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Carmignola e Barroca de Veneza: a plenitude de Vivaldi

De hoje até quarta-feira (26), os brasileiros, mais especialmente – para não fugir à regra - os paulistas, terão a oportunidade de constatar porque o violinista italiano  Giuliano Carmignola é considerado mundialmente um dos melhores interpretes das composições de Vivaldi. Acompanhado da Orquestra Barroca de Veneza, ele se apresenta  no teatro Cultura Artística, na capital paulista – rua Nestor Pestana, 196, telefone 3258334.

Embora ainda desempenhe o seu talento com violino moderno, desde o final dos anos 80 Carmignola destaca-se pela execução de composições do século XVIII com o arco barroco e às cordas de tripa. A partir daí, as características dinâmicas de Vivaldi se expressaram com maior contundência. Nada mais salutar para um compositor tem tem, como acentua Carmignola, uma música que chega direto ao coração, com adágios que remetem a todas as cores das lagunas de Veneza.

Refinado

Refinado intérprete do violino barroco e do violino moderno,  Giuliano Carmignola tem sido internacionalmente elogiado por seu domínio de vasto repertório, que compreende as grandes obras do Barroco, do Classicismo, do Romantismo e da música século XX. A carreira do violinista teve início com seus êxitos no Concurso Premio Città di Vittorio Veneto, em 1971, e no Concurso Paganini de Gênova, em 1973.

Após destacar-se nesses prestigiosos certames, Giuliano Carmignola rapidamente se firmou como solista de concerto, em colaborações com regentes como Claudio Abbado, Eliahu Inbal, Peter Maag e Giuseppe Sinopoli, que o levaram a apresentar-se com importantes orquestras no Royal Albert Hall de Londres, no Scala de Milão, na Musikverein de Viena, na Berlin Philharmonie e na Sala Tchaikovsky de Moscou, dentre outras prestigiosas salas de música do mundo. Integrante de numerosas turnês do conjunto I Virtuosi di Roma, e responsável pela primeira audição italiana do Concerto para Violino de Dutilleux, há tempos Giuliano Carmignola desenvolve múltiplas atividades como recitalista, solista de concerto e professor, tocando de Vivaldi, Beethoven e Mendelssohn a Debussy, Stravinsky e Schnittke.

Durante a Temporada 2004/2005, o violinista participou da abertura da temporada anual do Walt Disney Music Hall de Los Angeles, deu início a sua colaboração com a Accademia di Musica Antica e apresentou-se em concertos ao lado do conjunto de câmara Les Violons du Roy, sob direção de Bernard Labadie, da Orquestra de Câmara de Lausanne, regência de Ton Koopman, da Niederösterreisches Tonkünstlerorchester e da Orchestra Barocca di Venezia. Da agenda artística de Carmignola ao longo da Temporada 2005/2006 destacam-se colaborações com Claudio Abbado e Christopher Hogwood, apresentações no Barbican Centre de Londres e em Birmingham, concertos como regente, ao piano, com a Mahler Chamber Orchestra e uma terceira turnê no Japão.

Os compromissos recentes e vindouros do violinista incluem: concertos e turnês com Claudio Abbado e a Orquestra Mozart, com a Accademia di Musica Antica e com Andrea Marcon e a Orchestra Barocca di Venezia; recitais e concertos ao lado da violinista Viktoria Mullova; turnê com a Kammerorchester da Basiléia, sob regência de Giovanni Antonini; recitais no Japão, com Yasuyo Yano ao piano, em programa com Sonatas para Violino e Piano de Mozart, Beethoven e Schubert; Concertos com a Royal Scottish National Orchestra; recitais e concertos na Alemanha; e turnê norte-americana, com apresentações no Carnegie Hall de Nova Iorque e no Walt Disney Hall de Los Angeles.

Giuliano Carmignola tem sido também presença assídua nos mais importantes eventos de música do mundo, como os Festivais de Aldeburgh, Ambronay, Bruges, Lucerna, Viena, Bruxelas, Salzburgo, Istambul, o Boston Early Music Festival e o Mostly Mozart Festival do Lincoln Center em Nova Iorque; sua estréia na série Promenade Concerts, no Albert Hall de Londres, em 2002, foi transmitida pela televisão pela BBC.

Giuliano Carmignola é autor de extensa e premiada discografia. Para o selo Sony Classical, o violinista gravou cinco álbuns, quatro deles com a Orchestra Barocca di Venezia: dois CDs com Concertos de Vivaldi jamais registrados antes, outro com As Quatro Estações e uma coletânea de Concertos para Violino de Locatelli; outra gravação para a Sony foi o álbum Sonatas para Violino e Cravo de Bach, com Andrea Marcon. Atualmente, o violinista grava com exclusividade para o selo Deutsche Grammophon, etiqueta pela qual já registrou, com Andrea Marcon e a Orchestra Barocca di Venezia, os álbuns Concerto Veneziano – uma coletânea de concertos de Tartini e Locatelli – e Vivaldi, 5 Violin Concerts, que foi agraciado com os Prêmios Diapason d’Or e o Choc du Monde de la Musique.

