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Medidas antriestressantes para o bom manejo dos vinhedos

A boa fertilização, a aplicação de tratos fitossanitários adequados, a definição de patamares corretos de produtividade por planta - evitando a sobrecarga - e o uso de produtos de controle no momento certo, considerando o estágio de evolução da praga em questão, são medidas antiestressantes que devem ser seguidas no manejo dos vinhedos, no combate à pérola-da-terra.

As recomendações acima são do entomologista e pesquisador do Instituto de Enologia e Viticultura de Stellenbosch, Christian Andreas de Klerk, especialista de renome internacional no combate à pérola-da-terra – um inseto que ataca as raízes da videira e de fruteiras, diminuindo a produção e até causando a morte das plantas.

De Klerk proferiu palestra na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), na última sexta-feira (3), quando falou sobre a prática do controle da pérola-da-terra na África do Sul. Participaram pesquisadores, engenheiros agrônomos, técnicos e estudantes, na conferência que teve entrada franca.

Em sua passagem pela principal zona vitivinícola do país – desde o dia 14 de janeiro até sábado passado (4) –, De Klerk trabalhou com pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho na identificação da pérola-da-terra na região. A pesquisa constatou que na Serra há quatro espécies da praga, das quais somente uma, efetivamente, prejudica o vinhedo, a Eurhizococcus brasiliensis. Na África do Sul, são conhecidas dez espécies, das quais cinco atacam a videira.

Mesmo assim, o pesquisador alertou para o aspecto extremamente destrutivo do inseto, em ambos os casos. Segundo ele, a diferença é que, enquanto na África do Sul são utilizados somente tratos culturais, no Brasil existem dois tipos de produtos, do gênero dos neonicotinóides – ainda bastante caros por serem sintéticos.

O pesquisador da Embrapa Saulo de Jesus Soria explica que o Brasil conseguiu, por intermédio de estudos feitos na própria Embrapa Uva e Vinho, a partir de 2000, encontrar soluções para a situação provocada pela retirada do mercado, em 1998, dos produtos que até então se usava para o combate à praga – da família dos clorados.

“Na África do Sul, estamos ainda por recomeçar”, lamenta de Klerk, assinalando que o estabelecimento de meios para controlar a pérola-da-terra está “muito vinculado à obtenção de fundos para levar adiante atividades de pesquisa e extensão, o que, infelizmente, é um problema mundial”.

A vinda do pesquisador sul-africano ao Brasil foi viabilizada com recursos do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologias Agropecuárias para o Brasil (Prodetab), executado pela Embrapa – vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –, com o apoio do Banco Mundial. Foi a segunda vez em que de Klerk foi palestrante na Embrapa Uva e Vinho: a primeira foi em 1989, quando ele visitou o país por conta própria.