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O Processo de Bolonha e o Instituto de Estudos Europeus no Brasil

Os debates em torno das profundas reformas desencadeadas no sistema de ensino superior europeu a partir da Declaração de Bolonha, assinada por 29 países em 1999, atraíram especialistas e leigos para o simpósio sobre o tema realizado nesta quinta-feira (25), no Centro de Convenções da Unicamp. O evento organizado pelo Centro de Estudos Avançados (CEAv), em conjunto com as Pró-Reitorias de Graduação (PRG), Pós-Graduação (PRPG) e Pesquisa (PRP), e a Coordenadoria de Relações Internacionais (Cori), tem como intuito viabilizar e incrementar o intercâmbio entre as universidades brasileiras e européias.

Endossando a expectativa de uma grande intensificação desta cooperação, autoridades presentes ao simpósio confirmaram a formação de um consórcio com o Instituto de Estudos Europeus, que vai reunir as três universidades públicas paulistas (USP, Unicamp e Unesp) e mais quatro instituições. “É um instituto inédito, que se tornará realidade na segunda-feira [29], com uma cerimônia de assinatura na USP. São sete universidades representativas de todas as áreas de conhecimento no país, em condições de propor um projeto unificado e consistente de interação com o Processo de Bolonha”, afirmou o professor Edgar Salvadori De Decca, coordenador geral da Unicamp.

O consórcio vai receber um bom montante de recursos nos próximos três anos, principalmente para promover a mobilidade entre pesquisadores europeus e brasileiros, mas também para projetos e eventos conjuntos. Segundo o professor Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de Pesquisa, trata-se de mais um canal para estabelecer vínculos de ensino, pesquisa e extensão com o velho continente. “Existe um esforço para compreender as implicações que o processo de Bolonha traz à formatação das atividades nas universidades latino-americanas. Algumas instituições já implantadas em nosso país, em alguma medida, consideraram o modelo europeu”.

O professor Marcelo Knobel, pró-reitor de Graduação, ressaltou que o programa do simpósio “O Processo de Bolonha – A reforma do ensino superior europeu” foi elaborado cuidadosamente, a fim de atingir tanto os conhecedores do tema como os leigos. Para Pedro Paulo Funari, coordenador do CEAv, o evento serviria também para abordar o problema específico da mobilidade estudantil. “Queremos discutir a possibilidade de congregar os pró-reitores de Graduação e de Pós-Graduação do Estado de São Paulo, visando justamente tornar esta mobilidade possível”.

Para o professor Euclides de Mesquita Neto, pró-reitor de Pós-Graduação, a proposta do seminário é entender o que está ocorrendo neste longo processo de modificação do sistema educacional na Europa e, com isso, buscar o que seria importante para o sistema brasileiro. “É um processo ainda em curso, mas já bastante consolidado em algumas áreas. Como uma das metas desta administração é ampliar a mobilidade internacional dos quadros discente e docente, é importante compreender os mecanismos criados e os conceitos que estão vigendo nas universidades europeias”.

A primeira palestra do dia foi concedida pela professora Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira, da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, que apresentou um “Histórico e contextualização da reforma”. Coube ao professor Thierry Valentin, diretor do Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica (CenDoTec), mostrar “Um panorama atual do processo”. Adriana Lago de Carvalho, da Universidade do Minho (Portugal), falou sobre “O sistema europeu de transferência e acúmulo de créditos”, enquanto o professor Luiz Bevilacqua, da UFRJ, explicou “O modelo da Universidade Federal do ABC”.

Em duas mesas-redondas, compostas por pró-reitores da Unicamp e de outras instituições paulistas, o debate foi sobre “As universidades brasileiras e o Processo de Bolonha sob o ponto de vista da Graduação, da Pós-Graduação e da Pesquisa”.