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Febre de casamento de velhinhos italianos com jovens estrangeiras preocupa

A suspensão de um casamento de um homem de 83 anos com uma mulher romena de 44 anos, por parte da Procuradoria de Bologna, nesta semana, revelou com toda a intensidade uma situação que começa a preocupar a Itália: o verdadeiro boom de uniões de idosos com mulheres muito mais jovens. O presidente da Associazione Matrimonialisti Italiani -Ami, Gian Ettore Gassani, considerou o caso do bolonhês emblemático de um quadro que aponta terem sido realizados, nos últimos 10 anos, mais de 30 mil matrimônios entre homens da chamada terceira idade, entre 70 e 85 anos, solteiros, viúvos ou divorciados, com jovens estrangeiras, que na maioria dos casos exercem a função de acompanhantes.

A esse fenômeno se agrega uma outra circunstância: o elevado número de idosos que largam suas mulheres, depois de 30 ou mais anos de casamento, para viverem com mulheres oriundas de outros países.

Nem sempre, no entanto, se configura uma situação como a que envolveu o caso de Bologna, cuja intervenção da Justiça se deu por conta da caracterização do que foi denominado “abuso de incapacidade”. Ou seja, surgiram fortes suspeitas de que a futura esposa estava simplesmente tratando de tirar dinheiro do pretendente, com o agravante de que ele não tinha muita noção do que estava acontecendo.

Para o presidente da Ami, essa febre que está acometendo os assanhados velhinhos italianos está produzindo uma grave dificuldade do ponto de vista patrimonial. A maior parte dos idosos dilapidam o seu patrimônio e a própria pensão, com a qual mantinham sua família, com a ambição de reencontrar um último suspiro de juventude.

Mas, na essência dessas uniões, observa  Gassini, não está apenas a questão econômica. Como não poderia deixar de ser, há a perspectiva da obtenção de cidadania italiana rapidamente. Uma possibilidade, aliás, bem conhecida por numerosas organizações criminais, que podem estar por trás do planejamento dessas aproximações.

O dirigente da entidade ressalta que não há nenhuma posição moralista nessa preocupação, com uma censura a quem, aos 80 anos, deseja refazer a sua vida. Mas o fato é que, as crises conjugais incidem de maneira irrelevante nesses casos, na maioria das vezes realizados no âmbito do chamado abuso de capacidade. Mesmo assim, não significa que todos os casamentos entre idosos italianos e jovens estrangeiras sejam ilícitos, mas o presidente da Ami considera oportuno que as autoridades façam uma verificação prévia. Ao menos para tentar impedir que, por conta do assanhamento, os idosos caiam na sedutora armadilha das carícias das fogosas mulheres do leste europeu.