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Senhores e Senhores, o talento italiano na festa da literatura brasileira

Alessandro Baricco, nascido em Turim em 1958, um dos mais importantes escritores italianos contemporâneos, autor do texto acima,  será uma das principais atrações da Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP, que inicia nesta quarta-feira (02), na histórica cidade do Estado do Rio de Janeiro. Ao lado de outro italiano, o psicanalista Contardo Calligaris, que vive um pouco em São Paulo  e um pouco em Nova Iorque, ele tratará no evento de um tema sempre instigante, as Fábulas Italianas, no sábado (05),a partir das 15 horas.  Dois dias antes, Lorenzo Mammi, um italiano que sabe tudo sobre música brasileira, analisará a Bossa Nova.

Calligares e Barrico são dois italianos transitam por atividades diversas. Mas têm ainda afinidades temáticas. Em O conto do amor (2008), estréia de Calligaris no romance, um psicoterapeuta de Nova York vai à Toscana investigar o passado do pai e mergulha no questionamento da própria origem. Nos textos de Baricco, o tema da identidade é igualmente presente: no monólogo Novecentos (1994), por exemplo, o protagonista submerge em um processo de autodescoberta ao cogitar o abandono do navio onde passou toda a vida. Nesta mesa em Paraty, o maior nome da nova literatura italiana e o psicanalista mais atuante na imprensa brasileira mostram até onde vai o diálogo entre fábula e realismo, psicanálise e literatura, pensamento teórico e crítica cultural.

Alessandro Baricco é formado em filosofia e música.  Escreveu peças teatrais, ensaios e romances como Oceano mar (1993), City (1999), Sem sangue (2002) e Esta história (2005). Baricco tem carreira próspera no cinema: A lenda do pianista do mar (1998), de Giuseppe Tornatore, é baseado em seu monólogo Novecentos (1994), e o romance Seda (1996) virou filme homônimo, dirigido por François Girard. Este ano estréia como diretor com o filme Lezione 21, do qual também assina o roteiro. A formação em música estimulou ainda uma parceria com a dupla francesa Air, experiência que resultou no disco City Reading (2003).

Contardo Calligaris, nascido em Milão, em 1948, é doutor em psicologia clínica e ensaísta. Radicado no Brasil, vive entre São Paulo e Nova York, onde já foi professor na Universidade de Berkeley e na New School. Autor de diversos livros, entre eles Crônicas do individualismo cotidiano (1996), A adolescência (2000) e Cartas a um jovem terapeuta (2004), Calligaris também assina uma coluna no jornal Folha de S.Paulo, com a qual, nos últimos anos, vem desempenhando papel de relevo como formador de opinião a partir de reflexões sobre cinema, choque cultural, relações amorosas, política, violência e exclusão social.

Antes, na quinta-feira (03), também às 15h, será a vez de outro italiano, Lorenzi Mammi, tratar de um tema tipicamente brasileiro. Juntamente com Carlos Lyra ele participa da mesa Retrato em branco e preto, cuja proposta é conferir um caráter analítico às comemorações dos 50 anos da Bossa Nova.

Co-autor de Três canções de Tom Jobim e do ensaio João Gilberto e o projeto utópico da Bossa Nova, o crítico Lorenzo Mammì estabelece um paralelo entre as conquistas formais dos artistas e as promessas embutidas no desenvolvimentismo brasileiro. Já Carlos Lyra, nome de proa da Bossa Nova e da música popular brasileira, traz a Paraty a experiência de décadas de banquinho e violão. Autor da autobiografia Eu e a bossa, Lyra fala a partir de dentro e pode afinar este balanço da bossa com doses fartas de histórias e vivências exemplares
Lorenzo Mammì  nascido em Roma, em 1957, é crítico de arte e doutor em filosofia pela Usp, onde dá aulas de filosofia medieval e durante treze anos lecionou história da música. Radicado no Brasil desde 1987, publicou dezenas de artigos e escreveu dois livros: Volpi (2002), que combina pesquisa e crítica sobre a produção do pintor Alfredo Volpi, e Carlos Gomes (2001), uma análise minuciosa das obras do compositor. Também organizou os livros Carlito Carvalhosa (2000), Três canções de Tom Jobim (2004) e as edições brasileiras de Vida de Rossini (1995), de Stendhal, e de Clássico anti-clássico (1999), de Giulio Carlo Argan.