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Arcebispo Carlo Viganò sobre a Crise Russo-Ucraniana

Declaração do Arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos da América, publicada pelo jornalista Marco Tosatti, no blog Stilum Curiae, em 7 de março de 2022.

Nada se perde com a paz. Tudo pode ser perdido na guerra. Que os homens voltem a se entender. Que retomem as negociações. Negociando com boa vontade e respeitando os direitos da outra parte, comprovarão que uma negociação sincera e ativa nunca está isenta de sucesso honroso. E eles se sentirão grandes - de verdadeira grandeza - impondo-se o silêncio às vozes da paixão, tanto coletiva quanto privada, e deixando que impere a razão, haverão de evitar o derramamento de sangue de seus irmãos e a ruína de seu país.

Assim se dirigiu Pio XII, em 24 de agosto de 1939, aos governantes e aos povos na iminência da guerra. Não foram palavras de pacifismo vazio, nem de silêncio cúmplice diante das inúmeras violações da justiça que ocorriam em vários lados. Nessa mensagem de rádio, que alguns ainda se lembram de ter ouvido, o apelo do Romano Pontífice invocava o "respeito mútuo pelos direitos" como premissa para negociações de paz frutíferas.

A narrativa midiática

Se olharmos para o que está acontecendo na Ucrânia, sem nos deixarmos enganar pelas falsificações macroscópicas dos principais meios de comunicação, nos damos conta de que foi ignorado por completo o “respeito recíproco dos direitos”; pelo contrário, dá a impressão de que a administração Biden, a OTAN e a União Europeia querem deliberadamente manter uma situação de evidente desequilíbrio, precisamente para tornar impossível qualquer tentativa de solução pacífica para a crise ucraniana, fazendo com que a Federação Russa desencadeie um conflito. Aqui reside a gravidade do problema. Esta é a armadilha preparada para a Rússia e a Ucrânia, usando ambas para permitir que a elite globalista execute seu plano criminoso.

Não nos surpreenda se o pluralismo e a liberdade de expressão, tão alardeados em países que se proclamam democráticos, sejam diariamente minados pela censura e intolerância no que tange às  opiniões que não se ajustam à narrativa oficial: manipulações desse tipo tornaram-se a norma durante a chamada pandemia, em prejuízo de médicos, cientistas e jornalistas dissidentes, que foram desacreditados e condenados ao ostracismo, simplesmente porque ousaram questionar a eficácia dos soros experimentais. Dois anos depois, a verdade sobre os efeitos adversos e a gestão imprudente da emergência sanitária lhes dá razão, porém é ignorada obstinadamente porque não corresponde ao que o sistema queria e segue querendo, todavia.

Se os meios de comunicação do mundo conseguiram até agora mentir descaradamente sobre um assunto de estrita relevância científica, divulgando mentiras e ocultando a realidade, deveríamos nos perguntar por que, na situação atual, eles deveriam recuperar de repente a honestidade intelectual e o respeito ao código de ética que eles repudiaram amplamente com o Covid.

Mas, se essa fraude colossal foi acompanhada e divulgada pelos meios de comunicação, deve-se reconhecer que as instituições nacionais e internacionais de saúde, governos, juízes, forças da ordem e a própria hierarquia católica foram responsáveis - cada um em seu campo com ações de apoio ou com a omissão de intervenções contrastantes - do desastre que impactou bilhões de pessoas em sua saúde, em seus bens, no exercício de seus direitos e até em suas próprias vidas. Também neste caso resulta difícil imaginar que aqueles que se mancharam com tais crimes por uma pandemia deliberadamente direcionada e amplificada possam hoje ter um choque de dignidade e mostrar preocupação com seus cidadãos e sua pátria, quando uma guerra ameaça sua segurança e sua economia.

Estas, é claro, podem ser as prudentes reflexões de quem deseja permanecer neutro e olhar com desapego e quase desinteresse o que está acontecendo ao seu redor. Porém, somente ao aprofundar-se no conhecimento dos fatos e nos documentos com fontes autorizadas e objetivas, descobre-se que as dúvidas e perplexidades logo se convertem em certezas perturbadoras.

Ainda que quiséssemos limitar a investigação apenas ao aspecto econômico, percebe-se que a informação, a política e as próprias instituições públicas dependem de um pequeno número de grupos financeiros encabeçados por uma oligarquia que, significativamente, está unida não apenas pelo dinheiro e pelo poder, mas pela filiação ideológica que orienta sua ação e interferência na política das nações e do mundo inteiro. Essa oligarquia mostra seus tentáculos na ONU, na OTAN, no Fórum Econômico Mundial (FEM), na União Europeia e em instituições "filantrópicas" como a Open Society de George Soros e a Fundação Bill e Melinda Gates.

Todas essas entidades são privadas e não respondem a ninguém, além de si mesmas, e ao mesmo tempo têm o poder de influenciar os governos nacionais, inclusive por meio de seus próprios representantes eleitos ou nomeados em cargos-chave. Eles próprios o admitem, recebidos com todas as honras por chefes de governo e líderes mundiais, a começar pelo primeiro-ministro italiano Mario Draghi (aqui), e por estes bajulados e temidos como os verdadeiros donos dos destinos do mundo. Assim, aqueles que ostentam o poder em nome do povo soberano se encontram pisoteando sobre a vontade e limitando seus direitos, para obedecer como cortesãos àqueles a quem ninguém escolheu e que, no entanto, ditam a agenda política e econômica das nações.

