UIL

25 de abril, o dia da Liberazione

Já não se fazem grandes desfiles, como antigamente. Mesmo assim, o 25 de abril, feriado nacional, é uma das datas mais emblemáticas da história da Itália e muitos eventos ocorrerão nas mais diferentes partes do país. Afinal, comemora-se o 63º aniversário da Liberazione, o fim da ocupação nazista. Nos papéis centrais desse período de terror e violência, a obstinação das forças  da Resistência Italiana, tendo à frente os partigiani (os guerrilheiros anti-fascistas),  um movimento de oposição política e militar à ocupação alemã e à República Social fundada por Benito Mussolini.

Caracterizada por reunir elementos de tendências políticas diferentes e até mesmo  antagônicas - católicos, comunistas, liberais, socialistas, monarquistas, anarquistas e outros - na Resistência estão igualmente as origens da República italiana. A Assembléia constituinte, eleita em 1946,  foi majoritariamente composta pelos partidos do Comitê de Libertação Nacional - CLN, que confeccionaram a Constituição da República Italiana, inspirada nos princípios da democracia e do anti-fascismo.

O 25 de Abril italiano - a Resistência Italiana enquadra-se historicamente no fenômeno europeu mais amplo de resistência à ocupação nazista -  foi o fim tão desejado e esperado de uma história extremamente dramática, relata Maria Pia Mottini cidadã italiana residente em Portugal,  e professora de italiano no Consulado da Itália da cidade do Porto . Segundo a professora, as pessoas sentiam-se finalmente livres e com vontade de recomeçar..

- Os nossos familiares tentavam, sobretudo, chamar-nos a atenção para que não se voltassem a cometer os mesmos erros do passado e  defender sempre a liberdade.

Pia Motttini observa que a Itália de 44 e 45 era uma Itália completamente destruída. O fascismo estava comprometido desde o desembarque dos aliados na Sícilia no Verão de 1943. A 25 de Julho do mesmo ano, o órgão máximo do fascismo decide derrubar e prender o "Duce", devido aos seus fracassos militares. Em 1944, o rei Vitor Emanuel rende-se aos Aliados e declara guerra à Alemanha nazi, que apoiara anteriormente. Entretanto, Hitler ajuda Mussolini a fugir e ele  constitui a República Social Italiana a norte do país. Iniciava-se aí um dos períodos mais dramáticos da Itália, com a agudização da luta do movimento de resistência contra os alemães e os defensores da República Social. 

Iniciou-se, assim, um período bastante negro, onde ao movimento de resistência contra os alemães se juntou a guerra civil entre os "partigiani" e os combatentes da República Social.

Há dados que indicam que a resistência era formada por 300 mil pessoas, embora alguns contestem esse número destacando que boa parte era integrada apenas por simpatizantes. De qualquer forma, calcula-se que os mortos pela resistência italiana – em combate ou após serem presos – tenha chegado a cerca de 44.700, sendo que outros 21.200 restaram mutilados  e/ou inválidos. As mulheres partigiane chegaram a 35 mil, mas 70 mil fizeram parte do grupo de defesa. Mais de 4.600 delas foram presas e torturadas, 2.700 foram deportadas para a Alemanha. Dos cerca de 40 mil civis deportados, a maior parte por motivos políticos ou raciais, só retornaram 4 mil. Estima-se que 10 mil judeus tenham saído do país, dois mil dos quais deportados do gueto de Roma.

Veja mais informações sobre a resistência italiana em:

http://www.anpi.it/

http://www.archividellaresistenza.it/

http://www.archividellaresistenza.it/

Ciao Bella, uma música muito cantada pelos partigiani:

Una mattina mi son svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi son svegliato,
ed ho trovato l'invasor.
O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.
E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.
E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l'ombra di un bel fior.
E le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E le genti che passeranno,
Mi diranno «Che bel fior!»
«È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del partigiano,
morto per la libertà!»

Tradução

Acordei de manhã
Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!
Acordei de manhã
E deparei-me com o invasor
Ó resistente, leva-me embora
Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!
Ó resistente, leva-me embora
Porque sinto a morte a chegar.
E se eu morrer como resistente
Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!
E se eu morrer como resistente
Tu deves sepultar-me
E sepultar-me na montanha
Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!
E sepultar-me na montanha
Sob a sombra de uma linda flor
E as pessoas que passarem
Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!
E as pessoas que passarem
Irão dizer-me: «Que flor tão linda!»
É esta a flor
Minha querida, adeus, minha querida, adeus, minha querida, adeus! Adeus! Adeus!
É esta a flor do homem da Resistência
Que morreu pela liberdade