UIL

Representação dos cidadãos italianos no exterior

Comunidade ítalo-brasileira volta a ter um representante na Itália.

Fabio Porta, que por duas vezes foi deputado no Parlamento italiano, eleito pela Circunscrição América do Sul, assumiu, no último dia 12 de janeiro, a sua cadeira no Senado da República da Itália – após a comprovação da fraude eleitoral que favoreceu o então candidato Adriano Cairo (Argentina), nas eleições de 2018. Agora, como senador, ele irá participar das eleições presidenciais na Itália, que terão início na próxima segunda-feira (24). O mandato de Porta irá ocorrer até o final da atual legislatura, que se encerra em fevereiro de 2023.

Fabio Porta é sociólogo, natural de Caltagirone (Sicilia), coordenador do Partito Democratico (PD) na América do Sul. Foi deputado no Parlamento italiano, em duas legislaturas (2008 e 2013), representando os cidadãos italianos residentes na América do Sul. No Brasil, Porta preside o Patronato Ital-UIL Brasil, em São Paulo. Ele é também presidente da Associazione Amicizia Italia-Brasile, sediada em Roma.

Acompanhe a seguir, entrevista de Fabio Porta concedida ao jornalista Nicola Corradi, do jornal La Voce di New York, publicada na última quarta-feira (19).

Após três anos, Senado dá as boas-vindas a Fabio Porta: "Mostrei que as fraudes não vencem"

O senador do Partito Democratico, excluído pela fraude eleitoral de Adriano Cario, voltou ao Palazzo Madama e se prepara para votar no Quirinale.

Por três anos ele foi injustamente afastado do Senado. Vítima de uma enorme fraude eleitoral, demonstrou com fatos que havia vencido as eleições de 4 de março de 2018, na circunscrição eleitoral América do Sul.

Ele e não Adriano Cario, que com milhares de cédulas fraudadas assinadas pelas mesmas mãos conseguiu reverter o resultado. Hoje, depois de um longo processo judicial que parecia tê-lo zombado no final, Fabio Porta venceu e é efetivamente senador da República Italiana.

Senador Porta, como foi o seu ingresso no Senado, depois de tudo o que lhe aconteceu?

"Depois de uma longa e difícil batalha, travada em nome da legalidade e para devolver a dignidade ao voto no exterior, meu retorno ao Senado foi um momento de grande impacto emocional. Eu soube naquele momento que tinha dado uma importante contribuição para restaurar a esperança e a confiança de todos aqueles no mundo que acompanharam minha história, confiando em um resultado positivo. Uma dupla emoção então: pessoal, por estar de volta ao Parlamento e desta vez ao Senado da República, mas também por ter mostrado que é possível derrotar aqueles que pensavam que as eleições poderiam ser ganhas graças à fraude e não honestamente!”.

Por dez anos, de 2008 a 2018, foi deputado. Voltando ao Parlamento depois de quase três anos, você encontrou algo diferente?

"Senti a mesma grande emoção que experimentei quando entrei pela primeira vez na Câmara dos Deputados, com a novidade de me sentar agora no Palazzo Madama, sede do Senado. Encontrando vários colegas que havia deixado em Montecitorio há alguns anos, senti-me imediatamente "em casa", também porque sempre considerei o Parlamento a casa de todos os italianos, com o merecido respeito devido à mais alta instituição democrática do país".

Qual clima se respira, nestes dias que antecedem as eleições para Presidente da República?

“Nestes dias, o pensamento de todos nós e, sobretudo, dos parlamentares que em breve serão os grandes eleitores do próximo Presidente da República, estão voltados para este evento tão importante. Tive a sorte e a honra de votar em dois Presidentes da República (Napolitano e Mattarella) e já sei da grande apreensão que se sente em ser protagonista de um dos momentos mais altos da vida de um parlamentar. Uma grande responsabilidade, que se percebe nessas horas nos contatos com outros colegas, tanto na Câmara quanto no Senado”.

A votação é secreta, mas você pode nos dizer, entre os nomes que estão circulando, em quem você nunca votaria?

"Meu partido, o PD, escolheu sabiamente evitar o "toto-nomi", ou seja, a indicação de nomes antes de se chegar a um método comum para encontrar o próximo presidente e, portanto, a indicação do nome ou nomes que melhor atendessem aos critérios para o cargo mais alto do Estado. Isso vale também em negativo, ou seja, para os nomes que cada um de nós jamais votaria. Desnecessário será dizer que não votaria num candidato divisionista que se identifica apenas com uma parte do mundo político do país e que não tem aquele prestígio internacional e credibilidade institucional para preencher esse papel”.

Você tem a sensação de que pode haver muitos "snipers" no Parlamento?

"Por trás do voto secreto sempre estiveram escondidos os chamados 'snipers', ou seja, aqueles que votaram contra as decisões e indicações dos partidos. Isso é fisiológico, mesmo que quando essa fisiologia se tornou uma patologia, o Parlamento nem sempre deu a melhor demonstração de si mesmo. É por isso que espero um amplo consenso em torno da figura do próximo Presidente, o único verdadeiro antídoto para o festival dos franco-atiradores”.

Se Draghi devesse ir ao Quirinale (sede da Presidência da República), você acha que seria apropriado voltar a votar, ou seria melhor tentar formar um novo governo?

“O presidente Draghi demonstrou à frente do governo o quanto é importante ter um expoente competente, respeitado e reconhecido internacionalmente como líder e elemento de estabilidade para a manutenção do país, em um contingente tão difícil e delicado quanto o marcado pela pandemia. Pessoalmente, acredito que tal recurso deveria ser preservado, se possível à frente do Governo, mas é claro que também teria todas as características para o Quirinale. Quanto às eleições antecipadas, esta é sempre uma eventualidade possível, mas equivaleria a meses de instabilidade política e turbulência; não acredito que a Itália lutando com o ressurgimento da pandemia e as fases muito delicadas e complexas de gestão dos fundos do PNRR (Plano Nacional de Recuperação e Resiliência) possa dar esse passo”.

Por fim, quais são suas previsões sobre o resultado das eleições?

"Espero um grande nome, digno da presidência de Sergio Mattarella. Um presidente de quem todos possamos nos orgulhar, na Itália e no exterior”.

La Voce di New York - di Nicola Corradi