Chegamos então à crise ucraniana, que nos é apresentada como consequência da arrogância expansionista de Vladimir Putin, em face de um Estado independente e democrático sobre o qual reivindicaria direitos absurdos. O "Putin belicista" estaria massacrando a população indefesa, valentemente levantada para defender o solo pátrio, as sagradas fronteiras da Nação e as liberdades violadas dos cidadãos. A União Europeia e os Estados Unidos, “defensores da democracia”, não poderiam deixar de intervir, através da OTAN, para restaurar a autonomia da Ucrânia, expulsar o “invasor” e garantir a paz. Diante da "arrogância do tirano", os povos devem fazer uma frente comum, impondo sanções à Federação Russa e enviando soldados, armas e ajuda econômica ao "pobre" presidente Zelenskii, o "herói nacional" e "defensor" de seu povo. Como prova da "violência" de Putin, a mídia espalhou imagens de bombardeios, ataques, destruição, atribuindo a responsabilidade à Rússia. Pelo contrário: precisamente para garantir uma "paz duradoura", a União Europeia e a OTAN acolhem a Ucrânia entre os seus membros de braços abertos. E para evitar a "propaganda soviética", a Europa obscurece o Russia Today e o Sputnik, a fim de garantir que a informação seja "livre e independente".

Esta é a narrativa oficial, à qual todos se conformam; estando em guerra, a dissidência transforma-se imediatamente em deserção, e os dissidentes são culpados de traição e merecedores de sanções mais ou menos graves, a começar pela execração pública e ostracismo, bem experimentado com o Covid em relação aos “não-vax”. Porém, a verdade, se você quiser conhecê-la, permite que você veja as coisas de maneira diferente e julgue os fatos pelo que são e não pelo que nos apresentam. Trata-se de uma verdadeira e autêntica revelação, como indica a etimologia da palavra grega ἀλήθεια (verdade). Ou talvez, com um olhar escatológico, de uma revelação, de um ἀποκάλυψις (apokálypsis).

A expansão da OTAN

Antes de tudo, é preciso lembrar os fatos, que não mentem e não são suscetíveis de alteração. E os fatos, por mais irritantes que sejam para lembrar aqueles que tentam censurá-los, nos dizem que, desde a queda do Muro de Berlim, os Estados Unidos estenderam sua esfera de influência política e militar a quase todos os estados satélites da antiga União Soviética: também recentemente, anexando Polônia, República Tcheca, Hungria (1999), Estônia, Letônia, Lituânia, Eslovênia, Eslováquia, Bulgária e Romênia (2004), Albânia e Croácia (2009), Montenegro (2017), Macedônia do Norte (2020). A Organização do Tratado do Atlântico Norte está se preparando para se expandir para a Ucrânia, Geórgia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia. Na prática, a Federação Russa está sob ameaça militar - bases de armas e mísseis - a poucos quilômetros de sua fronteira, embora não tenha nenhuma base militar muito próxima dos Estados Unidos.

Considerar a expansão da OTAN na Ucrânia, sem suscitar protestos legítimos da Rússia, é no mínimo intrigante, especialmente considerando o fato de que a OTAN se comprometeu com o Kremlin, em 1991, a não se expandir mais. Não só isso: no final de 2021, a Der Spiegel publicou os rascunhos de um tratado com os Estados Unidos e um acordo com a OTAN sobre garantias de segurança (aqui, aqui e aqui); Moscou exigiu garantias legais de seus parceiros ocidentais que desencorajariam a expansão da OTAN para o leste, trazendo a Ucrânia para o bloco e estabelecendo bases militares em países pós-soviéticos. As propostas também continham uma cláusula sobre a não implantação de armas de ataque da OTAN perto das fronteiras da Rússia e sobre a retirada das forças da aliança na Europa Oriental para suas posições de 1997.

Como se observa a OTAN descumpriu seus compromissos ou pelo menos forçou a situação em um momento muito delicado para os equilíbrios geopolíticos. Devemos nos perguntar por que os Estados Unidos - ou melhor: o estado profundo americano, que recuperou o poder após a fraude eleitoral que levou Joe Biden à Casa Branca - quer criar tensões com a Rússia e envolver seus parceiros europeus no conflito, com todas as consequências que podemos imaginar.

Conforme observou com lucidez o general Marco Bertolini, ex-comandante do Comando de Operações da Cúpula de Interforças: "Estados Unidos não se limitou a ganhar a Guerra Fria,  mas também quis humilhar [a Rússia], tomando tudo o que em certo sentido caia dentro de sua área de influência. [Putin] suportou com os países bálticos, Polônia, Romênia e Bulgária; reagiu diante do fato de que a Ucrânia tiraria qualquer possibilidade de acesso ao Mar Negro” (aqui). E acrescentou: "Há um problema com o controle do regime, criou-se uma situação com um primeiro-ministro bastante improvável [Zelenskyj], alguém que vem do mundo do espetáculo". No caso de um ataque dos EUA à Rússia, o general não deixa de apontar que “os Global Hawks que sobrevoam a Ucrânia partem de Sigonella, na Itália, que é uma base militar dos EUA. O risco está aí, está presente e é real”.

