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Festival de Cinema Restaurado em Bologna

Por Ernesto Perez

Uma cópia de época de "2001: Odisséia no espaço" de Stanley Kubrick, em uma tela gingante do dois metros e meio de largura na Praça Maior de Bologna, foi apresentada no 18º Festival do Cinema de Restauração,dedicado ao cinema que se restaura no mundo todo.

O festival, organizado pela Cinemateca de Bologna, cujo laboratório "A imagem restaurada" é pioneiro no campo da restauração de filmes de todas as épocas e todos os formatos, atrai as Cinematecas do mundo que apresentam as últimas restaurações de seus arquivos com cópias que não tem nada que invejar as originais.

No caso de "2001" é quase uma exceção, já que se preferiu exibir uma cópia de época, com as cores um pouco lavadas, mas que tem a qualidade de ser uma das poucas existentes no mundo que foram controladas pelo próprio Kubrick.

Kubrick, de fato, seguiu sempre passo a passo a exibição de seus filmes nos principais mercados do mundo, desde a dublagem e o titulo até o traje da última cópia.

O filme faz parte de uma sessão dedicada aos granes formatos com os quais a industria cinematográfica tratou de fazer frente a crescente competição da TV nas décadas de 50 a 70.

Títulos que já entraram na história do cinema como "Vértigo" e "Nas mãos do destino" de Alfred Hitchcock, "Duelo de Titãs" de John Sturges, "Os dez mandamentos" de Cecil B. De Mille serão exibidos em cópias novas no cinema "Arlecchino" onde serão exibidos em Bologna os primeiros filmes em CinemaScope.

O australiano Peter Weir, por sua vez, confessou o segredo que lhe permitiu conservar sua integridade de cineasta e sua independência com relação a grande industria de Hollywood.

"Tenho absoluta fé no que faço e nunca me excedo em meus limites ao enfrentar cada projeto" declara o autor de filmes que entraram na história como "A última onda", "Picnic at Hanging Rock", "Testigo" e "The Year of Living Dangerously".

"Além do mais os produtores sabem que se não gostarem do que faço não têm mais que me chamar porque em não sou capaz de obedecer a ordens na hora de realizar cada um de meus projetos" declara Weir.

Para o cineasta australiano, a maior invenção do cinema, não são os efeitos especiais ou de som mas sim o velho e sempre atual primeiro plano.

"Há poucos dias vi Vulcão" e fiquei apaixonado de um primeiro plano de Anna Magnani, declara Weir, e acredito que a melhor qualidade do cinema é precisamente sua capacidade de colocar rostos magníficos em primeiro plano em uma grande tela. Todo os demais são truques".