Europa aperta o cerco ao terrorismo
A controversa armazenagem de todas as informações sobre ligações telefônicas realizadas nos 25 países da União Européia (UE) está cada vez mais próxima. Uma decisão nesse sentido foi encaminhada durante o encontro extraordinário de ministros da Justiça e do Interior da UE nesta quarta-feira (13/07) em Bruxelas. O conselho de ministros pretende apresentar um projeto até outubro, com o objetivo de dificultar as ações terroristas em território europeu.
Os ministros deixaram de lado opiniões contrárias de deputados europeus e do encarregado de Proteção de Dados da UE, Peter Hustinx. Segundo o ministro do Interior da Alemanha, Otto Schily, todos os argumentos foram a favor da armazenagem de dados pelo período de um ano. A decisão deve ser acelerada para que a ameaça terrorista possa ser combatida com mais eficiência. A idéia foi proposta pelo ministro britânico do Interior, Charles Clarke, que preside o conselho.
Hustinx vê a proposta de maneira crítica. Ele alertou para uma maré de informações que, por não ser controlável, se tornaria inútil. "Nós coletaríamos uma montanha de informações que acabaria se transformando, ela própria, num problema de segurança", afirmou. "A pergunta central é se essa é uma medida adicional necessária, além das que nós já temos."
Forças Armadas contra terror
Na Alemanha, onde uma pesquisa revelou que 51% da população teme que o país se torne alvo de ataques terroristas, os partidos da oposição conservadora União Democrata Cristã (CDU) e Social Cristã (CSU) apresentaram proposta para que as Forças Armadas atuem na prevenção ao terrorismo. A proposta foi rejeitada por Schily, que afirmou que tal medida colocaria a Alemanha em permanente estado de emergência.
O Partido Liberal (FDP), provável aliado dos conservadores nas próximas eleições, e a federação de policiais alemães também rejeitaram o plano. Eles basearam seus argumentos na Constituição alemã, que determina que polícia e Forças Armadas devem ser instituições separadas e independentes. O regime nazista, ao tornar difusa a linha separando as duas instituições, levou a um Estado com polícia militarizada.
Para Schily, seria um erro dar aos militares algum papel na prevenção de possíveis ataques terroristas. "De um ponto de vista psicológico, nos daria a impressão de estarmos num permanente estado de emergência, o que seria extremamente perigoso. Não podemos permitir isso. Não podemos deixar que os terroristas nos levem a esse ponto."
Itália procura suspeitos
Na Itália, a polícia vasculhou dezenas de casas, apartamentos e escritórios à procura de possíveis terroristas muçulmanos. Milhares de policiais participaram da operação, a segunda em menos de uma semana. Não foi divulgado se houve prisões. A ação se concentrou principalmente no norte do país, na Sicília e em Nápoles. Há poucos dias, em operação semelhante, mais de 140 suspeitos foram detidos.
Em Bréscia, dois extremistas muçulmanos foram condenados a penas de quatro anos e oito meses e três anos e quatro meses, respectivamente. Segundo o tribunal que os condenou, eles estariam planejando atentados contra uma igreja em Cremona e uma estação de metrô em Milão. É a primeira condenação com base na lei antiterror aprovada após o 11 de setembro.
O governo da Itália enviou esta semana ao Parlamento um pacote de medidas que facilita as investigações de suspeitos e aumenta as recompensas para informantes da polícia. Segundo o ministro do Interior, Giuseppe Pisanu, a nova legislação permitirá à polícia manter possíveis terroristas presos por até 24 horas, o dobro do prazo atual. Também telefones celulares e comunicações pela internet poderão ser vigiados com maior intensidade.
Para Pisanu, o terrorismo está "batendo à porta da Itália" após os atentados em Londres e Madri. O ministro afirmou que não há sinais de que o país venha a ser atacado, mas, segundo relatos policiais citados por ele, a possibilidade existe. As autoridades italianas elevaram o nível de alerta e as medidas de segurança em todo o país. A atenção está sendo voltada principalmente para os imigrantes ilegais. A Itália, a exemplo do Reino Unido e da Espanha, é um dos países que apóiam a coalizão liderada pelos Estados Unidos no Iraque.
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