Interesses derivados do bloqueio de fornecimento de gás russo

Devemos também perguntar-nos se por detrás da desestabilização do delicado equilíbrio entre União Europeia e Rússia não existem também interesses econômicos, derivados da necessidade dos países da União Europeia de abastecerem-se de gás liquefeito dos Estados Unidos (para o qual, além disso, são necessários regaseificadores, que muitos países não têm e pelos quais teríamos que pagar muito mais de qualquer maneira), em vez de gás russo (que é mais ecológico).

Também a decisão da ENI de suspender o investimento no gasoduto Blue Stream da Gazprom (da Rússia à Turquia) implica também na privação de mais uma fonte de abastecimento, uma vez que alimenta o gasoduto transatlântico (da Turquia à Itália).

Portanto, não é por acaso que, em agosto de 2021, Zelenskyjj declarou que considerava o gasoduto Nord Stream 2, entre a Rússia e a Alemanha, como “uma arma perigosa, não apenas para a Ucrânia, mas para toda a Europa” (aqui): ao saltear a Ucrânia, priva Kiev de cerca de 1 bilhão de euros por ano em receitas de taxas de trânsito. "Vemos este projeto apenas pelo prisma da segurança e o consideramos uma perigosa arma geopolítica do Kremlin", disse o presidente ucraniano, concordando com o governo Biden. A subsecretária de Estado Victoria Nuland declarou: "Se a Rússia invadir a Ucrânia, o Nord Stream 2 não seguirá em frente". E assim aconteceu, não sem sérios danos econômicos aos investimentos alemães.

Os Laboratórios de virologia do Pentágono na Ucrânia

Continuando com a questão dos interesses dos EUA na Ucrânia, devemos também mencionar os laboratórios de vírus, localizados no país, sob o controle do Pentágono e onde parece que apenas trabalham especialistas americanos com imunidade diplomática e que dependem diretamente do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. 

Deve-se registrar também a denúncia de Putin sobre a coleta de dados genômicos da população, que podem ser usados como armas bacteriológicas geneticamente selecionadas (aqui, aqui e aqui). As informações sobre as atividades dos laboratórios na Ucrânia são, obviamente, difíceis de confirmar, mas é compreensível que a Federação Russa tenha considerado, não sem razão, que elas poderiam constituir mais uma ameaça bacteriológica à segurança da população. A Embaixada dos EUA removeu da sua página web todos os arquivos relacionados com o Biological Threat Reduction Program (aqui).

Maurizio Blondet escreve: “No Evento 201, que simulou a explosão da pandemia um ano antes de ser produzida, participou (com os habituais Bill e Melinda) a aparentemente inofensiva Universidade John Hopkins, com seu conceituado Centro de Segurança da Saúde. A humanitária instituição teve durante muito tempo um nome menos inocente: chamava-se Centro de Estratégias de Biodefesa Civil (Center for Civilian Biodefence Strategies) e não se ocupava da saúde dos americanos, mas ao contrário: da resposta aos ataques de bioterrorismo bélicos. Foi praticamente uma organização civil-militar que, quando realizou sua primeira conferência em fevereiro de 1999 em Crystal City (Arlington), onde fica o Pentágono, reuniu 950 médicos, militares, funcionários federais e funcionários da saúde para um exercício de simulação. O objetivo do exercício era combater um suposto ataque "militarizado" de varíola. É apenas o primeiro dos exercícios que levarão ao Evento 201 e à Impostura Pandêmica (aqui).

Emergem também experimentos sobre os militares ucranianos (aqui) e intervenções da Embaixada dos EUA com o procurador ucraniano Lutsenko, em 2016, para que ele não indagasse sobre "uma transferência de fundos de um bilhão de dólares entre George Soros e Barack Obama" (aqui).

Uma ameaça indireta aos objetivos expansionistas chineses sobre Taiwan

A atual crise na Ucrânia tem consequências secundárias, mas não menos graves, para o equilíbrio geopolítico entre China e Taiwan. A Rússia e a Ucrânia são os únicos produtores de paládio e neon, essenciais para a produção de microchips.

“Uma possível retaliação de Moscou chamou a atenção nos últimos dias depois que o grupo de pesquisa de mercado Techcet publicou um relatório que expôs a dependência de muitos fabricantes de semicondutores de materiais de origem russa e ucraniana, como néon, paládio e outros. A Techcet estima que mais de 90% dos suprimentos de néon semicondutores dos EUA vêm da Ucrânia, enquanto 35% do paládio dos EUA vêm da Rússia. […] De acordo com a Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, os preços do neon aumentaram 600% antes da anexação da península da Crimeia pela Rússia […] em 2014, pois as empresas de chips dependiam de algumas empresas ucranianas” (aqui).

“Se é verdade que uma invasão chinesa de Formosa colocaria em risco a cadeia global de fornecimento de tecnologia, também é verdade que uma imprevista escassez de matérias-primas da Rússia poderia interromper a produção, perdendo assim a ilha seu “escudo de microchip" e induziria Pequim a tentar anexar Taipei.

