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Renata Bueno vê com desconfiança o novo Governo de coalizão na Itália

Aliança entre dois partidos rivais e ausência de um novo programa de governo põe em risco o futuro político e econômico do país, afirma a ex-deputada.

A aliança firmada entre o Movimento 5 Estrelas (M5S) e o Partido Democrático (PD), com o retorno de Giuseppe Conte como primeiro-ministro, solução apresentada ao presidente Sergio Mattarella, visando a formação de um novo Governo de coalizão, envolve dois partidos que até então eram os principais rivais no Parlamento, o que gera forte desconfiança em relação ao futuro político e econômico da Itália. A opinião é da advogada ítalo-brasileira Renata Bueno, ex-deputada no Parlamento italiano, eleita pela circunscrição América do Sul.

Entre as questões urgentes a serem afrontadas pelo próximo Governo e que colocará à prova a nova maioria política recém definida, Renata Bueno cita a Legge di Bilancio 2020, documento contábil programático, através do qual o Governo precisa comunicar quais serão as entradas e as despesas públicas previstas para o ano seguinte, quais medidas pretende adotar, além de quantificar os recursos que serão empenhados para que se cumpram as deliberações aprovadas pelo Parlamento. “O Governo tem até 31 de dezembro de 2019 para obter a aprovação definitiva do projeto de lei e ter o texto publicado na Gazeta Oficial (Gazzetta Ufficiale)”, salienta a advogada que se diz preocupada com o porvir do acordo firmado entre os dois partidos opositores.

Nesta direção, Renata Bueno lembra que, nos últimos seis anos, desde que o Movimento 5 Estrelas passou a ocupar espaço no quadro político italiano, a relação com o Partido Democrático sempre foi a pior possível e primou por ataques de ambas as partes. 

Ainda segundo a ex-deputada, “imaginar uma aliança entre o Partido Democrático e o 5 Estrelas para a formação de um governo que atenda às necessidades do país pode até ser aceito. No entanto, ver Giuseppe Conte ser reposto como chefe de governo para implementar as políticas do Movimento 5 Estrelas, como disse Luigi Di Maio, significa que o Partido Democrático, junto com aqueles que estão criando uma nova maioria, não estão propondo um novo programa de governo, mas simplesmente estão apoiando a continuidade da prática política falimentar do Movimento 5 Estrelas”.