UIL

A batalha de Montese: brasileiros lutando pela liberdade de italianos

14 de abril de 1945. Mais uma data que envolve outra significativa nuance das relações entre Brasil e Itália. Afinal, nesse dia, há 62 anos, na pequena cidade de Montese, província de Modena, região de Emilia Romagna, os soldados brasileiros travaram um dos mais violentos combates contra as tropas alemãs para tomar a localidade e permitir a passagem das forças aliadas em direção ao vale do rio Pó. A investida militar teve êxito, mas deixou um saldo de 426 baixas, entre mortos e feridos. Em homenagem aos “ generosos libertadores”, a comunidade batizou uma das  praças do local de Piazza Brasile, além de construir um museu sobre o episódio no interior de um castelo.

O episódio evidencia que se os italianos imigraram para o Brasil  com o objetivo de lutar pela sobrevivência e para conquistar uma cidadania que lhes fora negada pelo seu país, os brasileiros foram à Itália, durante a II Guerra Mundial, contribuir para devolver a cidadania e a liberdade de um povo que estava subjugado em seu próprio território pelos “aliados” nazistas dos fascistas de Mussolini.

“Na jornada de ontem, 14 de abril, só os brasileiros mereceram as minhas irrestritas congratulações; com o brilho do seu feito e seu espírito ofensivo, a Divisão brasileira está em condições de ensinar às outras como se conquista uma cidade”, afirmou o  General Crittenberger, Comandante do IV Corpo-de-Exército Norte-Americano (IV C Ex).

Ao vencer a resistência alemã, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) contribuiu decisivamente para a ruptura das linhas inimigas nos Apeninos, ao norte da Itália. Duas semanas depois a guerra estava terminada, com a vitória das Forças Aliadas.

A epopéia dos 25 mil  brasileiros em território italiano durante a II Guerra guarda também uma semelhança com a epopéia da emigração italiana do final do século XIX e início do século XX. Ambas não são consideradas historicamente relevantes  ao ponto de merecerem
uma atenção mais detalhada por parte dos formuladores do ensino dos dois países. Talvez por motivações diferentes – no caso da emigração, possivelmente a tentativa de apagar algo que não se coaduna com o orgulho nacional; no caso dos combatentes, por alienação cultural e ideológica dos historiadores brasileiros. Assim, nesse sábado, as lembranças heróicas dos tempos de guerra ficarão restritas às comemorações de uns poucos sobreviventes da época.