O conflito de interesses dos Bidens na Ucrânia

Outro tema que não costuma ser analisado em profundidade é a da Burisma, empresa de petróleo e gás que atua no mercado ucraniano, desde 2002. Lembremos que “durante a presidência norte-americana de Barack Obama (de 2009 a 2017), o braço direito com um 'proxy' na política internacional foi precisamente Joe Biden e desde então tem sido a 'proteção' oferecida pelo líder democrático americano aos nacionalistas ucranianos, uma linha que criou o desacordo irremediável entre Kiev e Moscou. […] Foi Joe Biden quem, naqueles anos, levou adiante a política de aproximar a Ucrânia da OTAN. Ele queria tirar o poder político e econômico da Rússia. […] Nos últimos anos, o nome de Joe Biden também foi associado a um escândalo sobre a Ucrânia, que abalou sua candidatura. […] Foi em abril de 2014 que a Burisma Holdings, a maior empresa de energia da Ucrânia (ativa em petróleo e gás), contratou Hunter Biden como consultor, […] com um salário de US$ 50.000 por mês. Tudo transparente, se não fosse que durante esses meses Joe Biden continuou com a política norte-americana destinada à Ucrânia, recuperando a posse das áreas de Donbass que agora se tornaram repúblicas reconhecidas pela Rússia. Acredita-se que a área de Donetsk seja rica em campos de gás inexplorados que foram alvo da Burisma Holdings. Uma política internacional entrelaçada com a política econômica que fez até a mídia americana torcer o nariz naqueles anos” (aqui).

Os democratas alegaram que Trump havia criado um escândalo midiático para prejudicar a campanha eleitoral de Biden, mas suas acusações mais tarde se mostraram verdadeiras. O próprio Joe Biden, durante uma reunião no Conselho Rockefeller de Relações Exteriores, admitiu que interveio com o então presidente Petro Poroshenko e o primeiro-ministro Arsenij Yatseniuk para impedir que seu filho Hunter fosse investigado pelo procurador-geral Viktor Shokin. Biden ameaçou “reter a garantia de um empréstimo de US$ 1 bilhão dos Estados Unidos, durante uma viagem a Kiev em dezembro de 2015”, relata o New York Post (aqui). "Se o magistrado não for afastado, você não terá o dinheiro" (aqui e aqui). O advogado foi efetivamente afastado, salvando Hunter de mais escândalos, depois daqueles que o envolveram.

A interferência de Biden na política de Kiev, em troca de favores para a Burisma e os oligarcas corruptos, confirma todo o interesse do atual presidente dos Estados Unidos em proteger sua própria família e sua própria imagem, alimentando a desordem na Ucrânia e em definitivo uma guerra. Como pode governar com honestidade e sem estar sujeito à chantagem uma pessoa que se aproveita de seu próprio papel para cuidar de seus próprios negócios e encobrir os crimes de seus parentes?

A questão nuclear ucraniana

Finalmente, há a questão das armas nucleares ucranianas. Em 19 de fevereiro de 2022, em uma conferência em Munique, Zelenskyjj anunciou sua intenção de encerrar o Memorando de Budapeste (1994), que proíbe a Ucrânia de desenvolver, proliferar e usar armas atômicas. Entre as outras cláusulas do Memorando, há também uma que obriga a Rússia, os Estados Unidos e o Reino Unido a absterem-se de usar pressão econômica sobre a Ucrânia para influenciar sua política: pressão do FMI e dos Estados Unidos para fornecer ajuda econômica em troca de reformas consistentes com o Great Reset é uma nova violação do acordo.

O embaixador ucraniano em Berlim, Andriy Melnyk, argumentou em 2021, na rádio Deutschlandfunk, que a Ucrânia deveria recuperar seu status nuclear se o país não aderisse à OTAN. As usinas nucleares ucranianas são operadas, reconstruídas e mantidas pela estatal NAEK Energoatom, que encerrou completamente seu relacionamento com empresas russas, entre 2018 e 2021; seus principais parceiros são empresas cujos vínculos podem ser rastreados até o governo dos EUA. É fácil entender como a Federação Russa vê a possibilidade de a Ucrânia adquirir armas nucleares como uma ameaça e exige que Kiev se junte ao pacto de não proliferação.

A revolução colorida na Ucrânia e a independência da Crimeia, Donetsk e Lugansk

Outro fato. Em 2013, depois que o governo do presidente Viktor Janukovyč decidiu suspender o Acordo de Associação entre a Ucrânia e a União Europeia e estreitar as relações econômicas com a Rússia, iniciou-se uma série de protestos conhecidos como Euromaidan, que duraram vários meses e culminaram na revolução que derrubou Janukovyč e levou à instalação de um novo governo. Uma operação patrocinada por George Soros, como ele mesmo declarou abertamente à CNN: “Tenho uma fundação na Ucrânia, desde antes dela se tornar independente da Rússia; esta fundação sempre esteve em funcionamento e teve um papel decisivo nos acontecimentos de hoje” (aqui, aqui e aqui). Essa mudança de governo provocou a reação dos partidários de Janukovyč e de uma parte da população ucraniana contrária à virada pró-ocidental, indesejada pela população, mas que foi alcançada por meio de uma revolução colorida, tentada em anos anteriores na Geórgia, Moldávia e Bielorrússia.

