UIL

Itália: Mãe ou madrasta?

A ideia da Itália mãe, de vê-la, conhecê-la, tocá-la, na forma de um passaporte ou um certificado de cidadania, enfim, tê-la como mãe e protetora espiritual, ser reconhecido como filho ou poder dizer: eu sobrevivi, carrego teu sangue nas veias, pronuncio palavras do teu idioma que guardo em meu coração, como um código secreto para que identifiques o teu filho que tem saudade. Esta ideia, este desejo representa ainda, ou cada vez mais, uma longa e tumultuada espera. 

Temos saudade da nossa própria história, dos ancestrais, cujo rosto não conhecemos, mas o DNA, no nosso sangue, nos registra italianos. 

No subconsciente, guardamos a imagem da mãe que chora ao ver o filho partir e nunca mais voltar. Mães que morreram na Itália chamando os filhos pelo nome. A elas restou-lhes o consolo de saber que, pelo menos, um nome eles trouxeram consigo, já que a maioria era de analfabetos, muitas vezes sem documentos, obrigados a viajar clandestinamente. 

A ideia de retornar ao país de origem, ou ser reconhecido como cidadão italiano, permanece como um sonho que representa o resgate das perdas, dos sofrimentos e do afastamento brutal da pátria mãe. 

Parecemos árvores podadas, na memória falta um pedaço, herdamos um vazio nostálgico, um misto de dor e curiosidade: herdamos a missão de resgatar a memória de uma história que não foi escrita e nem reconhecida, mas que para nós foi dita, por isso é sagrada. 

Hoje, entretanto, este descendente, quando procura o reconhecimento de sua cidadania italiana,  encontra dificuldades e barreiras maiores do que o oceano que trouxe seus ancestrais até aqui: “Buttarsi al mare, per vivere o morrire“. Esta foi a alternativa de nossos antepassados.  Os sentimentos de abandono e de esquecimento continuam, quando constatamos que, nas atuais leis de imigração, o imigrante italiano é tratado como se fosse um estrangeiro qualquer. 

A Itália não reconhece a diferença porque se esqueceu do sangue e da história de seus filhos, ou seja, não ensinou nas escolas o que foi a emigração de milhares de italianos obrigados a fugir da fome. Os que emigraram foram considerados mortos pelo poder público, e talvez hoje representem um estorvo, algo que dá trabalho, um filho bastardo. Exatamente como faz uma mãe madrasta. 

Deveríamos fazer uma pesquisa para descobrir o percentual da população italiana atual, inclusive políticos, que conhecem realmente a história dos irmãos emigrados. Muitas vezes, nos vemos obrigados a admitir que somos descendentes de bastardos porque, se o bisavô era clandestino, se morreu analfabeto e o registro de óbito não informa sua origem, como saber se ele veio do Norte, do Sul? Do centro da Itália? Qual a data e local de nascimento? Como saber da nossa origem nestes casos? 

Peregrinamos de um lado para outro e nos deparamos com a mãe madrasta, coroada de brilhantes burocráticos. Mesmo com a facilidade dos meios de comunicação, que temos hoje em dia, os municípios italianos nunca se prontificaram a amenizar esta Via-Sacra. Existem várias maneiras de fazê-lo. 

O apego às tradições mantém vivo o elo com a Itália trazida pelos imigrantes italianos. Os consulados italianos pelo mundo afora são os que mais têm acúmulo de trabalho. Faltam funcionários, o governo italiano não percebe a importância deste trabalho, não entende que os descendentes, acima de tudo, procuram o elo perdido com sua própria identidade; é a busca sagrada da autoestima. A grande maioria deles busca o direito de saber que tem origem, que ficou plantada na Itália uma raiz sentimental que lhes pertence.

São poucos os descendentes interessados em trabalhar ou estudar na Itália, a grande maioria deseja voltar no tempo, curar as feridas que ficaram abertas. Queremos consolar o pranto das mães que ficaram lá na Itália e ainda choram em nossas mentes. 

Precisamos cantar e contar esta história aos nossos descendentes. E que eles tenham orgulho da mãe pátria, mesmo que ela seja um pouco madrasta. 

Neiva Zanatta
Professora de italiano – Rio Grande do Sul - Brasil
nzanatta@terra.com.br   

*Texto publicado, originalmente, em Oriundi.Net, em 2007

Italia: madre o matrigna?

