Patrizia Giancotti, sensibilidade italiana, sentimento brasileiro
No final do ano passado, ela embarcou em um avião e, durante a viagem, entre o Rio e São Paulo, entrevistou o novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, para uma matéria publicada no jornal Il Manifesto. Quem lê a matérias – cuja versão traduzida foi disponibilizada no site do ministério da cultura - tem a nítida impressão de que a entrevistadora é uma exímia conhecedora dos meandros da cultura brasileira. E Patrizia Giancotti, italiana nascida em 1958, antropóloga, fotógrafa e jornalista, na verdade revela uma percepção que nem sempre é usual entre os jornalistas brasileiros a respeitos das questões de seu próprio país, especialmente no que diz respeito à cultura.
Mas isso não é por acaso. Há 25 anos ela teve o seu primeiro contato com as coisas do Brasil, exatamente em um lugar que não poderia ser mais característico: a Bahia. A empatia foi tão forte que Giancotti fez da cultura afro-baiana e da religiosidade o campo privilegiado das suas pesquisas de antropologia visual. Formada em letras pela Universidade de Turim, com uma tese em antropologia, sobre o papel da Mãe-de-Santo no Candomblé da Bahia, criou o livro fotográfico "BAHIA", editado pela A&A de Milão, com textos de Jorge Amado, Luciana Stegagno Picchio e Caetano Veloso.
No ano passado, o Museu Théo Brandão apresentou a exposição A Alma da Bahia, uma mostra 100 fotografias produzidas por uma profissional que, na concepção de Jorge Amado, era muito especial: nas fotos de Patrizia Giancotti mora a alma da Bahia, vista por dentro. Coisas que raramente acontecem."
Durante 13 anos Patrizia Giancotti fotografou rituais, cerimônias, festas, gentes, rostos... Ela fotografou a Alma da Bahia, com uma contribuição muito especial, pois em seus trabalhos também está refletido o olhar do escritor Jorge Amado e de sua mulher, Zélia Gattai, que guiaram seus passos de Patrizia Giancotti nos mistérios da Bahia.
Giacotti já realizou mais de 50 exposições sobre o universo afro-brasileiro, em países como Itália, Portugal, França, Alemanha e Benin, onde permaneceu algum tempo para aprofundar as suas pesquisas.
Uma italiana com alma baiana, e sensibilidade brasileira.