Após os confrontos de 2 de maio de 2014, nos quais também participaram as franjas paramilitares nacionalistas (incluindo o Pravyj Sektor), o massacre de Odessa também ocorreu. Esses terríveis acontecimentos também foram escandalosamente denunciados na imprensa ocidental; a Anistia Internacional (aqui) e a ONU denunciaram esses crimes e documentaram suas atrocidades. No entanto, nenhum tribunal internacional tomou medidas contra os responsáveis, como gostaria de fazer hoje com os supostos crimes do exército russo.

Entre os inúmeros acordos não respeitados cabe mencionar, também, o Protocolo de Minsk, assinado em 5 de setembro de 2014 pelo Grupo de Contato Trilateral sobre a Ucrânia, composto por representantes da Ucrânia, Rússia, República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk. Entre os pontos do acordo, figurava a retirada de grupos armados ilegais, equipamentos militares, bem como combatentes e mercenários do território da Ucrânia, sob a supervisão da OSCE, e o desarmamento de todos os grupos ilegais. Ao contrário do acordado, os grupos paramilitares neonazistas não são apenas reconhecidos oficialmente pelo governo, mas seus integrantes chegam a receber cargos oficiais.

Também em 2014, Crimeia, Donetsk e Lugansk declararam sua independência da Ucrânia – em nome da autodeterminação dos povos reconhecida pela comunidade internacional – e se declararam anexadas à Federação Russa. O governo ucraniano continua se recusando a reconhecer a independência dessas regiões, sancionada por referendo popular, e dá liberdade às milícias neonazistas e forças militares regulares para infligir violência à população, por considerar estas entidades organizações terroristas. É verdade que os dois referendos de 2 de novembro constituem uma distorção do Protocolo de Minsk, que apenas previa uma descentralização do poder e uma forma de status especial para as regiões de Donetsk e Lugansk.

Como observou recentemente o professor Franco Cardini: “Em 15 de fevereiro de 2022, a Rússia entregou aos Estados Unidos um projeto de tratado para acabar com essa situação e defender as populações de língua russa. Papel de sucata. Essa guerra começou em 2014” (aqui e aqui). E foi uma guerra nas intenções daqueles que queriam combater a minoria russa em Donbass: “Teremos trabalho, pensões e eles não. Teremos bônus para crianças, e eles não. Nossos filhos terão escolas e creches, seus filhos estarão no porão. É assim que venceremos esta guerra”, disse o presidente Petro Poroshenko, em 2015 (aqui).

Escapará da semelhança com a discriminação em relação aos chamados "no-vax", privados de trabalho, salário, escola. Oito anos de bombardeios em Donetsk e Lugansk, com centenas de milhares de vítimas, 150 crianças mortas, casos gravíssimos de tortura, estupro, sequestro e discriminação (aqui).

Em 18 de fevereiro de 2022, os presidentes de Donetsk, Denis Pušilin, e Lugansk, Leonid Pasechnik, ordenaram a evacuação da população civil para a Federação Russa, devido aos confrontos em curso entre a Milícia Popular de Donbass e as Forças Armadas Ucranianas. Em 21 de fevereiro, a Duma do Estado (câmara baixa do Parlamento russo) ratificou por unanimidade os tratados de amizade, cooperação e assistência mútua apresentados pelo presidente Putin com as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Nesse contexto, o presidente russo ordenou o envio de tropas da Federação Russa para restaurar a paz na região de Donbass.

Pergunta-se por que, em uma situação de flagrante violação dos direitos humanos por forças militares neonazistas e aparatos paramilitares (que hasteiam bandeiras com suásticas e exibem a efígie de Adolf Hitler) contra a população de língua russa das repúblicas independentes, a comunidade internacional deveria considerar a intervenção da Federação Russa repreensível e, de fato, culpar Putin pela violência. Onde está o tão alardeado direito à autodeterminação dos povos para a proclamação da independência da Ucrânia, vigente em 24 de agosto de 1991, reconhecido pela comunidade internacional? E por que motivo hoje se escandalizam com a intervenção russa na Ucrânia, quando a OTAN realizou intervenções na Jugoslávia (1991), Kosovo (1999), Afeganistão (2001), Iraque (2003), Líbia e Síria (2011), sem ninguém levantar uma objeção? Sem esquecer que nos últimos dez anos, Israel atacou repetidamente alvos militares na Síria, Irã e Líbano para impedir a criação de uma frente armada hostil em sua fronteira norte, e nenhuma nação propôs sanções contra Tel Aviv.

É chocante ver a hipocrisia com que a União Europeia e os Estados Unidos - Bruxelas e Washington - dão o seu apoio incondicional ao Presidente Zelenskyj, cujo governo persegue impunemente há oito anos os ucranianos de língua russa (aqui ), aos que inclusive os proíbe de falar sua própria língua, em uma nação com muitos grupos étnicos, dos quais o russo representa 17,2%. E é escandaloso que se silencie sobre o uso de civis como escudos humanos pelo exército ucraniano, que coloca postos antiaéreos dentro de centros habitados, hospitais, escolas e creches, justamente para que sua destruição possa causar mortes entre a população.

