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Berlusconi-Bush: o reencontro

Roma (ORIUNDI) - Cerca de mil pessoas foram às ruas de Roma nesta quarta-feira para protestar contra a visita à Itália do presidente americano George W. Bush e sua política no Afeganistão, constatou um correspondente da AFP

Nem mesmo o protesto realizado por algumas centenas de pessoas nesta quarta-feira (11), em Roma terá condições de turvar o magnetismo do encontro que acontece hoje (12), na Villa Madama entre duas das principais lideranças  mundiais. Afinal, para além da pauta recheada de assuntos palpitantes da geopolítica internacional, trata-se na verdade de um reencontro entre dois amigos: Silvio  Berlusconi, recém  guindado novamente ao cargo de primeiro-ministro italiano, e George Bush, presidente dos Estados Unidos, que encaminha a sua saída do posto.

É até possível que novas manifestações contra o mandatário norte-americano se repitam, mas certamente não conturbarão a reunião de dois líderes que conseguiram, em meio a discussões que envolviam sempre o destino de milhões de pessoas, de tratativas sobre guerra e paz, conseguiram desenvolver entre si um dos mais elementares, simples, e por por isso raro, elo entre seres humanos: a amizade.

Berlusconi e Bush discutirão a ajuda ao Afeganistão, a próxima reunião do G8 e a possibilidade de a Itália integrar um grupo que pretende negociar com o Irã, em uma nova tentativa de conter os instintos nucleares da república islamita. Mas certamente todos esses cáusticos assuntos estarão permeados por um clima de fraternidade, comum quando dois velhos amigos se reencontram.

Se já não o fez, Bush deverá agradecer a Berlusconi por este ter escrito seu perfil para o ranking na revista Times, que o indicou recentemente como uma das 100 personalidades mais importantes do mundo. A escolha não foi por acaso. Berlusconi foi claro, em seu texto, ao afirmar que cabe aos historiadores julgar o o mandato do presidente norte-americano, mas, qualquer que seja o destino que a história lhe reserve, disse ter certeza de que ele será lembrado com um líder de ideais, coragem e sinceridade.

-Pessoalmente – destacou Berlusconi – eu sempre me lembrarei dele como um amigo, um homem de verdade, que ama a sua família.

Certa vez, rememorou Berlusconi no texto da Time, “Bush me disse que é razoável ter dúvidas, mas não tantas que lhe impeçam de tomar uma decisão. Para Berlusconi,  Bush  será lembrado como um comandante em armas, mas não apenas por isso. Ele foi, acima de tudo, um Presidente que sentia a obrigação moral que a nação líder do mundo livre precisa carregar”.

Com Berlusconi, Bush sempre contou. Na guerra e na paz. Foi assim por exemplo no caso da invasão ao Iraque. Foi na gestão passada de Berlusconi que os EUA conseguiram renovar o acordo para a manutenção e expansão da base militar em Vicenza. E assim por diante.  

De qualquer forma, mais do que a relevância dos temas, decidamente será um encontro entre velhos amigos.

Em sua estada na Itália, Bush também fará uma visita ao presidente Giorgio Napolitano e ainda irá ao Vaticano, para uma audiência com o Papa Bento XVI.