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Deputado Lorenzato repudia ofensas de Cristina Kirchner ao povo italiano

A correlação da descendência italiana à existência de um “componente mafioso”, conforme  foi mencionado pela vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi considerado um fato gravíssimo pelo deputado ítalo-brasileiro Luis Roberto Lorenzato (Lega) que representa, no Parlamento da Itália, os italianos residentes na América do Sul. O parlamentar defendeu, nesta quarta-feira (12), que o ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional da Itália, Luigi Di Maio, convoque para esclarecimentos o Embaixador da Itália na Argentina.

O deputado Lorenzato salienta que Cristina Kirchner ofendeu também outro seu compatriota, o ítalo-argentino Papa Bergoglio, e assevera: “Afirmar que existe um componente mafioso causado pelos ancestrais de quem foi presidente, ou seja, o ex-presidente argentino de conhecida origem italiana, Mauricio Macri, ela atinge também o Santo Padre Bergoglio, filho de italianos, e insulta a República Italiana, o povo italiano e todos os italianos espalhados pelo mundo. Uma ofensa gravíssima, xenófoba e racista que merece imediatos esclarecimentos".  

O deputado Luis Roberto di S. Martino Lorenzato é presidente da Sezione Bilaterale di Amicizia Italia-Brasile, Suriname e Guyana dell'Unione Interparlamentare (UIP) e membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados da Itália.

A declaração 

Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, durante uma feira do livro, em Havana (Cuba), culpou a perseguição judicial da qual se diz vítima, acusando o seu opositor político, Mauricio Macri, de ter ligações genéticas com a máfia, dado o fato de o ex-presidente ser descendente de italianos.

Segundo Kirchner, “na Argentina, o lawfare (quando a lei é usada como arma de guerra) teve um componente mafioso" que levou à perseguição dos seus filhos.  E esse "componente mafioso", disse, "deve ter sido, provavelmente, causado pelos ancestrais de quem foi presidente", graças a quem as leis que a condenaram teriam sido aprovadas – ou seja, Mauricio Macri, presidente de 2015 a 2019, filho de um empresário de origem calabresa que emigrou para a Argentina, em 1948.

O tema parece ser recorrente, partindo da política italiana. Conforme foi noticiado pela imprensa, Kirchner chamou os italianos de “mortos de fome”, em 2012, quando ela era presidente, e, em 2013, ordenou a remoção do monumento a Cristóvão Colombo que os imigrantes italianos haviam doado à cidade de Buenos Aires. 

No ano passado, um deputado próximo a ela, Rodolfo Tailhade, atacou Macri, no Parlamento, por suas origens calabresas que, conforme foi relatado pelo jornal online L'italiano, o teriam tornado "uma espécie de Vito Corleone”, porque, segundo ele, na Sicília e na Calábria, “todos seriam mafiosos” ou pertencentes à Camorra. Na época, a reação da comunidade italiana foi imediata: Julio Croci e Filadelfio Oddo, presidentes da Faca (Federação das Associações Calabresas na Argentina) e da Fesisur (Federação das Entidades Sicilianas da Argentina), pediram as desculpas públicas do deputado, ameaçando denunciá-lo ao Inadi, Instituto Nacional contra Discriminação, Racismo e Xenofobia.