A grande mídia tem o cuidado de não mostrar imagens de soldados russos ajudando civis a alcançar segurança ou organizando corredores humanitários, que são fuzilados por milícias ucranianas (aqui e aqui ). Da mesma forma, o acerto de contas, os massacres, a violência e os roubos por setores da população civil, aos quais Zelenskyj forneceu armas, são silenciados: os vídeos que podem ser vistos na web dão uma ideia do clima de guerra civil astutamente alimentado pelo governo ucraniano. Somam-se a isso os condenados liberados para se alistar no exército e os voluntários da Legião Estrangeira: uma massa de cabeças-quentes sem regras nem treinamento que contribuirão para agravar a situação e torná-la ingovernável.

Presidente Volodymyr Oleksandrovyč Zelenskyjj

Como muitos setores afirmaram, a candidatura e eleição do presidente ucraniano Zelenskyj responde a esse clichê recente de um comediante ou personagem de programa emprestado da política. Não pense que ser desprovido de um cursus honorum adequado é considerado um obstáculo para obter acesso ao topo das instituições. Pelo contrário, quanto mais uma pessoa é aparentemente estranha ao mundo dos partidos, mais seu sucesso pode ser considerado determinado por aqueles que estão no poder. A atuação em travesti de Zelenskyj é perfeitamente coerente  com a ideologia LGBTQ que seus apoiadores europeus veem como um pré-requisito para a agenda de "reformas" que todos os países devem adotar, juntamente com igualdade de gênero, aborto e economia verde. Não é à toa que Zelenskyj, membro do FEM (aqui) foi capaz de se beneficiar do apoio de Schwab e seus aliados para chegar ao poder e realizar o Great Reset também na Ucrânia.

A série de televisão de 57 episódios que Zelenskyj produziu e estrelou demonstra o planejamento da mídia à sua candidatura à presidência da Ucrânia e sua campanha eleitoral. Na ficção O Servidor do Povo, ele desempenhou o papel de um professor do ensino médio que inesperadamente se torna Presidente da República e luta contra a corrupção política. Não é por acaso que esta série absolutamente medíocre, que no entanto ganhou o Prêmio Remi no WorldFest (Estados Unidos, 2016), foi colocada entre os quatro finalistas na categoria comédia no Seoul International Drama Awards (Coreia do Sul) e foi premiada com o Intermedia Globe Silver,na categoria de séries de televisão de entretenimento, no World Media Film Festival em Hamburgo.

O eco midiático obtido por Zelenskyj através da série de televisão lhe trouxe mais de 10 milhões de seguidores no Instagram e criou a premissa para a constituição do partido homônimo Servo do Povo, do qual também faz parte Ivan Bakanov, diretor geral e acionista (junto com o próprio Zelenskyj e o oligarca Kolomoisky) do Studio Kvartal 95, proprietário da rede de televisão TV 1+1. A imagem de Zelenskyj é um produto artificial, uma ficção midiática, uma operação de manipulação de consenso que, no entanto, conseguiu criar no imaginário coletivo ucraniano o personagem político que, na realidade, e não na ficção, conquistou o poder.

“Apenas um mês antes das eleições de 2019 que lhe deram a vitória, Zelenskyjj teria vendido a empresa [Study Kvartal 95] a um amigo, enquanto ainda encontrava uma maneira de sua família receber os lucros do negócio que ele havia abandonado oficialmente. Esse amigo era Serhiy Shefir, que mais tarde foi nomeado Conselheiro da Presidência. […] As ações foram vendidas em benefício da Maltex Multicapital Corp., empresa de propriedade da Shefir e registrada nas Ilhas Virgens Britânicas” (aqui).

O atual presidente ucraniano promoveu sua campanha eleitoral com um anúncio extremamente perturbador (aqui), no qual, armado com duas metralhadoras, atirava em membros do Parlamento que ele acusou de serem corruptos ou subservientes à Rússia. No entanto, a afirmação do presidente ucraniano de ser um "servo do povo" contra a corrupção não corresponde à imagem que emerge dos chamados Pandora Papers, que indicam que o bilionário judeu Kolomoisky lhe pagou 40 milhões de dólares, na véspera das eleições, em contas no exterior (aqui , aqui e aqui). Em seu país, muitos o acusam de ter tomado o poder dos oligarcas pró-russos, não para entregá-lo ao povo ucraniano, mas para fortalecer seu próprio grupo de interesses e, ao mesmo tempo, livrar-se de seus adversários políticos: "Ele liquidou os ministros da velha guarda, em primeiro lugar o poderoso ministro do Interior Avakov. 

Aposentou o presidente do Tribunal Constitucional que bloqueava suas leis. Ele fechou sete canais de televisão da oposição. Ele prendeu, acusando-o de traição, Viktor Medvedcuk, pró-russo, mas acima de tudo líder da oposição Plataforma de Oposição pela Vida, o segundo partido mais importante no Parlamento ucraniano depois de seu Servo do Povo. Ele também está processando o ex-presidente Poroshenko por traição, suspeito de tudo, menos de estar em aliança com os russos ou seus amigos. O prefeito de Kiev, o popular ex-campeão mundial de boxe Vitaly Klitchko, já foi alvo de algumas investigações. Em suma, Zelenskyj parece querer limpar publicamente qualquer um que não esteja alinhado com sua política” (aqui).

