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Italianos avaliam proposta brasileira da Universidade Nova

O termo de fundação de uma rede batizada de Trânsito Atlântico para difundir as idéias da Universidade Nova na União Européia foi um dos saldos da viagem do reitor da UFBA, Naomar de Almeida Filho, à Itália, na semana passada. A rede deve integrar, inicialmente, a UFBA com a Universidade degli Studi di Napoli, a Universidade de Roma Tor Vergata e a rede Immaginare l'Europa (da União Européia).

Representantes das Universidades de Barcelona Pompeu Fabra, Coimbra e da Universidade de Bucareste oficialmente participaram como observadores e devem aderir na próxima rodada, que será em Barcelona em data a ser definida. Naomar considerou a viagem um sucesso. “Os colegas italianos estão avaliando o nosso modelo como avanço em relação ao Processo de Bolonha”, diz o reitor da UFBA.

Segundo o Il Matino, "Il punto qualificante della «Universidade Nova» sono i Bacharelados Interdisciplinari, della durata di tre anni, che costituiscono il primo ciclo di istruzione teso a fornire una formazione universitaria generale che abbracci grandi aree della conoscenza (umanistica, artistica, scientifica e tecnologica) e che consenta un continuo interscambio tra l’apprendimento e la formazione e tra la cultura umanistica e quella scientifica. «Quello che proponiamo non è un’u-topia, ma una pro-topia, non un luogo che non c’è, ma un luogo da costruire», dice de Almeida, che immagina un futuro con «più ingegneri consci della poesia, più medici con una base di comprensione ecologica, più artisti addentrati nella filosofia, più amministratori con una formazione storica adeguata, più chimici con le basi della cultura classica».

Universidade Nova: Descrição da Proposta

A idéia de estudos superiores de graduação de maior amplitude e não comprometidos com uma profissionalização precoce e fechada, bem como maior integração entre esses estudos e os de pós-graduação, já é realidade em muitos países social e economicamente desenvolvidos. O processo europeu de Bolonha é um exemplo eloqüente dessa concepção acadêmica que, por força das demandas da Sociedade do Conhecimento e de um mundo do trabalho marcado pela desregulamentação, flexibilidade e imprevisibilidade, certamente se consolidará como um dos modelos de educação superior de referência para o futuro próximo.

Um aspecto estreitamente relacionado a essa nova concepção de educação superior é o da interdisciplinaridade. Definida como o estabelecimento de nexos significativos entre os campos disciplinares, a interdisciplinaridade tornou-se uma exigência dos currículos contemporâneos em todos os níveis, etapas e modalidades educacionais.

Embora o conhecimento no mundo atual seja produzido em âmbitos altamente especializados, o entendimento da totalidade desse mundo, cada vez mais complexo e multidimensional, requer dos processos formais de ensino-aprendizagem uma abordagem integradora que confira sentido e significado ao conjunto de informações que se apresentam em fragmentos desconexos.

A proposta  denominada de Universidade Nova implica uma transformação radical da atual arquitetura acadêmica da universidade pública brasileira, visando a superar os desafios, resultando em um modelo compatível tanto com o Modelo Norte-Americano (de origem flexneriana) quanto com o Modelo Unificado Europeu (processo de Bolonha).

A principal alteração proposta na estrutura curricular da universidade é a implantação de Bacharelados Interdisciplinares (BI), propiciando formação universitária geral, como uma pré-graduação que antecederá a formação profissional de graduação e a formação científica ou artística da pós-graduação. Os Bacharelados Interdisciplinares representam uma alternativa avançada de estudos superiores que permitirão reunir numa única modalidade de curso de graduação um conjunto de características que hoje vem sendo requeridas:

O alargamento da amplitude da base dos estudos superiores, permitindo uma ampliação de conhecimentos e competências cognitivas;
A flexibilização curricular através do aumento de componentes optativos que proporcionarão aos estudantes a escolha de seus próprios percursos de aprendizagem;
A introdução de dispositivos curriculares que promovam a integração entre conteúdos disciplinares;
O adiamento de escolhas profissionais precoces que têm como conseqüência prejuízos individuais e institucionais.

O Bacharelado Interdisciplinar terá duração de três anos, abrangendo grandes áreas do conhecimento: Humanidades, Artes, Ciências (da matéria, da vida, da saúde, da sociedade e sociais aplicadas), Tecnologias. O currículo do BI poderá ser formado por quatro componentes: FG – formação geral obrigatória, FD – formação diferencial (optativas), FP – formação profissional, além de uma seqüência de cursos-tronco paralelos durante todo o programa, como, por exemplo, língua e cultura brasileira e língua estrangeira moderna.

Na FG (Formação Geral), haverá módulos de filosofia (lógica, ética e estética), pensamento matemático, história, antropologia, literatura, estudos clássicos, expressão escrita, princípios e uso de informática, política e cidadania, ecologia, iniciação científica, atividade curricular comunitária, entre outros.

Os cursos FD serão optativos e oferecidos aos alunos de todas as opções de BI, sem distinção de nível, integrando graduação e pós-graduação. Buscando contribuir para escolhas maduras de carreira profissional, nessa etapa serão oferecidos módulos de introdução aos cursos profissionais, a exemplo da “Introdução às Engenharias” já existente na Escola Politécnica e da “Introdução à Psicologia” na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.

Os cursos FP serão optativos e oferecidos somente aos alunos da área de conhecimento do BI correspondente que concluíram o FG. Como a prioridade de matrícula nos cursos FP será dada por desempenho do aluno nos cursos FG e FD, haverá um permanente estímulo ao bom desempenho para aqueles alunos que pretendem usar o BI como via de entrada à formação profissional.

Na Universidade Nova, uma vez concluído o BI, o egresso poderá enfrentar o mundo do trabalho, com diploma de bacharel em área geral de conhecimento (Artes, Humanidades, Ciências, Tecnologias). Caso deseje, haverá as seguintes opções de prosseguimento de estudos:

Aluno(a)s vocacionados para a docência poderão prestar seleção para licenciaturas específicas (p.ex. do BI em Ciências da Matéria para Licenciatura em Matemática, Física ou Química), com mais 1 a 2 anos de formação profissional, o que habilita o aluno(a) a lecionar nos níveis básicos de educação;
Aluno(a)s vocacionados para carreiras específicas poderão prestar seleção para cursos profissionais (p.ex. Arquitetura, Enfermagem, Direito, Medicina, Engenharia etc.), com mais 2 a 5 anos de formação, levando todos os créditos dos cursos do BI;
Aluno(a)s com excepcional talento e desempenho, se aprovados em processos seletivos específicos, poderão ingressar em programas de pós-graduação, como o mestrado profissionalizante ou o mestrado acadêmico, podendo prosseguir para o Doutorado, caso pretenda tornar-se professor ou pesquisador.

Naturalmente, todos esses pontos constituem propostas preliminares, sujeitas a críticas, discussões e revisões, especialmente do ponto de vista de política institucional. Na mesma medida, há muitas outras questões, inclusive técnicas e legais, ainda em aberto.