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O inferno astral de Prodi: aliados jogam lenha na fogueira

O inferno astral do Governo Prodi. Assim pode ser resumida esta semana, que iniciou com uma mobilização, organizada pela esquerda, que reuniu milhares de pessoas em defesa de melhores condições sociais para os trabalhadores, e termina com mais protestos nas ruas da capital italiana nesta sexta-feira (26), com funcionários públicos reclamando da insuficiência de verbas para a categoria, previstas na Lei Orçamentária, em votação no Parlamento. Mas o maior problema, ou dilema, deu-se novamente no âmbito da própria coalização de centro-esquerda. Na quinta-feira, por conta de desacertos internos da maioria , com senadores da base aliada votando contra, o Governo não conseguiu aprovar quatro propostas.

A crise foi interpretada como um verdadeiro caos, determinou reuniões de emergência entre as lideranças e novamente colocou em xeque a capacidade do Gabinete liderado por  Prodi de resistir, tanto que a oposição, liderada por Silvio Berlusconi está cada vez mais convicta de que o Governo está em seus estertores e se clama pela antecipação de eleições.

Em uma entrevista à televisão, o primeiro-ministro Prodi,  cuja principal tarefa política desde que assumiu tem sido apagar os incêndios dentro da coalização que o apóia, reconhece que a maioria que sustenta o Governo se dividiu no momento da votação por questões particulares, colocando em risco a realização das indispensáveis reformas. E conclamou:

È giunto il momento che tutte le forze politiche della maggioranza dicano chiaramente se intendono continuare a sostenere il Governo o se vogliono invece far prevalere gli interessi di parte su quelli del Paese. Non pongo oggi il voto di fiducia, ma esigo che le forze politiche della maggioranza rispettino gli impegni che esse hanno assunto di fronte ai cittadini.

Em fevereiro passado, por conta da falta de compromissos dos aliados, que contribuíram com seus votos para que a proposta de política externa do Governo não fosse aprovada no Senado, onde a maioria tem apenas dois senadores a mais que a oposição, Prodi chegou a apresentar sua renúncia ao cargo.

Na ocasião, a crise foi debelada com a assinatura, por parte da base aliada, de um compromisso com 12 pontos prioritários e inegociáveis. Ou seja, em tese os parlamentares aliados fecharam questão com o Governo. No entanto, percebe-se agora que os interesses pessoais mais uma vez prevalecem e fazem com que o compromisso assumido seja esquecido.

Um dos artífices da União Européia,  Prodi tem pela frente a tarefa quase impossível de alinhar aliados, invariavelmente da extrema-esquerda, que sistematicamente vem colocando os interesses do país, ainda longe de superar seus crônicos problemas de déficit fiscal, em segundo plano. Enquanto Silvio Berlusconi se prepara para voltar ao poder.