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Relato II - Cogumelos

Por Annamaria Girotto

Os cogumelos sempre exerceram sobre mim um grande fascínio. Quando criança, o pai me levava para colhê-los nos bosques vizinhos. Também os pintei, porque os acho muito decorativos nas paredes da cozinha. Eles possuem o cheiro agradável do musgo e da terra úmida.

Em 1992, quando voltei às montanhas do Tirol, desta vez sozinha, me embrenhava pelos bosques de Suerta, à procura deles. Limitava-me, porém, a escolher os “porcini”, carnudos e encorpados, que conhecia bem, porque os demais eram talvez não comestíveis.

Uma das capitais da Micologia – ciência que estuda os cogumelos – é a cidade de Trento, Capital da Venezia Tridentina. Ali, no século passado, nasceu o Sacerdote Giacomo Bresadola, considerado o Pai da Ciência Micológica, autor de um grande livro no qual estão desenhados e descritos cerca de seis mil espécies de cogumelos. A ciência explica como nascem e em que tipo de lugar melhor se desenvolvem, ou seja, seu habitat natural. No entanto, eu só os vejo como um presente da natureza, para serem apreciados como mágicos frutos da terra.

Nos bosques de Suerta, à sombra de pinheiros seculares, encontrei vários deles, da espécie “amanita muscaria”. Belo exemplar, com chapéu de um vermelho brilhante, com pintinhas brancas, mas, venenoso. Aquele recanto úmido e cheiroso parecia a morada de gnomos e faunos. Ao pensar nestes seres e nas histórias que se contam através dos séculos, veio-me a dúvida: Serão eles fruto da imaginação do homem, ou realmente existem?
19/01/2007

Annamaria Girotto é Artista Plástica, nasceu em Turim, Itália e residiu em Porto Alegre até o ano 2.000. Atualmente, vive em Garopaba, em Santa Catarina. O texto faz parte de uma série de artigos e relatos nos quais a autora discorre sobre passagens vividas por ela e sua família na Itália e no Brasil.