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Sophia Loren: "Atores como Marlon Brando deveriam ser eternos"

A atriz italiana Sophia Loren, que trabalhou com Marlon Brando no filme "A Condessa de Hong Kong" (1967), lamentou a morte de "um queridísimo, grande amigo", hoje, sexta-feira, depois de afirmar que "atores como ele deveriam ser eternos".

Em declarações à mídia italiana na Suíça, onde se encontra, Sophia Loren definiu Brando como "um companheiro de trabalho maravilhoso, uma pessoa educada, um grande profissional".

A atriz, que em "A Condessa de Hong Kong", dirigido por Charles Chaplin, seduzia o diplomata milionário interpretado por Brando, lembrou que "no set, ele era muito ansioso: começou aquele filme muito magro, mas com o passar dos dias engordou cada vez mais porque tomava uma quantidade incrível de sorvete".

"Apesar de sua fama de homem brigão, durante a filmagem sempre esteve de acordo com Chaplin", ressaltou.

"Era muito generoso e sensível, confiava em todos, mas em sua vida houve autênticas tragédias, e talvez se tenha deixado levar por elas", declarou a atriz.

O caráter polêmico de Brando também foi lembrado pelo cineasta italiano Gillo Pontecorvo, que dirigiu o ator no filme "Queimada" (1969).

"Apesar de nossas rixas furibundas, eu tinha uma enorme estima por ele. É o melhor ator com quem jamais trabalhei", disse Pontecorvo. E acrescentou que Brando, "por cultura e inteligência, estava um palmo acima de todas as outras estrelas americanas".

Durante as filmagens de "Queimada" na Colômbia, Brando e Pontecorvo tiveram sérias diferenças que os levou a concluir o filme sem se falar, embora depois tenham refeito a amizade.

"Uma vez, fiz ele repetir uma cena 41 vezes, e ele respondia buscando qualquer pretexto para discutir", lembrou o diretor. Pontecorvo definiu Brando como "um homem de uma sensibilidade monstruosa, mas suscetível como um cavalo de raça".

Marlon Brando era sem dúvida "uma pessoa extraordinária", concluiu Pontecorvo.