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Imigração italiana no Brasil, razões e principais destinos

Os imigrantes italianos deixaram seu país, sobretudo, por motivos econômicos. Com a unificação da Itália, processo de união entre os vários reinos que compunham o país, a população italiana, particularmente a rural e mais pobre, tinha dificuldade para sobreviver, tanto nas pequenas propriedades rurais quanto nas cidades, para onde se deslocava em busca de trabalho.

Em vista disso, a emigração era uma solução de sobrevivência para as famílias, estimulada pelo governo italiano que tinha a sua economia, em forte depressão, fomentada por meio das remessas que os imigrantes enviavam para o seu país de origem.

Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Estatística Geográfica (IBGE), entre 1860 e 1920, cerca de 7 milhões de italianos saíram da Itália e emigraram para o Brasil.

As razões da imigração italiana para o Brasil estão ligadas ao fato de que, em 1871, havia sido promulgada no Brasil a chamada Lei do Ventre Livre, que sancionou o início do fim da escravidão. A partir desse momento, os filhos das escravas seriam livres; em 1888 a escravidão foi abolida. 

Vindima de Albino Postali na II Légua, Caxias do Sul, 1911

Destino dos imigrantes italianos no Brasil

O destino dos imigrantes italianos no Brasil, no período da imigração subvencionada pelo governo brasileiro, foram fazendas de café de São Paulo e os núcleos de colonização, principalmente os oficiais, localizados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo. Afora isso, outra parcela de imigrantes, ao chegar, dirigia-se para centros urbanos, de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, já adensadas por indivíduos que abandonavam o campo, reemigravam de outros países ou mesmo burlavam a vigilância, não seguindo para o interior.

A primeira onda de imigrantes foi de famílias oriundas, principalmente, da região do Vêneto, localizada no nordeste da Itália, cerca de 30% do total, e seguidamente da Campânia, Calábria e Lombardia.

ALVIM, Z. Brava Gente: Os italianos em São Paulo. São Paulo, Brasiliense, 1986 - via IBGE

A imigração subvencionada no Brasil ocorreu de 1870 a 1930 e visava a estimular a vinda de imigrantes. As passagens de navio eram financiadas por fazendeiros e pelo governo brasileiro, bem como o alojamento e o trabalho inicial no campo ou na lavoura. Os imigrantes se comprometiam com contratos que estabeleciam o local onde se instalariam e as condições de trabalho a que se submeteriam.

Como a imigração subvencionada estimulava a vinda de famílias, e não de indivíduos isolados, nesse período chegavam famílias numerosas, integradas por homens, mulheres e crianças.

As primeiras instalações na Colônia Caxias – 1880. Fotógrafo: Domingos Mancuso

Condições de vida dos primeiros imigrantes italianos

Em vista disso, a mão de obra dos imigrantes italianos veio substituir, em grande parte, o trabalho que até então era realizado pelos escravos. As difíceis condições de trabalho somadas à mentalidade escravocrata de muitos proprietários de terras levaram o governo italiano a proibir a emigração para o Brasil.

Conforme registros históricos, os colonos, ao chegarem às fazendas, encontravam péssimas condições de vida. Isolados dos centros urbanos, não tinham atendimento médico e nem escola para seus filhos. As casas para moradia eram pequenas e insalubres. 
 
No trabalho na lavoura, os abusos por parte dos capatazes das fazendas eram frequentes. Os colonos eram vigiados durante toda a jornada e submetidos até à violência física, com uso de chicote. Eram também controlados em suas atividades familiares e sociais, sem proteção legal contra fazendeiros que também os exploravam economicamente, aplicando multas por motivos fúteis, confiscando seus produtos e adulterando pesos e medidas, além da retenção de salário.

Decreto Prinetti

A situação foi agravada com o início do declínio dos preços do café, a partir de 1895. A partir do conhecimento desta situação foi elaborado um relatório, conhecido como "Relatório Rossi", que foi enviado às autoridades italianas. A partir deste relatório, foi promulgado o Decreto Prinetti, ato normativo ministerial, aprovado pelo Comissariado Geral da Emigração na Itália, em 26 de março de 1902, que proibia a emigração subvencionada para o Brasil.