Isabelle Huppert estrela filme perturbador no festival de Veneza
O diretor francês Patrice Chereau levou ao Festival de Cinema de Veneza na segunda-feira uma história intensamente tecida de desespero e profundidade emocional com "Gabrielle", um dos três longas franceses que competem pelo cobiçado Leão de Ouro este ano.
Estrelado pela atriz francesa Isabelle Huppert, "Gabrielle" é a história de um casal burguês insípido que mergulha no caos emocional quando a mulher repentinamente decide ter um amante e deixa o marido, apenas para voltar horas depois.
Huppert, cujos trabalhos anteriores incluem "8 Mulheres" e "A Pianista", disse à Reuters: "Os personagens se dão conta de que são prisioneiros das convenções sociais e deles próprios. Mas o retorno da mulher é um movimento que vai transformar as vidas deles."
Baseado num conto de Joseph Conrad, "Gabrielle" se passa quase inteiramente dentro do espaço fechado e claustrofóbico da casa do casal.
Chereau, que é conhecido sobretudo pelo aclamado drama histórico "A Rainha Margot", de 1994, comentou: "Fiquei comovido com o conto de Conrad, com o fato de algo ceder dentro dessa mulher".
Chereau é um dos dois importantes diretores de teatro que passaram a fazer cinema e estão presentes no festival. O outro é John Madden, também competindo pelo prêmio principal, mas com a versão para o cinema da peça "Proof", também dirigida por ele.
Patrice Chereau diz que seu trabalho é diferente do de Madden, apesar do set fechado e da linguagem rígida e formal do início do século 20.
"É muito teatral e cinematográfico, mas, em última instância, é mais cinema", explicou o diretor em entrevista. "Posso me dar ao luxo de ser teatral justamente porque é cinema. Numa peça, isso seria insuportável. Não haveria nada a ser visto."
"Gabrielle" é o segundo filme francês a ser exibido no festival, depois do trabalho de orçamento pequeno "Les Amants Reguliers", de Philippe Garrell, uma reflexão de três horas, em preto e branco, sobre as consequências de maio de 1968.
Ainda esta semana, o jovem diretor Laurent Cantet vai apresentar "Vers le Sud", com Charlotte Rampling.
"Fazemos muitos filmes todos os anos. Mais do que são feitos na Itália, Alemanha ou Reino Unido. Temos um repertório amplo que abrange todos os gêneros", disse Chereau à Reuters.
A Itália, que já viu nascer pesos pesados do cinema como Federico Fellini e Luchino Visconti, enfrenta dificuldades em sua indústria cinematográfica, que luta para atrair público.
Os organizadores do Festival de Veneza foram criticados por não terem conseguido um filme italiano de peso para o festival. O cinema italiano está representado apenas com três produções modestas na competição.
Chereau disse que a França não tem esse problema. Desde 2003 o país já produziu vários sucessos de público, como "A Voz do Coração" e "L'Esquive".
"Todos meus filmes vendem muito bem no exterior. Desde 'Rainha Margot', meus filmes vêm sendo vendidos em cerca de 30 países", disse ele. "E funcionam."
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