Em 21 de abril de 2019, é eleito presidente da Ucrânia com 73,22% dos votos e, em 20 de maio, toma posse; em 22 de maio de 2019 nomeia Ivan Bakanov, Diretor Geral da Kvartal 95, Primeiro Vice-Chefe dos Serviços de Segurança da Ucrânia e Chefe da Direção Principal de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Direção Central do Serviço de Segurança da Ucrânia. Junto com Bakanov, vale mencionar Mykhailo Fedorov, vice-presidente e ministro da Transformação Digital, membro do Fórum Econômico Mundial. O próprio Zelenskyj admitiu que se inspira no primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau (aqui e aqui).

As relações de Zelenskyj com o FMI e o Fórum Econômico Mundial (FEM)

Como mostrou o trágico precedente da Grécia, a soberania nacional e a vontade do povo expressa pelos parlamentos são anuladas pelas decisões da alta finança internacional, que interfere nas políticas governamentais com chantagem e extorsão real de uma economia. O caso da Ucrânia, um dos países mais pobres da Europa, não é exceção.

Logo após a eleição de Zelensky, o Fundo Monetário Internacional ameaçou reter o empréstimo de US$ 5 bilhões se ele não atendesse às suas exigências. Durante uma conversa por telefone com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, o presidente ucraniano foi repreendido por ter substituído Yakiv Smolii por um homem em quem confiava, Kyrylo Shevchenko, que está menos inclinado a cumprir a determinação do FMI. Anders Åslund escreve no Atlantic Council: “Os problemas que cercam o governo Zelenskyj estão crescendo de forma alarmante. Em primeiro lugar, desde março de 2020, o presidente realizou uma reversão não apenas das reformas realizadas sob seu mandato, mas também das iniciadas por seu antecessor, Petro Poroshenko. Em segundo lugar, seu governo não apresentou propostas plausíveis para lidar com as preocupações do FMI sobre os compromissos não cumpridos da Ucrânia. Terceiro, o presidente não parece mais ter uma maioria parlamentar no poder e parece desinteressado em formar uma maioria reformista” (aqui).

É evidente que as intervenções do FMI acabaram por concretizar o compromisso do governo ucraniano de se alinhar às políticas económicas, fiscais e sociais ditadas pela agenda globalista, a começar pela "independência" do Banco Central da Ucrânia do governo: um eufemismo com o qual o FMI apela ao governo de Kiev para que renuncie ao controlo legítimo do seu próprio Banco Central, que é uma das formas de exercício da soberania nacional, juntamente com a emissão de dinheiro e a gestão da dívida pública. Por outro lado, apenas quatro meses antes, Kristalina Georgieva havia lançado o Great Reset junto com Klaus Schwab, o príncipe Charles e o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O que não havia sido possível com governos anteriores foi realizado sob a presidência de Zelenskyj, agraciado pelo FEM, juntamente com o novo governador do Banco Central da Ucrânia, Kyrylo Shevchenko, que, como prova de servilismo, menos de um ano em que ele escreveu um artigo para o FEM, intitulado Bancos centrais são a chave para as metas climáticas dos países e a Ucrânia está mostrando o caminho (aqui). Então aqui está a Agenda 2030 realizada, sob chantagem.

Há também outras empresas ucranianas que têm vínculos com o FEM: o State Savings Bank of Ukraine (uma das maiores instituições financeiras da Ucrânia), o DTEK Group (um grande investidor privado no setor de energia ucraniano) e o Ukr Land Farming (líder agrícola no domínio das culturas). Bancos, energia e alimentos são setores que se encaixam perfeitamente com a Grande Reinicialização e a Quarta Revolução Industrial teorizadas por Klaus Schwab.

Em 4 de fevereiro do ano passado, o presidente ucraniano fechou sete emissoras de televisão, incluindo ZIK, Newsone e 112 Ukraine, por não apoiarem seu governo. Anna Del Freo escreve: “A Federação Europeia de Jornalistas e a Federação Internacional de Jornalistas, entre outros, condenaram fortemente este ato de liberdade e pediram o levantamento imediato do veto. As três emissoras não poderão transmitir por cinco anos: elas empregam cerca de 1.500 pessoas, cujos empregos estão ameaçados. Não há nenhuma razão real para o fechamento das três redes, além da arbitrariedade da liderança política ucraniana, que as acusa de ameaçar a segurança da informação e de estar sob “a má influência russa. Uma forte reação também veio do NUJU, o sindicato dos jornalistas ucranianos, que fala de um ataque muito sério à liberdade de expressão, já que centenas de jornalistas foram privados da possibilidade de se expressar e centenas de milhares de cidadãos do direito de serem informado". Como podemos ver, o que Putin é acusado é realizado por Zelenskyj e, mais recentemente, pela União Europeia, com a cumplicidade das plataformas sociais. E continua: “O bloqueio de canais de televisão é uma das formas mais extremas de restrição à liberdade de imprensa”, disse o secretário-geral da EFJ, Ricardo Gutiérrez. “Os Estados têm a obrigação de garantir um pluralismo informativo efetivo. É claro que o veto presidencial não está em nada de acordo com os padrões internacionais de liberdade de expressão” (aqui).

