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Museu Casa da Memória Italiana celebra centenário

Aniversário tem lançamento de livro e exposição temporária inspirada na obra.

Na terceira edição do projeto Museu Literário, uma parceria entre o Instituto Casa da Memória Italiana e a Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, o público foi convidado a mergulhar em um século de lembranças, arquitetura e identidade cultural com o lançamento do livro “Memórias de uma Casa: Cem Anos de Histórias”.

O evento foi realizado no dia 19 de agosto, no Museu Casa da Memória Italiana, no centro de Ribeirão Preto (SP). A publicação celebra os cem anos da construção do edifício que, hoje, abriga o museu e traz à tona a trajetória do imóvel, seu entorno urbano e os diversos usos que o espaço assumiu ao longo do tempo.

Segundo Gabriel Azarias, um dos gestores da entidade, “mais do que uma cronologia arquitetônica, o livro destaca memórias coletivas e histórias que se entrelaçam com o desenvolvimento da cidade, a presença da imigração italiana e as transformações socioculturais da região”.

De autoria de Adriana Silva, Thales Eduardo Sposito, Mônica Jaqueline Oliveira, Daniela Penha, Henrique Telles Vichnewski, Ana Carolina Gleria Lima, Nilton Campos, Rosa Esteves, Fernanda Dias, Alice Registro Fonseca e Gabriel Azarias, “Memórias de uma Casa” é uma obra coletiva que reflete múltiplos olhares sobre um símbolo da memória ribeirão-pretana.

Com tiragem de mil exemplares, o livro foi distribuído, gratuitamente, ao público presente no lançamento.

Exposição

Além do lançamento do livro, a instituição abriga uma exposição temporária inspirada na obra, representando os núcleos abordados na publicação, com citações e imagens que ilustram os cem anos da casa. A mostra convida os visitantes a reviver imagens e sentimentos de uma residência que se transformou em espaço de preservação e valorização da história local.

Construída entre 1923 e 1925, imóvel foi residência do casal de imigrantes italianos Pedro Biagi e Eugenia Viel Biagi e seus filhos Elisa, Ida, Iris, Angela, Osônia a partir de 1941. A fazendeira Joaquina Evarista Meirelles e seu filho Joaquim Machado de Souza, moradores e proprietários da Fazenda Santa Rita, em Bonfim Paulista, assinam a planta da Casa, em 28 de maio de 1923, e investem na sua construção.

A tipologia residencial carrega características arquitetônicas diretamente ligadas ao ideário burguês, anseios da elite local por uma concepção moderna de sociedade, comportamental e estética. Os projetos de palacete, em voga no período de sua edificação, tornaram esse aspecto social visível.

Por meio da produção do Dossiê de Tombamento (2021) foi possível verificar que a residência em questão apresenta uma tipologia arquitetônica eclética, destacando a semelhança da gramática arquitetônica com o “neocolonial simplificado”, conforme classificado pelo arquiteto Carlos Lemos. Outro elemento presente na edificação é a tripartição programática independente, com característica burguesa de filiação francesa, separação entre às áreas: social, íntimo e serviços, contemplando a circulação através do hall (vestíbulo) e de entradas distintas, a social e a de serviços.

Em setembro de 2014, o imóvel foi doado por Edilah de Faria Lacerda Biagi, Maurílio Biagi Filho e Weimar Marchesi de Amorim ao Instituto Casa da Memória Italiana, fundado com o objetivo de levar adiante o projeto de implantação do Museu.

A instituição desenvolve atividades de preservação do acervo, de pesquisa sobre a edificação e os moradores, de visitas mediadas, de exposição de arte contemporânea, de oficinas e o Concerto de Natal, entre outras ações, por meio de projetos culturais de incentivo fiscal, patrocínios e doações.

Museu Casa da Memória Italiana em Ribeirão Preto – SP

Após doação do casarão pelos familiares em 2014, o Museu Casa da Memória Italiana, instituição privada, sem fins lucrativos, deixou de ser um lar para receber a função museológica, conquistado pelo seu 1º plano museológico em 2018. O casarão de 1923, situado no centro de Ribeirão Preto (SP), preserva a estrutura arquitetônica original, todo mobiliário e decoração autêntica da época. O Museu Casa da Memória Italiana tem a visão de ser um centro de referência sobre memórias de famílias de imigrantes italianos na cidade de Ribeirão Preto e região, a partir da vida doméstica que constitui o sentido inicial da museu-casa.

