presenciou assassinatos de cidadãos inocentes, viu jovens obrigados a lutar em favor do exército alemão.

Após a guerra, Sofia e a família retornaram a Pozzuoli. Começava, então, outra etapa importante de sua vida. Uma noite, Sofia foi a um night club, onde ocorria a escolha da Senhorita Roma. Sua visão paralisou os olhos dos juízes da competição e do produtor de cinema Carlo Ponti, que a convidou a entra. Não só entrou como competiu, tirando o segundo lugar. Mas, o mais importante: ganhou um teste de tela de Carlo Ponti, que já tinha o crédito de ter lançado várias atrizes como Alida Valli e Gina Lollobrigida.

A partir daí, foi sucesso atrás de sucesso, tendo sido a primeira atriz não americana a ganhar um Oscar.