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Imigrante brasileiro vai para o exterior no auge do potencial produtivo

A irmã Maria do Carmo, da Pastoral dos Brasileiros no Exterior, traçou um perfil dos brasileiros que moram no exterior. O resultado do levantamento, feito a pedido do Laboratório de Estudos do Futuro (LEF) da Universidade de Brasília (UnB), foi apresentado nesta semana, durante o encontro Migrações do Mundo Globalizado. E, de acordo com Carmo, o imigrante brasileiro sai do país para trabalhar.

- Eles estão no auge de seu potencial produtivo, têm entre 20 e 40 anos, trabalham longas horas e preenchem vagas de emprego que não são ocupadas pelos trabalhadores nacionais -, resumiu. A representante da pastoral, que falou sobre a presença dos brasileiros na Europa, no Japão, nos Estados Unidos e no Paraguai, ainda ressaltou a alta criminalização dos imigrantes em qualquer país.

A professora Ellen Fensterseifer Woortmann, do Departamento de Antropologia (DAN) da UnB, também participou do encontro, e analisou alguns motivos que levam os brasileiros a deixar o país. "Encontramos um desencantamento nas pessoas que vão morar no exterior. Só ouvimos falar de coisas erradas, de violência aqui no Brasil. Esses elementos nos fazem buscar um novo rumo. Vamos atrás de uma alternativa para a reconstrução da auto-estima", considera a professora.

Refúgio

"O Brasil é um país generoso com os imigrantes, mas nem tanto", ressalva Márcia Sprandel, da Comissão de Relações Étnicas e Raciais da Associação Brasileira de Antropologia. Doutora em Antropologia Social pela UnB, a antropóloga foi uma dos oito palestrantes que compareceram ao evento para discutir diversos aspectos da migração no mundo.

Durante sua palestra, Sprandel falou sobre imigração e refúgio no Brasil, e destacou que a lei de refúgio completou 10 anos no país em 2007. "Hoje, temos 3,5 mil refugiados no Brasil, vindos de 69 nações diferentes. E a maior vitória dessas pessoas nos últimos anos foi conseguir se livrar do carimbo que indicava sua condição de refugiado nos documentos. Para muitos, isso era motivo de discriminação", explicou a antropóloga. 
    
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