'Pensava estar fora de perigo', diz italiana libertada no Iraque
A jornalista italiana Giuliana Sgrena, que foi ferida por tropas americana no Iraque após ter sido libertada por seus seqüestradores, chegou na manhã deste sábado a Roma, onde foi recebida pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Ao deixar o avião do governo italiano que a retirou do Iraque, Sgrena aparentava estar fraca e cansada e foi levada de ambulância a um hospital militar, onde seria submetida a uma cirurgia no ombro.
Sgrena descreveu como se viu em meio a disparos de tiros momentos depois de ter sido libertada por seus seqüestradores, em Bagdá.
"Fiquei em choque porque naquela hora pensava que o perigo tinha ficado para trás", disse ela, em entrevista à rádio italiana RAI.
Sgrena ficou ferida, e Nicola Calipari, chefe do serviço secreto italiano no Iraque, morreu no ataque, que aconteceu quando o carro que levava os dois estava a caminho do aeroporto de Bagdá, na sexta-feira.
O corpo de Calipari foi levado a Roma em outro avião militar italiano e chegou na noite deste sábado.
'Horrível'
Sgrena negou a alegação do Exército americano de que o carro passou direto por um posto de controle dos Estados Unidos antes de ser atingido pelos tiros.
"Não estávamos a uma velocidade maior do que a situação exigia", afirmou.
"O tiroteio começou de repente. Fomos atingidos por uma salva de tiros. Eu e Nicola estávamos conversando, falando sobre o que acontecia na Itália, quando ele se inclinou sobre mim, provavelmente para me proteger", contou a jornalista.
"Então ele caiu e eu percebi que estava morto."
Ela afirmou que o tiroteio continuou "porque o motorista não conseguia nem explicar que éramos italianos".
"Foi horrível", resumiu.
Investigação
Ainda na sexta-feira, Berlusconi, um dos principais aliados dos Estados Unidos, convocou o embaixador dos Estados Unidos na Itália para cobrar explicações sobre o ocorrido.
Mais tarde, o presidente americano, George W. Bush, telefonou a Berlusconi e, em uma conversa de cinco minutos de duração, disse que lamentava o incidente.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, prometeu uma investigação completa do caso.
Antes, Berlusconi havia dito que alguém tem que assumir responsabilidade pelo incidente.
Segundo o correspondente da BBC em Roma, David Willey, este é um incidente diplomático sério entre os Estados Unidos e a Itália.
A jornalista de 56 anos, que trabalhava para o diário Il Manifesto, havia sido seqüestrada em 4 de fevereiro. Ainda não foi confirmado como ela conseguiu ser libertada, mas a mídia italiana afirmou que houve um pagamento de resgate.
Um grupo militante pouco conhecido, a Organização do Jihad Islâmico, tinha assumido a responsabilidade pelo seqüestro e exigia que a Itália retirasse suas tropas do Iraque.
O mesmo grupo afirmou, em setembro de 2004, que havia matado duas agentes humanitárias italianas Simona Torretta e Simona Pari que depois foram libertadas por outra organização militante.
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