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Battisti deve continuar morando no Brasil

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, expediu o alvará de soltura para o italiano Cesare Battisti. Pouco depois de meia noite, nos primeiros minutos desta quinta-feira (09), Ele saiu no Presídio da Papuda, em Brasília, onde estava preso desde 2007. Nesta quarta-feira (08), os ministros do STF entenderam, por maioria de 6 votos a 3, pela libertação de Battisti. 

O carro em que ele saiu da penitenciária parou rapidamente na saída, momento em que os jornalistas fizeram fotos e registraram imagens, mas ele não falou com a imprensa. Battisti estava usando camisa e calça de cor clara e sorria, apesar da fisionomia cansada. .

De acordo com o advogado de Battisti, Luis Roberto Barroso, Battisti ficou feliz com a notícia de sua libertação. “Depois de quatro anos nessa situação, qualquer pessoa fica feliz. Ele estava sereno, humilde, viveu uma época difícil na vida dele, de fuga para o Brasil depois de 14 anos na França. Foi a interrupção de um projeto de vida. É o fim de um momento de angústia, mas começa uma angústia nova, que é reconstruir a vida”, disse Barroso.

Ele pediu que a imprensa dê um momento de paz a Battisti até que ele se recomponha do momento difícil que viveu no cárcere. “Ele não é uma celebridade saindo de Cannes. É um homem saindo da prisão, que foi uma prisão surpreendente, que interrompeu o projeto de vida dele”. De acordo com o advogado, o primeiro desejo de Battisti é falar com as filhas, o que ainda não ocorreu.

Barroso também mandou um recado aos italianos. “Sempre uma palavra de respeito e solidariedade para as vítimas dos anos de chumbo, ninguém é feliz com o que aconteceu. É preciso que se entenda que o Brasil é um país que tem tradição humanista, e a ideia de punir alguém, 32 anos depois, que participou de um embate ideológico, foge um pouco da compreensão política do Brasil”.

O advogado lembrou que o Brasil é um país que deu a anistia aos militantes e a membros do governo envolvidos na ditaduta militar e que o país não é uma sociedade punitiva. “É preciso que a Itália compreenda a situação brasileira, a condição do Supremo e vire essa página. Eu estou convencido de que, em pouco tempo, isso será superado”.

O advogado de Battisti ainda afirmou que hoje (09), os advogados devem entrar com o pedido para a obtenção de visto definitivo no Ministério da Justiça, uma vez que Battisti entrou de maneira irregular no país. Ele disse que a vontade do italiano é permanecer no país, onde deve continuar suas atividades de escritor.
 
Barroso também afirmou que não acredita que o processo pelo qual Battisti foi condenado na Justiça Federal do Rio de Janeiro, no ano passado – falsificação de passaporte – vá interferir na obtenção do visto. “Nenhum refugiado chega com passaporte verdadeiro no país para o qual fugiu, isso não deve atrapalhar em nada”, disse. (Agência Brasil)