A visita ao Museu Casa inclui os espaços expositivos interno e externo (antiga aragem), jardim/quintal, áreas de convivência com acessibilidade e biblioteca para pesquisadores.

O Museu oferece uma programação cultural que contempla diversos públicos. A agenda conta com apresentações de música, oficinas e palestras sobre o patrimônio relacionado aos processos migratórios da Itália para o interior de São Paulo. A localização do Museu no centro de Ribeirão Preto privilegia o acesso da população e promove relações à memória da cidade. No entorno, a herança da economia cafeeira é presente pelo percurso que pode ser percorrido do Quarteirão Paulista, Praça XV de Novembro com a presença do Theatro Pedro II, do Centro Cultural Palace e da Biblioteca Sinhá Junqueira até o crescimento urbano no início do século 20 ao redor da Catedral Metropolitana de São Sebastião, localizada a frente do Museu. Edificações que marcam o período histórico do café e da imigração na cidade.

O Museu prioriza suas ações ao redor da preservação e difusão da memória italiana e de todo seu acervo diversificado (objetos, móveis, documentos, fotos e arquitetura), através de atividades museológicas, artísticas e culturais.

Desde 2014 são realizadas atividades de preservação do acervo, de pesquisa sobre a edificação e os moradores, de visitas mediadas, exposição de arte contemporânea, oficinas, Concerto de Natal e entre outras ações.

A casa como lar

A edificação foi construída entre 1923 e 1925, pelo arquiteto Arnaldo Maia Lello, podendo ser identificada junto a referência de palacete, residências dos produtores de café, que compõe o cenário histórico e urbano, nos finais do século 19 e início do 20, na cidade de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo.

Nota-se que o palacete é um exemplar raro na cidade, pois desde a sua construção passa por ações de conservação e manutenções periódicas, se encontrando ótimo estado de conservação. Portanto, se mantém original e autentico, nunca precisou passar por um processo de restauro.

O imóvel foi residência, primeiramente, da família da Joaquina Evarista Meirelles e depois, da família do casal Eugenia Vial Biagi e Pedro Biagi, ambas famílias de imigrantes, portugueses e italianos, respectivamente. É esse o ponto de partida para as atividades da Casa, que se concentram na temática da imigração, sobretudo italiana. As evidências materiais se relacionam com as históricas que sobreviveram até o momento de transição da Casa como residência para vir a ser um museu.

Embora a vida dos moradores tenha acompanhado a modernização, chegando à contemporaneidade (e nisto não haveria novidade com relação à vida comum de qualquer outra pessoa que vivesse no mesmo período), o diferencial está nas marcas da memória de um tempo (decoração), de uma rotina (mobiliário e objetos), de uma vivência entre pessoas (relatos orais e fotografias) que não existem mais, apenas na lembrança daqueles que ali viveram e chegaram aos dias de hoje, capazes assim de contar a história.

Memória Italiana

A força da imigração na região de Ribeirão Preto carregou na bagagem os diversos modos de vida e a cultura, que logo se misturou na terra roxa. A imigração italiana mantém no presente os gostos culinários e sonoros, na cozinha, no jeito de falar e na arte, criando uma relação ítalo-brasileiro. O legado italiano fixou raízes locais e deixou uma "bella" marca de personalidade.

O Museu Casa da Memória Italiana recebe muitas pessoas em busca de informações sobre documentos de suas famílias italianas com o objetivo de dar entrada ao processo de cidadania do país de seus antepassados. Apesar da instituição ainda não possuir as documentações, são realizadas algumas palestras, desde 2017, com objetivo de auxiliar e esclarecer dúvidas sobre o processo e promove difusão cultural da presença italiana na região.

O acervo documental do Museu está em forma de vídeo do projeto “Memória Italiana” e no projeto “Força Italiana”. Anualmente é realizado a Semana do Imigrante Italiano, no mês de fevereiro, um evento comemorativo com atividades gastronômicas, musicais e de difusão histórica da migração. Outro evento em destaque do Museu é o Cine Memória Itália, exibições de filmes Italianos clássicos, selecionados por uma curadoria especial, seguidos de debate com o público.

Serviço:

Museu Casa da Memória Italiana
Endereço: Rua Tibiriçá, n° 776 – Ribeirão Preto – SP
Visitação: quintas-feiras as 15h; sábados e domingos as 10h
Entrada: retirada do ingresso pelo site
Informações: (16) 99760-9946
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