Italiano de Treviso, Giuliano Carmignola iniciou e prosseguiu seus estudos com o pai, diplomou-se pelo Conservatório Benedetto Marcello de Veneza, onde trabalhou sob orientação de Luigi Ferro, e participou de master classes de Nathan Milstein, Franco Gulli e Henryk Szeryng. Professor de violino no Conservatório de Veneza por dez anos, em 1999 foi nomeado professor de violino na Hochschule de Lucerna e atualmente ensina na Accademia Musicale Chigiana de Siena.

Orquestra Barroca de Veneza

Constituída em 1997, a Orquestra Barroca de Veneza é um dos principais conjuntos europeus dedicados à execução do repertório barroco em instrumentos de época. Dirigida por seu criador Andrea Marcon, cravista e cultor da música barroca, a Orquestra vem alcançando sucesso de crítica e público com os concertos e as produções líricas que tem apresentado na Europa, nas Américas do Norte e do Sul e no Japão.

Dentre os compromissos da Orquestra Barroca de Veneza na Temporada 2006/2007 destacam-se: participação na primeira produção, em tempos modernos, da ópera L’Olimpiade, de Baldassare Galuppi (1706 – 1785), realizada no Teatro Malibran, em Veneza; turnê de concertos na Espanha e na Áustria (inclusive na Musikverein de Viena), em colaboração com os violinistas Viktoria Mullova e Giuliano Carmignola; turnê de concertos nos Estados Unidos, com apresentações no Carnegie Hall de Nova Iorque, no Walt Disney Hall de Los Angeles e na Biblioteca do Congresso, em Washington; participação em produção de Orfeo, de Monteverdi, em Cremona; apresentações como conjunto convidado nos Festivais de Halle, Schwetzingen, Dortmund, Nürnberg e Ludwigsburg; e, em agosto passado, concertos de encerramento do Festival de Salzsburgo, com duas apresentações do Stabat Mater, de Pergolesi, com Christine Schäfer e Andreas Scholl como solistas. Na Temporada 2007/2008, a agenda internacional do grupo inclui turnês na América do Sul e na Espanha e apresentações com a mezzo-soprano Magdalena Kozená, em uma série de concertos que os levará a importantes salas de música de Paris, Londres, Amsterdã, Roterdã, Frankfurt, Munique e Bruxelas.

Sempre liderada por Andrea Marcon, a Orchestra Barocca di Venezia tem se dedicado, dentre outros projetos, à redescoberta de importantes óperas líricas barrocas, como L’Orione, de Francesco Cavalli (1602 – 1676), e La Morte d’Adone e Il Trionfo della Poesia e della Musica, de Benedetto Marcello (1686 – 1739); em colaboração com o Teatro La Fenice de Veneza, a orquestra pôs em cena e interpretou as óperas Siroe, rei da Pérsia (Haendel), em 2000, e no ano seguinte L’Olimpiade (Cimarosa); em 2004, realizou a estréia norte-americana da versão completa de Siroe, montagem que alcançou grande sucesso na Brooklyn Academy of Music de Nova Iorque.

Ainda em 2004, na primeira apresentação, em tempos modernos, de Andromeda Liberata, no Festival Musical de Veneza, o conjunto tocou uma Serenata Veneziana recentemente atribuída, em parte, a Vivaldi; após essa descoberta, a Orchestra Barocca di Venezia levou Andromeda ao Jordan Hall de Boston, ao Carnegie Hall de Nova Iorque e a prestigiosas salas de música de Roterdã, Utrecht, Amsterdã e Londres. Posteriormente, o conjunto empreendeu turnê norte-americana ao lado de Katia e Marielle Labèque, apresentando concertos para piano de Mozart.

Desde 2003, a Orchestra Barocca di Venezia e Andrea Marcon gravam com exclusividade para o selo Deutsche Grammophon. Sua discografia para essa etiqueta inclui, dentre outros, os seguintes álbuns: Andromeda Liberata (primeira gravação mundial da obra), Concerto Veneziano (coletânea de concertos italianos para violino interpretados por Giuliano Carmignola), Amor Sacro (seleção de motetos de Vivaldi, com a soprano Simone Kermes), Vivaldi, 5 Violin Concertos (com Carmignola) e Haendel Arias (com Magdalena Kozena).

Para o selo Sony Classical, o conjunto gravou As Quatro Estações, dois álbuns com concertos de Vivaldi, um CD com Concertos para Violino de Locatelli e uma coletânea de árias de Bach, com a cantora Angelika Kirchschlager. Por sua discografia, a Orchestra Barocca di Venezia e Andrea Marcon foram agraciados com os Prêmios Diapason d’Or, Choc du Monde de la Musique, Edison, da Holanda, e Echo, da Alemanha. Diversos concertos da Orquestra têm sido filmados pela BBC e pela NHK e transmitidos por RadioFrance, ORF, RaiDue, BBC3, National Public Radio e RadioTre.