L´idea della madre patria, di vederla, di conoscerla, di tocarla, sotto forma di un passaporto o di un certificato di cittadinanza; insomma, di considerar-la come madre spirituale, essere riconosciuti come suoi figli o poter dire: “sono soppravissuto, ho il tuo sangue che scorre  nelle vene, mi isprimo con dei vocaboli che appartengono alla tua lingua, parola che conservo nel cuore come una sorta di codigo segreto che contradistingue un figlio che prova una grande nostalgia. Tutto ciò rapresenta, ancora una volta, un’attesa estenuante e sofferta. Nel nostro inconscio conserviamo quell’immgine della madre che piange nel vedere il figlio che parte e non tornerà. Madri che morrirano la giù i Italia invocando i nomi dei propri figli emigrati e mai più tornati. 

A queste mamme è rimasta la consolazione di sapere che almeno un nome i loro figli avevano nella partenza, e che questo nome si sono portati insieme. Visto che la magioranza era analfabeto, alcuni senza documenti, costretti a viaggiare come clandestini. L´idea di tornare al paese di origine, o essere riconosciuto come un cittadino italiano, rimane come un sogno, che rappresenta il riscatto delle perdite, delle sofferenze e del allontanamento brutale dalla  patria madre. 

Siamo come alberi tagliati, nella nostra memoria manca un pezzo, abbiamo ereditato un vuoto nostalgico, un misto di dollori e curiosità; abbiamo ereditato la missione di riscattare la memoria d´una storia che non è stata scritta , ma che a noi è stata raccontata, per ciò è cosiderata  benedetta. Però oggi, quando i discendente cercano il riconoscimento della loro cittadinanza si sbbatono contro difficultà e barriere maggiori che l´ceano che  gli hanno buttato qui: “Buttarsi al mare , per vivere o morire“. Quest'è stata l'alternativa dei nostri antenati. Il sentimento d´abbandono e la dimenticanza continua quando ci accorgiamo che nelle attuali leggi d´immigrazione, l´ emmigrato italiano è trattato come se fosse un  straniero qualsiase. 

Forse l´Itália non riconosce la differenza perchè si è dimenticata del sangue e della storia dei suoi figli, o sia, non ha insegnato nelle scuole cosa fu l´emmigrazione di migliaglia d´italiani costtretti a fuggìre della fame. Ci sembra che gli emmigrati furono considerati morti dal potere pubblico italiano. Magari oggi siamo un disturbo, algo che crea tanto lavoro, come se fossimo dei figli bastardi. Esatamente come fa una madre madrasta. 

Sarebbe interessante fare una ricerca per scoprire il percentuale della popolazione italiana atuale, inclusive politici, che realmente conoscono la storia dei fratelli emmigrati. Tante volte ci obbliguiamo a ammetere che siamo discendenti di bastardi perchè, se mio bisnonno è arrivato in Brasile clandestino, se è morto analfabeto ed il  registro di òbito non informa l´origine, come sapere se lui è venuto dal nord, dal sud ? Dal centro d´Itália? Qualle sarebbe il luogo e data della nascita? Come scoprìre la nostra origine in questi casi? Peregriniamo d´un lato al´altro ed inciampiamo con la madre madrasta, coronata con brillanti burocratici. Nonostante le facilità dei mezzi di comunicazione che abbiamo nei giorni d´oggi, i comuni italiani non si sono mai prestati a rendere amena questa Via-Sacra. Esistono varie modi di farlo. 

I consolati italiani in tutto il mondo sono affolati, soffrono un´accumulo di lavoro. Mancano funzionari, il governo italiano non percebisce l´importanza di questo lavoro, non capisce che i discendenti, più che altro, stano cercando  il legame perso della propria identità; è la ricerca sacra dell'autostima. La maggioranza di loro desidera  sapere che ha un´origine, che in Italia è rimasta sotto terra una radice sentimentale che a loro appartiene.

Sono pochi i discendenti interessati in lavorare o studiare in Italia, la grande maggioranza desidera tornare nel tempo, curare le ferite che sono rimaste apperte. Vogliono confortare il pranto delle mamme che sono rimaste in Italia ed ancora piangono nelle nostre menti. 

Vogliamo cantare e raccontare questa storia agli  nostri discendenti. E che loro abbiano orgoglio della madre patria, anche se sia un pò madrasta.

Neiva Zanatta 
Insegnante d´italiano – Rio Grande do Sul - Brasile
nzanatta@terra.com.br