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Europeus cada vez mais pesados: PE adota medidas para combater obesidade

Preocupado com os problemas de saúde pública decorrentes de uma Europa cada vez mais pesada e obesa, o Parlamento Europeu adotou, na semana passada, um relatório de iniciativa sobre prevenção do excesso de peso, da obesidade e das doenças crónicas. Regimes alimentares saudáveis e actividade física são as soluções propostas pelo PE, que felicita o empenho da Comissão Européia na matéria e incita a UE e todos os Estados-Membros a encararem este problema como uma prioridade européia.

Os europeus estão cada vez mais pesados e, em alguns países da UE, metade dos adultos tem excesso de peso e um quinto das crianças sofre de obesidade. As doenças cardiovasculares representam cerca de metade da mortalidade total da UE, estando um terço destas mortes relacionadas com a falta de qualidade dos regimes alimentares. Ainda que, em última análise, a escolha do regime alimentar seja da responsabilidade dos consumidores individuais, é possível encorajar, tornar mais fácil e acessível o acesso a dietas equilibradas e ao exercício físico.
 
Números assustadores

Dirigindo-se ao plenário na semana passada, a eurodeputada belga Frédérique Ries (Grupo da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa), autora do relatório aprovado, relembrou que "em 2000, a Organização Mundial de Saúde declarou a obesidade como o principal problema de saúde do Ocidente. Os números na Europa são alarmantes: 27% dos homens, 38% das mulheres e quase 5 milhões de crianças sofrem de obesidade, com cerca de 300.000 a 400.000 novos casos por ano. Em média, 6% dos orçamentos nacionais para a saúde são gastos no tratamento de doenças relacionadas com a obesidade."
 
De acordo com Frédérique Ries, para combater a epidemia da obesidade na Europa é necessária uma abordagem global, que inclua educação, regimes alimentares saudáveis e exercício físico desde a primeira infância. Ries apelou a uma melhor coordenação das políticas europeias nesta matéria, designadamente no que se refere a agricultura, investigação e fundos estruturais.
 
10 medidas

Para inverter a tendência verificada de aumento da obesidade, o Parlamento Europeu sugere a adoção de uma série de medidas por parte dos Estados-Membros e da Comissão:

Reconhecer a obesidade como uma doença crónica, para evitar que as pessoas obesas sejam discriminadas ou estigmatizadas;

Identificar oportunidades que apresentem eficácia de custos, de associar os seus serviços de saúde ao sector industrial;

Prevenção e monitorização da obesidade durante toda a existência do indivíduo, desde o período pré-natal até à idade avançada;

Educação em matéria de alimentação e de saúde, fundamental para prevenir o excesso de peso e a obesidade;

As escolas, locais onde as crianças passam a maior parte do seu tempo, devem incentivar regimes alimentares saudáveis;

Garantir que as refeições servidas nas escolas são confeccionadas com produtos frescos;

As escolas devem dispor de instalações suficientes para a prática de desportos e de actividades físicas;

As novas formas de publicidade destinada às crianças, como sejam mensagens de texto por telemóvel, jogos em linha e o patrocínio de parques recreativos não devem promover, junto das crianças, alimentos com elevado teor de gorduras, açúcar e sal;

As campanhas televisivas de publicidade e promoção de alimentos destinados exclusivamente a crianças devem ser geridas à escala da UE através da revisão da Diretiva Televisão sem Fronteiras;

A rotulagem nutricional aposta nos alimentos e bebidas destinados às crianças constitui um passo na direção certa.
 
Rotulagem nutricional

De acordo com estudos realizados, designadamente pela Organização dos Consumidores Europeus, os consumidores têm tendência a confiar mais nos rótulos do que nas tabelas de análise nutricional das embalagens. O que são, afinal, gorduras saturadas? Qual a diferença entre sal e sódio? Um produto é verdadeiramente "light" se contiver um baixo teor de gordura mas um elevado teor de açúcar? Nem sempre é fácil fazer uma escolha verdadeiramente informada.
 
A legislação européia relativa a alegações nos alimentos e rotulagem nutricional deverá ser revista até finais de 2007. Durante o próximo mês de abril, a Comissão Européia deverá apresentar um Livro Branco sobre regimes alimentares e atividade física. As associações de defesa dos consumidores aguardam a simplificação dos sistemas que indicam os níveis de nutrientes através de um elemento interpretativo, uma vez que são os que mais ajudam os consumidores na escolha de opções mais saudáveis.
 
Alegações nos alimentos

O regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo a alegações nutricionais e de saúde nos alimentos, que entrou em vigor em Janeiro de 2007 e que prevê que as alegações se baseiem em dados científicos, deverá permitir ao consumidor beneficiar de informação fiável, não enganosa e coerente sobre as características nutricionais dos produtos alimentares, em particular dos que contêm elevado teor de açúcar, sal e determinadas gorduras