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Por que Roma é a capital da Itália?

A tomada de Roma (20 de setembro de 1870), que levou à anexação da cidade ao Reino da Itália e à transferência da capital de Florença para Roma, em fevereiro de 1871, representa um ponto de virada no Risorgimento. A Itália finalmente tornou-se um Estado unificado, com uma capital reconhecida por muitos, não apenas por seu passado, mas também por seu papel naquele preciso momento da história. 

Camillo Benso di Cavour já pensava nisso há algum tempo: em março de 1861, durante seu discurso perante o primeiro Parlamento italiano, ele expressou seu desejo de que Roma se tornasse a capital do novo Reino da Itália. 

Camillo Benso, Conte di Cavour (Presidente do Conselho de Ministros da Itália, de 23 de março de 1861 a 6 de junho de 1861)

A escolha da capital é determinada por grandes razões morais. São os sentimentos das pessoas que decidem as questões relacionadas a isso. Agora, senhores, em Roma se reúnem todas as circunstâncias históricas, intelectuais e morais que devem determinar as condições da capital de um grande estado. Roma é a única cidade da Itália que não possui memórias exclusivamente municipais; toda a história de Roma, desde a época dos Césares até os dias atuais, é a história de uma cidade cuja importância se estende infinitamente além de seu território, de uma cidade, isto é, destinada a ser a capital de um grande Estado. […] Eu disse, senhores, e afirmo mais uma vez que Roma, somente Roma, deve ser a capital da Itália. → Camillo Benso, Conte di Cavour, discurso na Câmara, 25 de março de 1861. Roma tornar-se-á capital do Reino da Itália 10 anos depois. 

Em 27 de março de 1861, após o discurso de Cavour, a Câmara proclamou Roma a capital da Itália, o que se tornou realidade de fato somente em 1871, quando os Savoia (casa real que governava o Reino da Sardenha-Piemonte) se mudaram para lá com a sua corte. Mas antes de chegar à Cidade Eterna, a Itália unida teve outros dois corações políticos: Turim e Florença.

Roma foi escolhida a capital da Itália por razões históricas e políticas. Após a unificação do país, em 1861, a capital inicial foi Turim, principal cidade do Reino da Sardenha, de onde se iniciou o processo de fusão. Em 1864, a capital foi transferida para Florença por razões diplomáticas, na esperança de manter boas relações com a França e se aproximar de Roma, que ainda estava sob o controle dos Estados Pontifícios. 

Roma era vista como a capital "natural" pela história, cultura e religião. Então, em 1870, com o “Rompimento da Porta Pia” (Breccia di Porta Pia, ação militar conduzida pelas tropas do exército italiano, com o objetivo de tomar posse de Roma), a cidade foi anexada ao Reino da Itália, tornando-se oficialmente a capital em 1871. 

Monumento a Vittorio Emanuele II (Vittoriano)

Em 1871, o Palazzo Madama sediou a primeira sessão do Senado Italiano. A Câmara dos Deputados se reuniu pela primeira vez um dia antes, em Montecitório. O Quirinale, a "casa" dos papas, tornou-se a residência real dos Saboia em 1870. No Panteão, rompendo com a tradição que queria que os governantes Saboia fossem enterrados na Basílica de Superga, em Turim, o corpo de Vittorio Emanuele II foi sepultado em 1878. Ele foi logo seguido por Umberto I e sua esposa Margherita. Mas o monumento destinado a se tornar o símbolo da unificação da Itália foi o Monumento a Vittorio Emanuele II (Vittoriano): projetado em 1878, após a morte de Vittorio Emanuele II, para celebrar Saboia como o "pai da pátria".