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Coronavírus, por que a Itália é o 3º país em número de infecções

Com 322 casos confirmados de COVID-19 e 11 mortos, segundo boletim divulgado, nesta terça-feira (25), a Itália é o terceiro país do mundo em número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, ficando atrás apenas da China, onde surgiu o vírus, e da Coréia do Sul. Especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta as possíveis razões que teriam levado o país a ocupar esta posição.

Com base no "mapa de contágio" relacionado à disseminação do novo coronavírus que surgiu na China, no momento em que este artigo foi escrito, a Itália é o terceiro país no mundo, em número de pessoas infectadas: são quase 78 mil na China, mil na Coréia do Sul e 322 na Itália. O país estaria em quarto lugar, se aos casos do Japão (170) fossem adicionados os tripulantes infectados no navio de cruzeiro Diamond Princess, atracado no porto de Yokohama. 

Na Itália, o número de pessoas com COVID-19 também é maior do que aquele registrado em outros países europeus: na Alemanha, por exemplo, existem 16; na Grã-Bretanha 13; na França 12; na Espanha 3 e assim por diante. 

Por que essa situação está ocorrendo no país? 

O bloqueio de voos oriundos da China 

O que seria uma das medidas mais rigorosas para combater a propagação do vírus em solo italiano, o bloqueio de voos diretos da China pode ter tido um efeito bumerangue. Ocorre que a providência pode ter permitido que alguém da zona de risco tenha entrado "imperturbável" na Itália e, assim, tenha iniciado a cadeia de infecções que deram origem aos dois surtos epidêmicos, no Vêneto e na Lombardia. Foi um erro grave, também, não colocar em quarentena as pessoas que chegaram à Itália vindas da China.  

A opinião é do novo consultor que está acompanhando os trabalhos realizados pelo Ministério da Saúde da Itália, o médico e professor de saúde pública Walter Ricciardi, membro do conselho executivo da Organização Mundial da Saúde. Segundo ele, “está claro que houve um momento em que evidentemente tínhamos alguém que vinha das áreas de risco e que entrou no nosso país". Provavelmente essa pessoa (o paciente zero) contornou o bloqueio de vôos diretos, aproveitando-se de uma das muitas paradas intermediárias da China, através de uma das outras capitais europeias. Dessa maneira, ele seria capaz de "escapar" dos controles e, portanto, entrar no país sem muita dificuldade.

"Pagamos pelo fato – explica Ricciardi - de não termos colocado imediatamente em quarentena os desembarques da China. Fechamos os voos, uma decisão que não tem base científica, e isso não nos permitiu rastrear as chegadas, porque a este ponto foi possível fazer escalas e chegar de outros lugares".  Além disso, segundo ele,  quando os médicos são infectados, isso significa que as práticas apropriadas não foram implementadas. 

“Devemos reduzir esse grande alarme, que é certo, não deve ser subestimado, mas a doença deve ser colocada nos termos certos: de 100 pessoas doentes, 80 se recuperam espontaneamente, 15 têm problemas sérios, mas administráveis no ambiente da saúde, 5% são muito graves, das quais 3% morrem. Além disso, você sabe que todas as pessoas falecidas já tinham graves condições de saúde”, afirma Ricciardi. (Com informações do Fanpage.it)