UIL

A apatia dos oriundi

Por Julia Helena Vallada

Já respondi matérias de Senadores Italianos, já rebati idéias de pessoas que se opõe à concessão de nacionalidade àqueles que não sabem o idioma, não conhecem a geografia do país, seus costumes, suas diretrizes políticas.
 
Agora vou pesquisar as atitudes dos oriundi!
 
De onde vem sua apatia, descaso, preguiça?
 
Certamente não é questão de DNA, pois seus antepassados em nada eram apáticos ou preguiçosos.
 
Enfrentaram o desconhecido para poderem sobreviver à miséria de que eram vitimas no seu país de origem. Viajaram em porões de navios amontoados como animais,em condições subumanas, mas não tiveram medo.
 
Aqui, lutaram e venceram!
 
Muitos se tornaram abastados após trabalharem diuturnamente, no campo, nas cidades, nos mais distintos tipos de serviços, sem nunca se vergarem ao cansaço.
Causa-me muita tristeza e certamente causaria a eles também, ver a apatia de seus descendentes no que tange a lutar pelos seus direitos de oriundi.
Sim apatia, pois todos querem ter seus direitos respeitados, mas nem todos, ou mesmo a grande maioria, luta por eles.
 
Até quando vão ficar “deitados em berço esplendido vendo a banda passar” sem nada fazer?
 
De que vale conseguir os documentos dos ascendentes se depois não conseguem legalizar e dar prosseguimento ao processo de reconhecimento da nacionalidade?
Como eu costumo dizer, “tem gente que quer encontrar os documentos apenas para depois empapelar suas paredes”, pois é apenas isso que se pode fazer se não lutarmos!
 
Temos que mostrar aos governantes italianos que em nossas veias corre o sangue daquele que sem apoio da pátria mãe tiveram que abandonar seu país para não morrer a mingua.

Temos que provar que somos mesmo iguais àqueles que um dia deixaram pra trás toda sua vida e sem medo, ou com muito medo, enfrentaram outras terras.

Temos que manifestar nossa indignação para com os atendimentos consulares, para com a falta de dignidade com que somos tratados pela Itália.

Mostrar que não somos cidadãos de 2ª categoria, mas filhos, netos, bisnetos de italianos bravos e destemidos.

Não adianta meia dúzia de abnegados lutarem por esse direito, pois isso jamais será visto como uma luta e sim como pessoas “chatas”.

Porém, se a grande maioria começar a exigir esses direitos, através de cartas, e-mail, telefonemas, mensagens etc enviadas à Embaixada, Parlamento, Ministério do Exterior Italiano etc... Começaremos a ser vistos como cidadãos que exercem sua cidadania.

Façamos manifestações pacificas defronte á consulados e embaixada, sigamos os passos de nossos antepassados e mostremos nosso descontentamento.

Honremos nosso sangue italiano exigindo dos representantes do governo italiano o cumprimento das leis da Constituição daquele país.

Julia Helena Vallada

São Vicente/SP/Brasil

julia_vallada@yahoo.com.br