Seria interessante saber quais foram as declarações da Federação Europeia de Jornalistas e da Federação Internacional de Jornalistas, após o bloqueio do Russia Today e do Sputnik na Europa.

Movimentos neonazistas e extremistas na Ucrânia

Um país que solicita ajuda humanitária da comunidade internacional para defender sua população da agressão russa deve se destacar, no imaginário coletivo, pelo respeito aos princípios democráticos e pela legislação que proíbe atividades e propaganda de ideologias extremistas.

Na Ucrânia, os movimentos neonazistas envolvidos em ações militares e paramilitares agem imperturbáveis – muitas vezes com o apoio oficial de instituições públicas. Entre eles estão: A Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), liderada por Stepan Bandera, de origem nazista, antissemita e racista, já atuante na Chechênia e parte do Setor Direita; Setor Direita, uma associação de movimentos de extrema direita constituído durante o golpe de 2013/2014 no Euromaidan; o Exército Insurrecional Ucraniano (UPA); UNA/UNSO, uma ala paramilitar do partido ucraniano de extrema-direita Assembleia Nacional da Ucrânia; a Irmandade Korchinsky, que ofereceu proteção aos membros do ISIS em Kiev (aqui); Misanthropic Vision (MD), uma rede neonazista espalhada por 19 países, incitando publicamente o terrorismo, o extremismo e o ódio contra cristãos, muçulmanos, judeus, comunistas, homossexuais, americanos e pessoas de cor (aqui).

Deve ser lembrado que o governo apoiou explicitamente essas organizações extremistas, tanto enviando a guarda presidencial para os funerais de seus membros quanto apoiando o Batalhão Azov, uma organização paramilitar que faz parte oficialmente do Exército Ucraniano sob o novo nome de Regimento de Operações Especiais Azov e que faz parte da Guarda Nacional. O Regimento Azov é financiado pelo oligarca judeu ucraniano Igor Kolomoisky, ex-governador de Dnepropetrovsk, também considerado o financiador das milícias nacionalistas Pravyj Sektor, consideradas responsáveis pelo massacre de Odessa. Estamos falando do mesmo Kolomoisky mencionado nos Pandora Papers como patrocinador do presidente Zelenskyj. O batalhão mantém relações com várias organizações de extrema direita na Europa e nos Estados Unidos.

Após uma reunião em 8 de setembro de 2014 entre o secretário-geral Salil Shetty e o primeiro-ministro Arsenij Jacenjuk, a Anistia Internacional pediu ao governo ucraniano que acabe com os abusos e crimes de guerra cometidos por batalhões voluntários que operam ao lado das forças armadas de Kiev. O governo ucraniano abriu uma investigação oficial sobre o assunto, afirmando que nenhum oficial ou soldado do Batalhão Azov foi investigado.

Em março de 2015, o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, anunciou que o batalhão Azov seria uma das primeiras unidades a serem treinadas pelas tropas do Exército dos EUA, como parte de sua missão de treinamento da Operação Fearless Guard. O treinamento americano foi interrompido em 12 de junho de 2015, quando a Câmara dos Deputados aprovou uma emenda proibindo toda a ajuda (incluindo armas e treinamento) ao batalhão devido ao seu passado neonazista. A emenda foi posteriormente revogada sob pressão da CIA (aqui e aqui) e os soldados Azov foram treinados nos Estados Unidos (aqui ): “Nós treinamos esses caras há oito anos. São lutadores muito corajosos. É aí que o programa da agência pode ter um grande impacto."

Em 2016, um relatório da OSCE culpou o Batalhão Azov pelo assassinato em massa de prisioneiros, pela ocultação de corpos em valas comuns e pelo uso sistemático de técnicas de tortura física e psicológica. Há poucos dias, o vice-comandante do batalhão, Vadim Troyan, foi nomeado chefe de polícia da região de Oblast pelo ministro do Interior, Arsen Avakov.

Estes são os "heróis" que lutam ao lado do exército ucraniano contra os soldados russos. E esses heróis do Batalhão Azov, em vez de proteger seus filhos, ousam transformá-los em picadinho, recrutando meninos e meninas (aqui), violando o Protocolo Facultativo à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança e do Adolescente (aqui), referindo-se à participação de crianças em conflitos armados: um instrumento legal ad hoc que estabelece que nenhuma criança menor de 18 anos pode ser recrutada à força ou usada diretamente nas hostilidades, seja pelas forças armadas de um Estado ou por grupos armados .

Também a elas, inevitavelmente, estão destinadas as armas letais fornecidas pela União Europeia, incluindo a Itália de Draghi, com o apoio dos partidos políticos "antifascistas".

+ Carlo Maria Viganò, Arcebispo
Ex-Núncio Apostólico nos Estados Unidos

Publicado originalmente em italiano, no blog Stilum Curiae, do jornalista Marco Tosatti, em 7 de março de 2022. 

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