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Vaticano ataca feminismo radical

O Vaticano publicou um novo documento neste sábado que critica duramente o feminismo radical, alegando que ele busca, de maneira falsa, eliminar as diferenças biológicas entre os homens e mulheres.

Em uma carta aprovada pelo papa João Paulo 2º e destinada a bispos católicos, o Vaticano diz que as feministas encaram os homens como inimigos que devem ser combatidos - uma visão que a instituição afirma estar em desacordo com o verdadeiro avanço das mulheres.

Segundo a carta, a ideologia feminista também coloca dúvidas sobre a família - que a Igreja qualifica como uma estrutura natural formada por mãe e pai -, num momento em que busca fazer com que heterossexualidade e homossexualidade sejam virtualmente equivalentes.

O documento diz que as mulheres que preferem não trabalhar fora de casa não deveriam ser estigmatizadas pela sociedade, e que aquelas que buscam uma carreira não deveriam ter que escolher entre abrir mão da vida familiar e agüentar estresse contínuo.

As feministas dizem que tais comentários são preocupantes.

"Fundamentalismo"

Angela Phillips, acadêmica do Goldsmiths College, em Londres, disse que o fato de a Igreja colocar a culpa no feminismo "parece ser um preocupante passo para trás em direção a um fundamentalismo religioso".

"O feminismo é apenas uma de várias vertentes da sociedade nas últimas décadas, mas há uma tendência em procurar soluções simples para o que algumas pessoas encaram como problemas complexos", disse Phillips.

"Mas transformações sociais são pouco confortáveis para pessoas que são parte de estruturas de uma sociedade anterior, e então elas tentam manter o status quo contra o qual as mulheres lutaram", conclui a acadêmica.

Erin Pizzey, fundadora do movimento internacional de refugios para mulheres, foi educada em um convento católico. Ela disse que não acredita que a Igreja Católica "esteja na posição de fazer tais declarações" já que seus próprios padres e bispos não podem se casar.

"Eles precisam primeiro colocar sua própria casa em ordem", afirmou Pizzey.

A carta, de 37 páginas, é assinada pelo líder da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, o cardeal Joseph Ratzinger.