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A Casa de Maria: Os papas e a casa de Maria

2. Os papas e a casa de Maria

O interesse nos confrontos da casa e a peregrinação rumo a este lugar continuaram a crescer, no curso dos anos 50, e foram ainda mais estimulados quando, em 1960, o Papa João XXIII enviou à casa de Maria uma vela especial para a festa da Purificação da Beata Virgem, conhecida também com o nome de Candelária. Esta vela especial voltou a ser enviada, somente, aos mais importantes santuários marianos do mundo. Para sublinhar o fato, depois, o Papa confirmou a indulgência plenária para os peregrinos que visitavam a casa.

A sucessiva data significativa na história moderna da casa é 26 de julho de 1967, dia no qual Paulo VI fez a primeira visita “papal” à casa. O Papa chegou, na metade da tarde, com aspecto frágil e esgotado pelo forte calor de verão, e caminhou em meio à multidão até a casa, onde entrou com diversos eclesiásticos. Ali, se ajoelhou a rezou, e as suas preces, a começar pelo Ângelus, foram transmitidas pelos alto-falantes às pessoas que estavam do lado de fora. Depois, o Papa ofereceu uma lâmpada de bronze ao padre Philibert de la Chaise, o capuchinho custódio da casa. “Esta é uma homenagem para a beata Maria”, disse.

A seguinte visita papal – desta vez da parte de João Paulo II – ocorreu em 30 de novembro de 1979 e foi uma ocasião muito mais pública. Como o seu predecessor, o Papa se dirigiu diretamente à casa e passou um pouco de tempo em prece pessoal. Depois, celebrou a missa aberta, sobre um altar colocado acima de um terrapleno realçado, próximo da casa, enquanto mais de duas mil pessoas, aglomeradas, se levantavam sobre as pontas dos pés para ver melhor o Santo Padre. Naquela missa, distribuiu, pessoalmente, a comunhão aos fiéis e, após, se dirigiu aos peregrinos, em francês, italiano, inglês e polaco. Por fim, foram dados presentes ao papa, entre os quais uma magnífica cópia do Alcorão, ofertado pelo prefeito de Selçuk que disse pretender, deste modo, sublinhar o fato de, também, os muçulmanos mostrarem reverência no que dizia respeito a Maria.

A última visita papal em ordem de tempo foi aquela efetuada por Bento XVI, em 29 de novembro de 2006, no curso da sua visita oficial à Turquia. O Papa celebrou a missa sobre um pequeno altar de madeira, próximo à casa de Maria, em meio aos bosques que portavam ainda os sinais impressionantes do incêndio, ocorrido em agosto, que havia destruído toda a vegetação no entorno, arriscando queimar também a casa, e que se deteve prodigiosamente somente em frente a porta. De frente aos peregrinos, chegados de Esmirna, Merson, Iskenderun e Antóquia, e outros vindos de diversas partes do mundo, o Papa relacionou a própria visita àquela de seus predecessores e pregou pela paz. “Nesta celebração eucarística desejamos render louvor ao Senhor pela divina maternidade de Maria, mistério que aqui em Éfeso, no Concílio Ecumênico de 431, vem solenemente confessado e proclamado. Neste lugar, um dos mais caros à Comunidade cristã, vieram em peregrinação os meus venerados predecessores, os Servos de Deus Paulo VI e João Paulo II, o qual esteve neste Santuário em 30 de novembro de 1979,  pouco mais de um ano do início do seu pontificado. Mas, existe um outro meu predecessor que neste país não esteve como papa, mas sim como representante pontífice, de janeiro de 1935 a dezembro de 44, e cuja recordação suscita ainda tanta devoção e simpatia: o beato João XXIII, Ângelo Roncalli”.

Foram estas visitas que de fato colocaram a atenção do mundo ao pequeno santuário, que se tornou meta de peregrinos provenientes de cada canto geográfico e doutrinal da cristandade: católicos, ortodoxos, protestantes... Calcula-se que mais de um milhão de pessoas ao ano sobem até a casa de Maria. Algumas vêm para os alegados poderes curativos da água: uma reputação que não deve ser sem fundamento, em vista do número de muletas e outros meios de suportes que ali são recolhidos, e também demais objetos deixados como agradecimento. Outros, tanto cristãos quanto muçulmanos, vêm simplesmente para rezar em um lugar santo. Outros vêm, ainda, somente por curiosidade, a fim de ver um lugar onde se crê que a Virgem Maria tenha transcorrido os últimos anos da sua vida na terra. Qual que seja a razão para visitar a casa, todos os visitantes são de acordo em admitir que, ali, não obstante as massas que assolam o sítio no verão, permanece um lugar de serenidade e de santidade incomuns.

À primeira vista, todavia, não parece diferente de outra qualquer atração turística popular. O acesso ao lugar é acompanhado pelas habituais lojas e bancas que vendem souvenir de gosto duvidoso, junto a objetos religiosos, frequentemente de banal vulgaridade. Porém, uma vez no interior do sítio, a atmosfera muda completamente. A santidade palpável do local induz a um comportamento que não encontrei em nenhum outro lugar de peregrinação que visitei.

[continua...]

15 - A Casa de Maria: Toda a área resulta agora como um “santuário”

Donald Carrol, A CASA DE MARIA. Uma história maravilhosa: Como foi descoberta em Éfeso a casa da Virgem Maria.

Tradução do italiano
Cláudia Rejane Turelli do Carmo

La Casa di Maria - Una storia meravigliosa: come fu scoperta a Efeso l'abitazione della Vergine Maria

Edição italiana
Edizioni San Paolo s.r.l, 2008
www.edizionisanpaolo.it 

Tradução do inglês
Paolo Pellizzari
ISBN 978-88-215-6227-3

Título original da obra:
MARY’S HOUSE. The straordinary story behind the Discovery of the house where the Virgen Mary lived and died.
Primeira publicação na Grã-Bretanha por Veritas Book, em 2000.