Andrea Marcon

O regente Andrea Marcon, organista e cravista, é um dos principais especialistas, cultores, intérpretes da música dos períodos barroco e clássico. Italiano de Treviso, diplomou-se em música antiga pela Schuola Cantorum da Basiléia, após ter completado estudos de órgão e cravo sob orientação de Jean-Claude Zehnder. Em 1986, conquistou o Primeiro Prêmio do Concurso de Órgão de Innsbruck, e em 1991 foi agraciado com o Primeiro Prêmio do Concurso de Cravo de Bolonha.

Em 1997, Marcon fundou a Orchestra Barocca di Venezia, com a qual rapidamente alcançou sucesso internacional. Seu empenho em redescobrir obras-primas da ópera barroca levou maestro e Orquestra às primeiras representações modernas de títulos como L’Orione (Cavalli, 1998), Siroe (Haendel, 2000 e também em 2004, na estréia norte-americana da obra, na Brooklyn Academy of Music), L’Olimpiade (Cimarosa, 2001) e L’Olimpiade (Galuppi, 2006). Dentre os compromissos recentes de Andrea Marcon destacam-se: concertos no Festival de Salzburgo, com a Orchestra Barocca di Venezia e os solistas Christine Schäfer e Andreas Scholl; récitas da primeira apresentação, em tempos modernos, da ópera Atenaide (Vivaldi), em Baden Baden; apresentações de Giasone (Cavalli), na Ópera de Frankfurt; turnê de concertos na Espanha e na Áustria, com a Orchestra Barocca di Venezia e os violinistas Viktoria Mullova e Giuliano Carmignola; concertos à frente da KammerAkademie Postdam, em programas dedicados a Beethoven; apresentações das Vespri (Monteverdi), em Schwetzingen, e de Orfeo (Monteverdi), em Cremona; e turnê nos Estados Unidos, com Giuliano Carmignola e a Orchestra Barocca di Venezia.

A agenda artística de Andrea Marcon para a Temporada 2007/2008 inclui, dentre outros, os seguintes compromissos: concertos à frente do Oriol Ensemble, na Berlin Philharmonie, e da Orquestra de Câmara da Filarmônica da Rádio Holandesa, no Concertgebouw de Amsterdã; apresentações ao pódio da Orquestra La Cetra, da Basiléia, em nova produção do Orfeo de Monteverdi; e séries de concertos da Orchestra Barocca di Venezia na América do Sul, com o violinista Giuliano Carmignola, na Espanha, com a mezzo-soprano Romina Basso, em Viena, com Anna Netrebko e Andreas Scholl, e em turnê européia com Magdalena Kozená.

Andrea Marcon é autor de extensa discografia como regente, solista e camerista. Entre 1999 e 2003, registrou sete álbuns para o selo Sony Classical, alguns à frente da Orchestra Barocca di Venezia – com o violinista Giuliano Carmignola e a mezzo-soprano Angelika Kirchschlager como solistas –, e outros como cravista, em colaborações com Carmignola e com a violoncelista Anner Bylsma. Desde 2003, Marcon e a Orchestra Barocca di Venezia gravam com exclusividade para o selo Deutsche Grammophon.

Sua discografia para essa etiqueta inclui, dentre outros, os seguintes álbuns: Andromeda Liberata (primeira gravação mundial da obra), Concerto Veneziano (coletânea de concertos italianos para violino interpretados por Giuliano Carmignola), Amor Sacro (seleção de motetos de Vivaldi, com a soprano Simone Kermes), Vivaldi, 5 Violin Concertos (com Carmignola) e Haendel Arias (com Magdalena Kozena). Por sua discografia como regente, Marcon foi agraciado com os prêmios Diapason d’Or, Choc du Monde de la Musique, Edison, da Holanda, Echo, da Alemanha, e com o Prêmio Vivaldi, da Fundação Cini; por suas gravações como organista, Marcon obteve por quatro vezes o prêmio Deutschen Schallplatten Kritik.

Professor de cravo, órgão e interpretação na Schuola Cantorum Basiliensis, Andrea Marcon foi cravista, organista e membro-fundador do conjunto de música antiga Sonatori de la Gioiosa Marca di Treviso (1983 – 1997), bem como fundador e diretor artístico do Festival Internacional de Órgão Cidade de Treviso, evento que contribuiu para a restauração dos órgãos históricos daquela cidade. Os principais mestres de Andrea Marcon foram Luigi Ferdinando Tagliavini, Hans van Nieuwkoop, Jesper Christensen, Harald Vogel e Ton Koopman.