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Paisagens Culturais: a luminosidade da italiana Tiziana Bonazzola

Rio de Janeiro (ORIUNDI) - O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), do Rio de Janeiro, realiza, nesta quarta-feira (28),  a abertura da exposição Paisagens Culturais, com obras da artista plástica italiana radicada no Brasil, Tiziana Bonazzola. A mostra faz parte da programação do 3º Seminário de Paisagismo Sul-Americano que acontece no museu entre os dias 28 a 30 deste mês. Ainda nesta terça-feira (27), haverá no MNBA, o lançamento de cadernos do projeto Arte em Diálogo.

A exposição será composta por 22 aquarelas e 19 quadros a óleo pintados por Taziana em diferentes fases de sua vida, que trazem como tema retratos dos lugares onde viveu na Itália, em Portugal e no Brasil e há também telas com flores, sua grande paixão. A obra é marcada por um forte colorido e luminosidade.

Tiziana nasceu em Varese, em 1921. O casamento com o crítico e pesquisador de arte brasileiro, Mário Barata, a trouxe para o Brasil em 1949, onde vive desde então, na cidade do Rio de Janeiro. Estudou na academia de Brera, em Milão, e na academia de Florença. Foi professora de artes no Rio por vários anos e premiada em diversos salões e exposições no Brasil e exterior.

A exposição vai até o dia 27 de julho, de terça a sexta-feira, das 10h às 18h e nos sábados e domingos das 12h às 17h.

O 3º Seminário de Paisagismo Sul-Americano, que está sendo realizado no MNBA, além da exposição de Taziana Bonazzola, traz palestras com paisagistas e urbanistas de vários países da América do Sul, sobre os fenômenos sócio-culturais-espaciais da paisagem urbana na região. O evento é promovido pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e conta com apoio do Departamento de Museus e Centros Culturais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Demu/Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura.

Uma história

Em 2006, na publicação Fórum Democrático, da Associação de Intercâmbio Cultural Itália/Brasil Anita e Giuseppe Garibaldi, Patrícia da Glória, descreveu, com singularidade, a história de vida de Tiziana. Em dos trechos, a autora destaca que  "Tiziana começou sua iniciação à pintura muito cedo. “Meu tio Giulio Cisari, que também era pintor, me deu tintas a óleo quando eu tinha 6, 7 anos. Ele me dava o material e deixava que eu visse o que ele fazia, mas não ensinava. O máximo que dizia era um ‘isso é bom’. Desde então, não tem um dia que eu não pinte”, revela. Para a artista, a capacidade de pintar é inerente aos seres humanos. “Todas as crianças desenham, e se tem alguém que lhes dá tintas e oportunidades para pintar todo dia, elas vão longe.” E nunca faltou material para a pintura, o que, para Tiziana, não poderia ter sido diferente: “Se meus pais me deram o nome de Tiziana é porque queriam que eu fosse artista”, destaca, fazendo referência ao grande pintor Tiziano. Na família de Tiziana, além do tio Giulio, havia outros artistas, como sua mãe, que era poeta e tem livros publicados".

Em outro trecho da matéria de Patrícia da Glória, Tiziana conta que “no primeiro ano em terras brasileiras, eu pintava muito. Parei um pouco na época da ditadura porque o material era muito caro”. Mas a arte não ficou muito distante: logo que pôde, a artista voltou a lecionar. “Retomei as aulas de arte na Escolinha de Arte do Brasil, ainda localizada no Centro da Cidade, mas que hoje funciona em Botafogo”. Na Escolinha, destaca Patrícia, a artista aplicava o mesmo tipo de aula que ministrava na Itália – uma reação ao ensino da Academia –, onde as crianças eram livres para se expressar. Tiziana dava um tema ou lia um poema e deixava os alunos desenharem livremente.

Conforme Patrícia da Glória, "o idioma nunca foi um empecilho para a adaptação de Tiziana. A grande vilã foi a timidez. “Naquela época eu era uma moça fechada. Me comunicava através da pintura e pronto”. No início, Tiziana só ficava à vontade nas reuniões que seu marido promovia em casa. “Eu me sentia muito bem. Eram momentos muito interessantes, junto a Di Cavalcanti, Portinari, Burle Marx, Fayga e outros”.

No Brasil, continua a matéria publicada no Fórum Democrático, a família de Tiziana foi crescendo e ela teve três meninos e uma menina (Paulo Henrique, Paulo Luis, Flávio Hamilton e Branca Maria) – além das netas Ana, Emília e Julia. Por conta disso, Tiziana nunca pensou em voltar a morar na Itália, mas retorna a seu país de origem sempre que pode, para visitar os irmãos e amigos. Apesar do clima quente – que levava a família, sempre que podia, a Petrópolis e Teresópolis – Tiziana gosta de viver no Brasil. Além das belezas naturais e das paisagens, que são fontes inesgotáveis de inspiração para suas obras, a artista admira o povo brasileiro. “Quando tenho que atravessar a Rua Conde de Bonfim, que tem um trânsito pesado, tem sempre alguém para me ajudar. Na Itália não é assim”.