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2009: 10 anos do euro

 Europeus confiam em sua moeda, diz pesquisa; eles só começaram a usá-lo para troca em 2002, mas desde 1999, o euro já é usado como moeda bancária em transações financeiras. Em 2009, europeus da zona do euro comemoram 10 anos de uma história de sucesso.

Em 1° de janeiro de 1999, o euro tornou-se a moeda oficial para 11 nações européias. Em 2001, a Grécia juntou-se a elas, e em 2007 a Eslovênia tornou-se a primeira nação do antigo bloco soviético a entrar na zona do euro. Malta e Chipre a seguiram em 2008, e a Eslováquia, a partir de 1° de janeiro de 2009.

Dos 10 países que se tornaram membros da União Européia em 2004, a Eslováquia é o quarto a adotar o euro como moeda oficial. A participação na zona do euro é obrigatória para todos os novos países-membros da UE. Antigos associados, como o Reino Unido e a Dinamarca, tiveram a opção de continuar fora da zona do euro. Por plebiscito, os suecos rejeitaram sua adesão.

O fato de outras nações pertencentes à UE ainda não terem aderido à zona do euro se explica pelos duros critérios estabelecidos pelo Tratado de Maastricht, que abrangem inflação, taxas de juros, estabilidade cambial e controle da dívida pública, juntamente com a independência dos bancos centrais em administrar a política monetária.

Europeus confiam em sua moeda

Segundo pesquisa divulgada nesta semana pelo jornal Financial Times e pela agência de pesquisa de opinião pública Harris, os europeus acreditam que, nos próximos cinco anos, sua moeda ultrapassará o dólar em importância global. Com o ingresso da Eslováquia, na próxima quinta-feira (01/01), a zona do euro passará a contar 330 milhões de habitantes.

Gilles Moec, economista do Bank of America, explicou que, além de contribuir para baixar a taxa de juros na Europa, a moeda européia arrefeceu o impacto da alta do preço do petróleo, fomentou o comércio entre os seus países-membros e contribuiu para criar pelo menos 16 milhões de novos empregos. Desde o lançamento, em 1999, sua posição como moeda de reserva estrangeira cresceu de 18% para 27%, enquanto o dólar declinou de 71% para 62%. O valor de euros em circulação já ultrapassa o de dólares.

Tudo começou, no entanto, com uma profecia feita em 1950 pelo economista Jacques Rueff, conselheiro do governo francês: "A Europa terá êxito através da moeda ou não terá êxito". A idéia de uma moeda comum nasceria já na década de 60, mas a pressão para que os países europeus agissem veio de fora.

Suspensão do sistema cambial de Bretton Woods

Helmut Schmidt, antigo chanceler federal alemão, lembra-se que o euro "foi conseqüência da Guerra do Vietnã e de seu financiamento. A administração Nixon não somente suspendeu a obrigação da equivalência em ouro para as transações em dólar, como também suspendeu a paridade entre as moedas, entre 1972 e 1973".

O antigo chanceler federal alemão, que na época era ministro alemão das Finanças, explica ainda que "os ministros das Finanças da Alemanha e da França de então se posicionaram contra a abolição do sistema cambial adotado com sucesso desde 1945 pelos aliados em Bretton Woods, mas não podíamos nos impor perante o peso econômico dos EUA".

Pode-se entender então que foi em legítima defesa que seis (mais tarde nove) países-membros da Comunidade Européia formaram uma liga cambial em 1972. Cada um se comprometeu a controlar a variação cambial de sua moeda em relação às dos parceiros – como numa fila de carros num túnel. Os bancos centrais tinham que intervir quando a variação era muito alta e uma moeda ameaçava romper a fila. A ECU (European Currency Unit – unidade cambial européia), tornou-se a moeda virtual do bloco.

Euro como moeda global

O antigo chefe de governo alemão Schmidt explicou que o objetivo não-explícito já era que a ECU se tornasse mais tarde uma moeda comum. Ainda não era claro se ela deveria ser a única moeda ou se tornar uma moeda paralela às moedas nacionais. "O incentivador da idéia foi Jacques Delors", explicou Schmidt. Como presidente da Comissão Européia, Delors criou as bases para a união cambial e econômica da Europa que levou à criação, há 10 anos, do Banco Central Europeu e do euro.

No seu primeiro dia como moeda de troca, em 4 de janeiro de 1999, a cotação do euro era de 1,18 dólar. De início, sua constante perda de valor deixou políticos e economistas nervosos. Em outubro de 2000, ele atingiu seu valor mais baixo: 0,82 dólar. Desde então, no entanto, a tendência é crescente. Em 15 de julho de 2008, ele atingiu o ápice de 1,60 dólar.

Quem, todavia, não trabalha no setor de exportação está mais interessado na estabilidade interna do euro. Principalmente na Alemanha, ele foi denominado no início de "teuro", em alusão ao adjetivo teuer, "caro" em alemão. Hoje, no entanto, mais de 300 milhões de europeus confiam em sua moeda.

O antigo chefe de governo alemão também confia no euro e profetiza: "Em minha opinião, ainda vai durar outro meio século até que possamos falar de uma completude da União Européia. O euro, no entanto, provará que em menos de uma década irá se tornar uma moeda global". (Deutsche Welle)