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Corte nos recursos para os italianos no exterior: protestos e justificativas

Foi uma semana de intensos protestos. Pronunciamentos, cartas, comunicados. Das mais diferentes partes do planeta ecoaram vozes  que se uniram ao clamor ouvido nos corredores e no plenário do Parlamento italiano. Mas, até agora, o Governo permanece insensível  e os cortes aos recursos destinados aos italianos no exterior, previstos no Orçamento para 2009, continuam atormentando lideranças de instituições, parlamentares e dirigentes de entidades.

Afinal, não é para menos. A verba destinada aos cursos de língua italiana no mundo cairá de 34 milhões de euros para 14,5 milhões; a contribuição para a assistência direta aos indigentes será reduzida de 28,5 milhões de euros para 10,77 milhões; a assistência indireta passará de 2,274 milhões para 1 milhão; as atividades culturais promovidas pela rede diplomática-consular de 3,74 milhões ficará em 2,540 milhões. Em última análise, os recursos previstos para a comunidade italiana ficarão em 31,553 milhões de euros, bem abaixo dos 60 milhões destinados no corrente ano e muito aquém da previsão de instituições como a Cgie que estimava um montante da ordem de 80 milhões.

O secretário-geral da Cgie, Elio Carozza, em correspondência encaminhada ao ministro do Exterior, ao subsecretário Alfredo Mantica, ao secretário-geral do  ministério, e aos parlamentares eleitos no exterior,  alerta que o Governo, se for mantido o corte, assumirá a responsabilidade histórica de haver abandonado milhões de cidadãos italianos e de ter renunciado para sempre à valorização dos recursos cultural, social, econômico e político que representam a coletividade dos italianos no exterior.

Em reunião da Comissão do Exterior, nesta quinta-feira (09), o deputado Fabio Porta (PD) classificou a situação como desoladora e considerou totalmente irresponsável a política de corte linear. A seu ver, o corte é um golpe mortal nos italianos no exterior e na cooperação para o desenvolvimento, que era um aspecto de excelência na política exterior da Itália.

Para o deputado  Franco Narducci (PD), vice-presidente da Comissão, registra-se um passo atrás em relação ao que foi realizado pelo Governo Prodi, com repercussão negativa, entre outros aspectos, na promoção da língua e da cultura italiana, o que poderá determinar o fechamento de um grande número de cursos.

Na reunião da Comissão do Exterior, parlamentares da base do Governo justificaram os cortes, argumentando as exigências gerais de contenção e de racionalização das despesas, ainda mais levando-se em consideração a conjuntura econômica internacional. A situação das finanças públicas, como destacou o subsecretário do Exterior Bicenzo Scotti, impõe um repensar sobre o modelo de funcionamento da administração pública, com a utilização de todos os instrumentos disponíveis para poder efetivamente se chegar ao objetivo de fazer mais com menos.