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Italianos preocupados com jornalista em vencimento do ultimato

A Itália segue preocupada com o jornalista Enzo Baldoni, já que nesta quinta-feira expira o ultimato lançado por seus seqüestradores, o autodenominado Exército Islâmico do Iraque, para que Roma retire suas tropas do Iraque.

O repórter, colaborador do semanário "Diário", foi capturado há uma semana perto da cidade santa de Najaf por guerrilheiros islâmicos, que terça-feira enviaram um vídeo à rede de televisão Al Jazira, exigindo a saída do contingente italiano do Iraque.

Os seqüestradores estabeleciam um prazo de dois dias, que termina hoje. Os italianos temem pela vida de Baldoni, enquanto o governo de Silvio Berlusconi insiste que não cederá à chantagem terrorista.

O ministro italiano de Assuntos Exteriores, Franco Frattini, comentou hoje que o Executivo já realiza negociações diplomáticas sobre o assunto, em busca de uma libertação "imediata e incondicional ".

O chefe da diplomacia italiana concedeu ontem à noite uma entrevista à Al Jazira na qual comentava que Baldoni "estava no Iraque para servir aos iraquianos, ajudá-los e acelerar seu sofrimento".

O jornalista, além de colaborar com "Diário", era voluntário da Cruz Vermelha italiana e do Crescente Vermelho, com os quais tinha colaborado para organizar dois comboios de saúde que entraram em Najaf este mês.

Depois de lembrar o trabalho humanitário de Baldoni no Iraque, Frattini reiterou que as exigências dos seqüestradores "contradizem a vontade do governo iraquiano; nós estamos dispostos a deixar o Iraque, mesmo amanhã, se o governo interino iraquiano de Iyad Allawi nos pedir".

O diretor do "Diário", Enrico Deaglio, afirmou que se pode falar de uma "esperança cautelosa", que se vê reforçada pela intenção da televisão árabe de realizar um serviço para modelar a atividade humanitária do repórter.

Enquanto isso, os familiares e próximos de Baldoni acompanham uma situação que mistura temor e esperança, já que alguns analistas apontam que o nível da ameaça moderada na mensagem dos extremistas islâmicos é menos intenso que com outros reféns.

O comissário extraordinário da Cruz Vermelha, Maurizio Schelli, reconheceu hoje que a vida de Baldoni "corre sério perigo", mas se mostrou convencido de que "tudo o que fez há mais de um ano pela população iraquiana dará seus frutos de maneira positiva".

Além de colaborar com organizações humanitárias, Baldoni se mostrou crítico com a política de Silvio Berlusconi de intervir no Iraque através de vários artigos, algo que poderia contribuir para sua libertação, segundo pessoas próximas.

Baldoni, de 56 anos, deixou de ter contato com o "Diário" e com seus familiares na quinta-feira passada, quando se encontrava nos arredores da cidade santa de Najaf.

A hipótese de um seqüestro se consolidou depois que foi achado um cadáver que acreditava-se ser de seu intérprete perto dessa localidade.

Na mesma quinta-feira desapareceram os jornalistas franceses Christian Chesnot, colaborador da Rádio França Internacional, e Georges Malbrunot, enviado especial do jornal "Le Figaro", que tinham comunicado sua intenção de viajar de Bagdá a Najaf e sobre os quais ainda não há notícias.

Enzo Baldoni é o quinto italiano seqüestrado desde o início do conflito do Iraque, depois da captura em 13 de abril de três guardas de segurança desta nacionalidade por um grupo chamado "Falanges Verdes de Maomé".

Um deles, Fabrizio Quattorchi, foi decapitado poucos dias depois, enquanto outros três - Salvatore Stefio, Umberto Cupertino e Maurizio Agliana - foram libertados em 8 de junho em uma operação das forças da coalizão.